Para a FAO conflitos e clima mantêm altos os níveis de insegurança alimentar. A fome no mundo não diminui

Foto: United Nations Photo | Flickr CC

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23 Agosto 2019

Conflitos e seca continuam sendo as principais causas dos elevados níveis de "insegurança alimentar grave", que impedem a disponibilidade e acesso a alimentos para milhões de pessoas. Isto é o que emerge do mais recente relatório da FAO "Crop Prospects and Food Situation" (Perspectivas das colheitas e situação alimentar), que indica que 41 países, 31 dos quais na África, continuam precisando de assistência alimentar, com a situação permanecendo inalterada em relação a alguns meses atrás. Os danos causados por ciclones e escassas precipitações em 2019 - o documento afirma - causaram deficiências significativas na produção agrícola na África meridional, com um consequente aumento acentuado na necessidade de importações de cereais.

No Zimbabue e no Zâmbia, as colheitas caíram pelo segundo ano consecutivo, enquanto os estados vizinhos registraram uma redução na produção causada por condições meteorológicas adversas, incluindo ciclones que atingiram especialmente o Moçambique. Portanto, este ano está\prevista uma piora significativa da insegurança alimentar, agravada por fortes picos nos preços dos alimentos básicos e pela crise econômica. No início de 2019, cerca de três milhões de pessoas já eram consideradas em estado de insegurança alimentar.

A informação foi publicada por L'Osservatore Romano, 22/23-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

A seca severa na África Oriental teve um impacto negativo na primeira safra, levando à degradação das pastagens.

O relatório da FAO indica que os principais declínios na produção de cereais em comparação com o ano anterior, em termos relativos, são esperados no Quênia, na Somália e no Sudão, onde safras abaixo da média são esperadas.

Em relação à Ásia, a produção de trigo e cevada deve ficar abaixo da média de 2018/19 na Coreia do Norte e há temores para as principais culturas que serão colhidas em outubro, devido à redução das chuvas e à escassa disponibilidade de água para irrigação. De acordo com a missão de avaliação rápida da segurança alimentar da FAO, junto com o PMA, mais de dez milhões de pessoas, o equivalente a 40% da população total, ainda estão em estado de insegurança alimentar e precisam urgentemente de assistência alimentar.

No Oriente Próximo, apesar das condições climáticas geralmente favoráveis para as culturas, os conflitos em curso na Síria e no Iêmen continuam a dificultar seriamente as atividades agrícolas, causando, entre outras coisas, um aumento nos custos de produção. No período entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, no Iêmen, cerca de 15,9 milhões de pessoas, correspondente a 53% da população, foram afetadas por uma grave crise de insegurança alimentar aguda.

Da mesma forma, a situação desesperada de segurança alimentar em vários estados africanos, incluindo a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, deve-se a persistentes conflitos e instabilidade. No Sudão do Sul, em particular, o número de pessoas em estado de grave insegurança alimentar foi estimado em quase 7 milhões, cerca de 60% da população.

Espera-se que em 2019 a produção de cereais na América Latina e no Caribe alcance um nível recorde de 274 milhões de toneladas. Este aumento reflete principalmente a forte recuperação da produção de milho na América do Sul, em grande parte devido ao aumento de plantações e excelentes safras. A produção de trigo deve se recuperar na UE, na Federação Russa e na Ucrânia, principalmente devido às condições climáticas favoráveis e ao aumento das plantações.

Além disso, o relatório inclui uma análise sobre a peste suína africana, uma doença infecciosa que afeta porcos domésticos e javalis, que também está se espalhando no leste e sudeste da Ásia, ameaçando a subsistência e a segurança alimentar de milhões de pessoas que dependem suinocultura.

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