23 Julho 2019
No Observatório do Vaticano, em Castel Gandolfo, próximo à Roma, o irmão jesuíta Robert Macke exerce o trabalho de curadoria de meteoriotos para o Observatório do Vaticano – formalmente fundado em 1891 no papa Leão XIII, permitindo-o, como dizem os Jesuítas, “encontrar Deus em todas as coisas”.
“O universo é uma grande lugar, e tudo pertence à Criação de Deus, então tudo é uma fonte de maravilhas e inspiração” disse ele. “O lema do Observatório do Vaticano é ‘Deum Creatorem Venite Adoremus’ (Venha, Adoremos ao Deus Criador). No estudo do universo e tudo o que ele contém, nós podemos melhor apreciar o Deus que o criou. Para nós, fazer ciência é uma forma de adoração”.
A reportagem é de James Ramos, editor e designer do jornal da Arquidiocese de Galveston-Houston, Texas, EUA, publicada por National Catholic Reporter, 17-07-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Sinais da missão Apollo foram encontradas através do Observatório Vaticano, ele disse em uma entrevista a Texas Catholic Herald, jornal da Arquidiocese de Galveston-Houston.
Irmão Macke cuida de uma pedra da lua da Apollo 17, um presente de boa vontade dado pelos Estados Unidos ao Vaticano. Um painel também sustenta um pedaço da “Árvore Lua”, um sicômoro no Laboratório Lunar e Planetário, em Tucson, Arizona, que cresceu com as sementes que voaram na missão Apollo 14.
O livro de visitas do Observatório do Vaticano tem a assinatura de Frank Borman, datada de 15-02-1969, menos de dois meses antes, dele, James Lovel e William Anders se tornarem os três primeiros homens a orbitarem a Lua, na missão Apollo 8, relatou irmão Macke.
Borman também deu ao Observatório uma cópia autografada da famosa fotografia “Earthrise”, que está pendurada na parede do Observatório próxima à outra fotografia da Apollo 17, autografada por Eugene Cernan, direcionada ao papa Paulo VI.
Em um dos domos do observatório, irmão Macke disse que a fotografia mostra Paulo VI visualizando o local exato do pouso da Apollo 11.
Trabalhando com seus colegas do Observatório do Vaticano, incluindo o diretor e colega jesuíta, irmão Guy Consolmagno, junto a dezenas de outros clérigos e leigos, irmão Macke diz “todo dia é diferente... o que o que deixa o trabalho renovado e excitante”.
Hoje, irmão Macke acha as missões da Apollo “muito inspiradoras”.
“Meu escritório está repleto de modelos da nave Apollo, sondas espaciais não tripuladas e telescópios espaciais”, disse. Minha pesquisa também inclui trabalho com pedras da lua, as quais envolveram várias viagens para o Laboratório de Mostras Lunares, no Centro Espacial Johnson, da NASA”.
Ele disse que as missões Apollo refletiram um tempo de unidade, um senso que a sociedade está perdendo hoje.
“As missões Apollo... deveriam servir como fonte de inspiração para todos nós”, disse. “Viajar à lua se pensava ser impossível, mas com toda a nação trabalhando junto para alcançar esse objetivo, foi possível. Hoje nós vivemos em uma sociedade polarizada e contraditória. Isso não nos levará a lugar algum. Nós precisamos trabalhar juntos. Trabalhando juntos, nós alcançamos o impossível”.
Ele destacou como as missões Apollo foram completadas por seres humanos, e “não por robôs”.
“Os astronautas e o exército de suporte pessoal eram pessoas que traziam consigo a sua humanidade”, disse. “Desde o início, estava incluída a fé religiosa. A tripulação da Apollo 8, na órbita em torno da Lua, no Natal de 1968, lia ao povo da Terra o livro de Gênesis”.
Nascido em Fort Worth, Texas, depois das missões Apollo, irmão Macke disse ainda que se inspirou em outras histórias, como as missões Viking para Marte, ou as expedições para outros planetas.
“Meu pai estudou para ser geólogo, mas investiu sua carreira na Força Aérea dos EUA, nos trouxe fotos das suas missões”, disse ele. “Ele enchia a biblioteca de nossa casa com incontáveis livros sobre o espaço e ciências relacionadas. Eu sonhei que visitava outros planetas por minha conta”.
Irmão Macke disse que a Criação é de Deus, “e é boa e, portanto, digna de ser estudada”.
“A ciência que eu faço é a mesma ciência que todo mundo faz. Eu colaboro com cientistas de todas as fé (e os ateus) e juntos produzimos uma boa ciência”, disse ele. “Embora, para mim, o contexto em que eu faço minha ciência é muito mais informada pela minha fé. Ciência, para mim, é uma extensão do espanto e da admiração que sinto quando considero a grandeza de Deus e seu incomensurável amor manifestado no universo que ele nos deu. "
O irmão Macke disse que ama seu trabalho para o Observatório do Vaticano.
"Encontro inspiração ao meu redor, desde os meteoritos que estudo até as fotografias do espaço penduradas na parede", disse ele. "Também sou muito inspirado por meus colegas astrônomos do Observatório do Vaticano, todos sacerdotes ou religiosos, e todos eles são cientistas muito talentosos."
"Alguns dias estou no laboratório realizando pesquisas. Alguns dias estou conversando com grupos escolares sobre o Observatório do Vaticano", disse ele. Seu trabalho o leva a conferências, onde compartilha sua pesquisa com outros colaboradores e cientistas, criando conteúdo para as diversas mídias sociais do Observatório, bem como pesquisas acadêmicas e artigos.
"E ocasionalmente, um dia pode ser marcado por uma audiência papal", disse ele
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Fé e Ciência. Jesuíta, curador de meteoritos no Observatório do Vaticano, relata como é o seu trabalho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU