19 Outubro 2018
Um primeiro passo foi dado, e o Papa “expressou a sua disponibilidade para ir” à Coreia do Norte, mas “para uma viagem desse tipo são necessárias uma séria consideração e uma séria preparação”. É assim que o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, comenta o “convite” do líder norte-coreano Kim Jong-un a Francisco para visitar o seu país. O mesmo que, até algum tempo atrás, parecia blindado ao mundo.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 18-10-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O convite ou, melhor, o “interesse” do líder norte-coreano – como o cardeal o define – foi manifestado verbalmente ao Papa Bergoglio pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, durante a audiência da manhã dessa quinta-feira, 18, no Vaticano.
O secretário de Estado – encontrando-se com os jornalistas às margens da apresentação de um livro sobre a Humanae vitae no Vaticano – confirma o que já foi anunciado pela imprensa nas últimas horas, isto é, “que o presidente da Coreia do Sul apresentou o ‘interesse’ do líder do Coreia do Norte de ter o papa em Pyongyang, e o papa manifestou a sua disponibilidade”.
“Agora – acrescentou o purpurado – é preciso esperar um instante para que se formalize esse convite. Foi apenas uma primeira abordagem.”
O que é certo é que, “assim que se começar a pensar seriamente na possibilidade dessa viagem, será preciso pensar se deverão ser exigidas algumas condições para poder realizá-la”, esclareceu o “primeiro-ministro” da Santa Sé. “Isso fará parte do trabalho posterior.”
Da parte do papa, explicou Parolin, “foi expressada a disponibilidade de ir foi expressa, mas uma viagem desse tipo precisa de uma séria consideração e de uma séria preparação”. Uma eventual visita do pontífice à península asiática que, apesar dos enormes progressos pela paz, ainda está dividida seria enorme: em particular, ressalta o cardeal, “a contribuição fundamental seria apoiar o processo de pacificação e de desnuclearização”. “Esta visita do presidente sul-coreano – diz – já serviu nesse sentido.”
A uma pergunta sobre a Humanae vitae, tema do livro do Mons. Gilfredo Marengo, publicado pela Livraria Editora Vaticana, que ele apresentou na tarde dessa quinta-feira, no Palácio do Santo Ofício, a poucos dias da canonização do seu autor, São Paulo VI, o cardeal afirmou que, “graças a esse trabalho, podemos entender muito melhor o que essa encíclica significou para Paulo VI e como ele a preparou, com que sentimentos ele também viveu a preparação”. O próprio Montini disse que “foi um dos momentos mais dolorosos da sua vida, mas que continua sendo de grande atualidade”.
Depois de meio século da sua publicação, “podemos compartilhar plenamente esse sofrimento”, disse Parolin no seu longo discurso durante a apresentação. O pontífice agora santo “tomou-o sobre si, sustentado pela vontade de defender a vida das fontes humanas e confiadas à paternidade responsável”.
“O que Paulo VI queria – explicou – era salvaguardar a dignidade da pessoa humana, e esta, creio, continua sendo a mensagem fundamental da encíclica a 50 anos de distância.”
Uma mensagem “profética”: por isso, exortou o cardeal, é preciso “deixar de lado os debates”, as críticas filhas de uma época da Igreja já superada, mas que, no entanto, “ainda hoje parecem condicionar posicionamentos controversos, polêmicas das quais poderíamos abrir mão”.
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''O papa na Coreia do Norte? É preciso uma séria preparação. Seria um impulso para a paz e a desnuclearização'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU