06 Setembro 2018
“É provável que D’Aubuisson estivesse presente no lugar dos fatos para verificar pessoalmente o exato cumprimento da operação com a qual se pretendia matar ao Servo de Deus”, apontou textualmente o documento.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 04-09-2018. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O Vaticano concluiu que o assassinato do arcebispo salvadorenho Óscar Arnulfo Romero, ocorrido há 38 anos, foi produto de uma conspiração entre o governo de El Salvador e um “esquadrão da morte”, grupo paramilitar de extrema-direita comandado pelo então chefe do exército, Roberto D’Aubuisson, informou a Agência de Imprensa Salvadorenha.
O assassino havia recebido mil colones salvadorenhos para disparar contra o arcebispo de San Salvador, em 24 de março de 1980, de acordo com um volumoso relatório de mil páginas, elaborado para sustentar o processo de canonização do religioso.
O expediente destaca que o dinheiro foi entregue pelo ex-chefe Roberto D’Aubuisson ao franco-atirador Walter Antonio Álvarez, que um ano depois foi sequestrado por desconhecidos e seu cadáver encontrado mais tarde, sem que o crime fosse investigado pelas autoridades.
O documento, que foi elaborado pela Congregação da Causa dos Santos, inclui numerosas entrevistas e documentação sobre o magnicídio que pela primeira vez vem à luz publicamente.
Seus autores são Vicenzo Criscuolo, relator geral; dom Vicenzo Paglia, postulador da causa do mártir salvadorenho, e Roberto Morozzo Della Rocca, colaborador do relatório.
Algumas semanas depois do assassinato de Romero, em 7 de maio de 1980, D’Aubuisson foi preso na fazenda San Luis, em Santa Tecla, enquanto falava com outros militares e civis sobre um golpe de Estado que deveria se efetuar em uma data indeterminada.
Entre os documentos imputados ao ex-chefe do exército haviam figurado provas para incriminá-lo pela autoria intelectual do crime do arcebispo Romero, porém o processo judicial nunca prosperou.
O expediente recolhe fragmentos do informe da Comissão da Verdade, criada pelas Nações Unidas depois da assinatura dos Acordos de Paz que colocaram fim à guerra civil de El Salvador, que acabou em 1992 com o saldo de mais de 75 mil mortos.
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El Salvador. Relatório da Santa Sé conclui que o militar Roberto D’Aubuisson ordenou matar Óscar Romero - Instituto Humanitas Unisinos - IHU