30 Agosto 2019
O IBGE divulgou, nesta quinta-feira 29, um crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior. Além disso, houve um avanço de 1% quando comparado com o mesmo período de 2018.
O PIB é uma medida da produção de bens e serviços de um país em um determinado período e sua evolução é utilizada para avaliar o desempenho econômico.
A reportagem é de Alexandre Putti, publicada por CartaCapital, 29098-2019.
O número, num primeiro olhar, parece animador, pois esse foi o melhor resultado para segundos trimestres desde 2013, quando houve aumento de 2,3%, mas está longe de representar uma melhora na economia.
É o que explica o professor do Instituto de Economia da UFRJ, João Sicsú. O especialista esclarece que a economia brasileira está numa condição de depressão, que é quando a situação fica estagnada e alterações pequenas como essa acontecem sem ter grandes mudanças. “Vamos ter agora vários suspiros, mas vamos também ter quedas como tivemos no primeiro semestre. Não é uma recuperação, assim como não foi com os vários suspiros anteriores”, afirmou.
Sicsú explica que uma recuperação de fato acontece quando as taxas de crescimento do PIB são elevadas e as taxas de crescimento dos investimentos são significativas, que não foi o cenário divulgado na pesquisa desta quinta-feira. Segundo o IBGE, neste trimestre houve um aumento de 3,2% nos investimentos no País.
“Vamos continuar nesse sobe e desce com taxas baixas de crescimento e esse é o nosso caminho para os próximos anos. Estamos há cinco anos nessa caminhada e não vejo perceptiva de melhora”, afirmou o professor.
Outro fator que impulsionou o crescimento do PIB neste trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado, foi a greve dos caminhoneiros, que aconteceu em junho de 2018. A paralisação da categoria, responsável por uma crise de abastecimento sem precedentes, tirou 1,2 ponto porcentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2018.
“A greve teve bastante interferência no PIB daquele trimestre. Tem uma comparação que eu diria vantajosa para esse ano porque houve naquele período um PIB que foi jogado para baixo. Agora estamos comparando um trimestre sem greve com um com greve”, ressaltou Sicsú.
A solução para voltarmos a ter um crescimento de fato, segundo o professor, é o governo começar a investir em obras públicas e empreendimentos que gerem emprego e aumentem o consumo das famílias, que mesmo tendo um crescimento na pesquisa divulgada hoje, ainda é muito baixo.
“O governo precisa fazer um pequeno movimento de investimento que a iniciativa privada vem. Em 2009 tivemos uma recessão e foi esse o caminho que resolveu o problema, quando o governo injetou dinheiro na economia e incentivou o consumo. As reformas que o governo vem fazendo, com o passar dos anos, vão piorar esse cenário e vão diminuir o consumo” explica Sicsú.
“Tudo isso depende de uma liderança política. O ex-presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, passou por um cenário parecido nos anos 30. Para solucionar o problema, ele apresentou um plano de intervenção do Estado e fez um incentivo à cultura, turismo, aumento do salário mínimo, redução da jornada de trabalho, entre outras medidas. É um plano global de recuperação da economia que deveria ser colocado em prática”, conclui Sicsú.
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"Não é uma recuperação", crava economista sobre PIBinho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU