20 Fevereiro 2019
O ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé criticou severamente os conselheiros do papa e a forma como a Igreja está sendo administrada atualmente.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por The Tablet, 18-02-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em um artigo de duas páginas na revista alemã Spiegel de 16 de fevereiro, o cardeal alemão Gerhard Müller disse que, embora o papa, pessoalmente, seja um “católico ortodoxo”, ele está cercado de bajuladores. O C9 se tornou um “círculo exclusivo” em que domina o conceito de administração, sublinhou Müller.
“É dever do papa unificar a Igreja na verdade, e seria perigoso se ele cedesse à tentação de colocar o grupo que se orgulha de ser progressista contra o restante da Igreja”, disse Müller. Infelizmente, Francisco estaria cercado de pessoas que pouco entendem sobre teologia e o ensino social da Igreja, e que “não estão preparadas para abandonar sua mentalidade cortesã de séculos atrás”.
Eles acham que toda palavra que o papa diz é sacrossanta. Além disso, não se pode comparar a relação de um papa – “neste caso, Francisco” – com a Igreja e a relação do geral jesuíta com os provinciais jesuítas, assinalou Müller. “Governar a Igreja inteira de acordo com as regras jesuítas é simplesmente inaceitável”, enfatizou.
Perguntado sobre por que ele achava que o tema dos abusos sexuais clericais estava sendo instrumentalizado por oponentes da Igreja Católica, Müller disse que o abuso sexual de adolescentes ocorreu “aos milhões” em todo o mundo. Não havia absolutamente nenhuma prova de que isso tivesse algo a ver com o clericalismo. “A causa-raiz está no caráter depravado do perpetrador e não tem nada a ver com o seu ofício.”
Ele também está convencido de que há uma conexão entre o abuso sexual e a homossexualidade. “Tivemos uma visão perfeita disso estatisticamente na Congregação para a Doutrina da Fé. Mais de 80% das vítimas de abuso sexual com menos de 18 anos eram adolescentes do sexo masculino. Infelizmente, essas estatísticas não desempenharão um papel na próxima cúpula do Vaticano sobre os abusos. A visão da Igreja é bem clara: quem não pode se controlar não é elegível para o sacerdócio. Além disso, eu sou da opinião de que ninguém nasce homossexual. Nascemos homens ou mulheres”.
Quanto à crítica do cardeal Walter Kasper ao seu “Manifesto”, no qual Kasper menosprezou a menção de Müller ao Anticristo, Müller acha que Kasper talvez estivesse “usando os óculos errados”. Mas ele poderia usar as palavras de Lutero e dizer “Aqui estou. Eu não posso fazer de outro modo. Que Deus me ajude. Amém”.
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Cardeal Müller: papa está cercado de bajuladores, e a Igreja está sendo guiada segundo as regras dos jesuítas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU