08 Julho 2019
Depois que o alerta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) chegou no início desta semana sobre o aumento dramático do desmatamento na Amazônia, que subiu 60% a mais do que no ano passado, dois dias atrás veio o desmentido do governo brasileiro, expresso pelo general Augusto Heleno, ministro brasileiro da segurança institucional. E o desmentido foi seguido por algumas reações internacionais, com a França e a Alemanha na linha de frente.
A informação foi publicada por L'Osservatore Romano, 6/7-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas vamos dar um passo atrás. Na terça-feira, o INPE divulgou os resultados de suas pesquisas (obtidas por imagens de satélite) segundo as quais o desmatamento que atingiu a Amazônia brasileira em junho teria aumentado em 60% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso equivaleria a uma área de aproximadamente 762 quilômetros quadrados. Além disso, as queimadas e a extração ilegal de madeira teriam representado fenômenos que têm aumentado, especialmente nos últimos seis meses. De janeiro a junho de 2019, de fato, a perda acumulada de florestas teria atingido 2.273 quilômetros quadrados, como se a vegetação de metade da região italiana de Molise tivesse sido arrasada em apenas meio ano.
Dados que foram recebidos com desconsideração pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que no G20 havia falado de "psicose ambiental" em relação ao tema da Amazônia, rejeitando qualquer acusação relacionada ao processo de ações de desmatamento em território brasileiro. Nos dias seguintes, o site informativo brasileiro G1 relatou as declarações de Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente brasileiro e dos embaixadores da Noruega e da Alemanha em Brasília, que teriam conjuntamente admitido a possibilidade de extinção do Fundo para a Amazônia, financiado pelos governos dos dois países do norte da Europa. O governo brasileiro havia apresentado em maio a proposta de mudança de destino desse fundo. Os fundos teriam assim migrado do financiamento de projetos destinados a reduzir o desmatamento para a indenizações dos proprietários de áreas rurais localizadas em unidades de conservação florestal.
Sobre a mudança de destinação do uso do fundo, Noruega e Alemanha expressam forte contrariedade. A administração brasileira, embora confirmando os compromissos assumidos na Cop21 (os chamados acordos de Paris de 2015), não deixou de responder.
"A Amazônia é brasileira e nós devemos cuidar dela", disse o ministro Heleno na quinta-feira nos microfones da BBC. "Essas taxas de desmatamento são manipuladas", continuou ele, argumentando que, se os dados publicados pelo INPE fossem reais, "a Amazônia já seria um deserto". Por fim, concluiu: "Os países que querem nos impor um comportamento que consideram correto, nunca seguiram esse comportamento".
Uma farpa que incomodou em particular o presidente francês Emmanuel Macron, que, em resposta, propôs um diálogo sobre a questão entre o presidente brasileiro Bolsonaro e Raoni Matuktire, o líder indígena recém saído de uma turnê europeia algumas semanas atrás, durante a qual realizou palestras sobre a questão da ameaça ambiental para a América do Sul. "Não existe tal coisa" foi a resposta de Bolsonaro. "Ele representa alguns indígenas, a quem respeitamos, mas não pode falar em nome do Brasil." E enquanto isso, na sexta-feira, o "Jornal Nacional" publicava os dados atualizados de aumento do INPE (88%, em vez de 60% do desmatamento), e a tensão no nível internacional se torna mais premente. E nenhuma mesa de diálogo parece se abrir no horizonte.
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Amazônia. Os relatórios dos institutos de pesquisa alimentam as tensões entre o Brasil e alguns países europeus. Polêmicas sobre os dados do desmatamento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU