Grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” publica carta contra o ódio, a violência e a intolerância

Arte: Mulheres contra Bolsonaro | Reprodução Facebook

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

14 Setembro 2018

O grupo de Facebook “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, que alcançou um milhão de integrantes em menos de uma semana, publicou e enviou para a imprensa uma carta atacando a campanha de ódio do ex-capitão.

Eis a carta.

O Brasil vive um momento especialmente dramático de sua história. Nas eleições mais conturbadas após o fim da Ditadura civil militar, assistimos à perigosa afirmação, por um dos candidatos à Presidência, de princípios antidemocráticos, expressos num discurso fundado no ódio, na intolerância e na violência.

Se a posição deste candidato era pública, tendo sido reiteradamente manifesta ao longo dos 27 anos em que vem atuando na Câmara Federal, causa perplexidade a adesão a tais princípios por parte significativa da sociedade brasileira.

O tratamento desrespeitoso dirigido às mulheres, aos negros, indígenas, homossexuais, o culto à violência, a agressão contra adversários, a defesa da tortura e de torturadores, constituem manifestações que devem ser combatidas por aqueles que acreditam nos princípios civilizatórios que possibilitam a existência de uma sociedade democrática e plural.

Neste contexto, nós, mulheres, vítimas de agressões e desqualificações por parte deste candidato, viemos à público expressar nosso mais veemente repúdio aos princípios por ele defendidos, conclamando a população brasileira a se unir na defesa da democracia, contra o fascismo e a barbárie.

Somos muitas, para além de UM MILHÃO que integra este grupo. Defendemos candidatos e candidatas distintas, dos mais diferentes matizes político- ideológicos. Temos experiências e visões de mundo diversas, assim como são distintas nossas idades, orientação sexual, identidades étnico-raciais e de gênero, classe social, regiões do país em que vivemos, posições religiosas, escolaridade e atividade profissional.

Na verdade, nos constituímos como coletivo a partir de uma causa comum, expressa nesta carta: a rejeição à prática política do candidato e aos princípios que a regem. Nos constituímos nas redes sociais, unidas numa corrente crescente e ativa, pela necessidade de tornar pública nossa posição no exercício da cidadania e participação, a partir da identidade feminina que nos congrega.

Nós, mulheres, historicamente inferiorizadas e marginalizadas, sujeitas a toda sorte de violência e desrespeito, recusamos hoje o silêncio e a submissão, herdeiras de uma luta há muito travada por mulheres que nos antecederam.

Somos aquelas que constituem a maioria do eleitorado brasileiro, ainda que sub-representadas na política partidária. Somos aquelas que, gestando e alimentado novas vidas, defendemos o direito de todos e todas a uma vida digna.

Somos aquelas que, temendo pelas nossas vidas, pelas vidas de nossos filhos, filhas, companheiros e companheiras, diante da violência que assola e corrói a sociedade brasileira, somos contra a liberação do porte de armas, que só irá piorar o já dramático quadro atual.

Somos aquelas que, recebendo salários inferiores, com menor chance de contratação e progressão nos espaços de trabalho, entendemos que cabe aos governantes, à semelhança do que já ocorre em muitos países, construir políticas de igualdade salarial entre homens e mulheres.

Somos aquelas que, vítimas de assédio, estupro, agressão e feminicídio, defendemos o direito à liberdade no exercício da vida afetiva e sexual, demandando do Estado proteção e punição aos crimes contra nós cometidos.

Somos aquelas que protestam contra a perseguição e violência contra a população LGBTQ, porque entendemos que cada ser humano tem direito a viver sua identidade de gênero e orientação sexual.

Somos aquelas que se insurgem contra todas as formas de racismo e xenofobia, que defendem um país social e racialmente mais justo e igualitário, que respeite as diferenças e valorize as ancestralidades.

Somos aquelas que combatem o falso moralismo e a censura às expressões artísticas, que defendem a livre manifestação estética, o acesso à cultura em suas múltiplas manifestações.

Somos aquelas que defendem o acesso à informação e a uma educação sexual responsável, através de livros, filmes e materiais que eduquem as crianças e jovens para o mundo contemporâneo.

Somos aquelas que defendem o diálogo e parceria com escolas, professores e professoras na educação de nossos filhos e filhas, sustentados na laicidade, no aprendizado da ética, da cidadania e dos direitos humanos.

Somos aquelas que querem um país com políticas sustentáveis, que respeitem e protejam o meio ambiente e os animais, que garanta o direito à terra pelas populações tradicionais que nela vivem e trabalham.

Somos muitas, somos milhões, somos: 
#MULHERES UNIDAS CONTRA BOLSONARO 
CONTRA O ÓDIO, A VIOLÊNCIA E A INTOLERÂNCIA

Leia mais