“Os jovens da Extinction Rebellion irão vencer”. Entrevista com Alex Zanotelli

Foto: Alexander Savin | Flickr CC

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09 Outubro 2019

Clima. O missionário comboniano adere ao protesto do movimento internacional contra a extinção

O padre Alex Zanotelli participou da manifestação organizada pela Extinction Rebellion (Xr) na Piazza Montecitorio, em Roma. "Aqueles que dizem que vocês são o futuro do mundo estão zombando de vocês. O futuro não existe. É preciso mudar tudo agora", disse ele.

A entrevista é de Giansandro Merli, publicada por Il Manifesto, 08-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Nota de IHU On-Line: Alex Zanotelli, italiano, padre comboniano, dedicou sua vida aos povos da África e à luta pela paz, ou seja, contra todo e qualquer armamento, especialmente o nuclear.

Eis a entrevista.

Você vai participar da greve de fome com os ativistas?

Sim, começo amanhã (quarta-feira para o leitor, ndr) um dia de jejum. Apenas 24 horas porque não consigo fazer mais, tenho que ter cuidado: tenho 81 anos. Os jovens vão continuar. Esta forma de resistência através do jejum é importante. Muitos já a usaram, de Gandhi a Martin Luther King, como instrumento de oposição.

Por que você aderiu a esse protesto?

Acredito que a Extinction Rebellion escolheu a via mais adequada. Xr não é contra ninguém, na verdade as Sextas-feiras para o Futuro são um movimento amigável. Mas é certo que o novo passo dado por eles é radicalizar o protesto indo para a desobediência civil. Em formas não violentas. As coisas são tão graves que, diante do fato de os governos praticamente não fazerem nada, o protesto deve ser fortalecido. Espero que esse se torne um movimento de massa.

Você conhece o Xr há muito tempo?

Eu o conheço principalmente pelo que fez na Inglaterra. Eu segui suas atividades e observei suas práticas, que são realmente eficazes. Eles se concentram em determinadas coisas, refletem sobre elas e assumem a responsabilidade a ser paga pessoalmente. Mesmo com prisões. Agora esta é a única maneira para forçar governos e parlamentos, que estão realmente fechados sobre si mesmos, autorreferenciais e não querem enxergar o que está acontecendo. Eles não estão respondendo às necessidades reais desse movimento. Manifestando-se nas ruas, disse que sua geração entrará na história como uma das que mais atingiram o planeta.

O que deveria fazer agora?

Antes de tudo, aqueles da minha geração devem pedir perdão a esses garotos. Estamos entregando a eles um mundo doente. Até agora como adultos, não pedimos desculpas. Depois também os adultos devem se engajar nesse movimento, mas caberá aos jovens repensar tudo.

Eles podem vencer?

Certamente. Estamos diante de um problema de morte ou de vida. Não se trata mais de uma causa local ou específica. O problema diz respeito a toda a humanidade. Estou convencido de que o ser humano, em algum momento, entenderá que, se continuar assim, acabará batendo contra um muro. As pessoas querem viver. Penso, portanto, que o instinto da vida as levará a raciocinar e mudar de atitude.

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