21 Junho 2018
Eles se comprometeram a continuar apoiando a ação climática para cumprir o Acordo de Paris, apesar de qualquer ação do governo dos Estados Unidos.
A reportagem é de Dan Connors, publicada em La Croix International, 19-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Enquanto este mês de junho marca o primeiro aniversário da retirada oficial dos Estados Unidos do Acordo Climático de Paris por parte do presidente Trump, muitos católicos estadunidenses preferem celebrar este mês como o terceiro aniversário da encíclica Laudato si’, do Papa Francisco.
E, à luz de ambos os aniversários, lideranças católicas estadunidenses realizaram uma coletiva de imprensa por telefone no dia 18 de junho para reafirmar a importância da Laudato si’.
Eles destacaram que cerca de 600 instituições católicas assinaram a Catholic Climate Declaration [Declaração Católica sobre o Clima] e urgiram mais católicos nos Estados Unidos a se envolverem no diálogo e nas “ações necessárias para proteger a nossa casa comum”.
Logo após Trump retirar o país do Acordo de Paris – uma ação que os bispos dos Estados Unidos chamaram de “profundamente preocupante” – muitos prefeitos, executivos de condados, governadores, líderes tribais, lideranças de faculdades e universidades, empresas, grupos religiosos e investidores em todos os Estados Unidos somaram forças para declarar que “We Are Still In” [Ainda estamos dentro].
Eles se comprometeram a continuar apoiando a ação climática para cumprir o Acordo de Paris, apesar de qualquer ação do governo dos Estados Unidos. Os grupos católicos, na tentativa de falar a partir de uma perspectiva de fé, prepararam a Declaração Climática Católica dos Estados Unidos para dizer que eles também “estão dentro”.
Participaram da coletiva de imprensa católica do dia 18 de junho Dan Misleh, diretor-executivo do Catholic Climate Covenant, e Dom Richard Pates, bispo de Des Moines (Iowa), representante episcopal do grupo.
Outros participantes eram a Ir. Sharlet Wagner CSC, presidente eleita da Leadership Conference of Women Religious (LCWR); o Pe. Daniel Hendrickson SJ, reitor da Creighton University; e Rachelle Reyes Wenger, diretora de políticas públicas e de defesa comunitária da Dignity Health Care.
Misleh disse que a Declaração Católica sobre o Clima “é um esforço sem precedentes para entrar no vazio deixado pela decisão do presidente Trump de se retirar do Acordo de Paris” – uma ação que Misleh chamou de vergonhosa.
“É vergonhoso”, disse, “que os Estados Unidos sejam o único país a anunciar suas intenções de se retirar do diálogo global e do plano de ação entre a comunidade das nações.”
Em resposta às ações de Trump e ao subsequente movimento “Ainda estamos dentro”, Misleh disse que os quase 600 grupos católicos que assinaram a Declaração Católica sobre o Clima incluem arquidioceses e dioceses, faculdades e universidades, e comunidades religiosas femininas e masculinas.
Até agora, 128 paróquias assinaram a declaração, um número que Misleh espera ver aumentar nos próximos meses.
Os oradores da coletiva de imprensa deram alguns exemplos do modo como os católicos expressam seus compromissos.
As comunidades de religiosas há muito tempo lideram o combate às mudanças climáticas e aos danos ambientais, “por meio de ações de defesa, educação e mudanças de vida pessoal e institucional”, disse a Ir. Sharlet Wagner, CSC.
Por exemplo, disse ela, “as congregações de religiosas estão usando seus fundos de investimento para promover mudanças. Muitas removeram os combustíveis fósseis de seus fundos, mantendo um pequeno investimento em empresas de combustíveis fósseis para permitir que elas possam se engajar com essas companhias no diálogo”.
Duas congregações, afirmou, “as Irmãs da Apresentação da Santíssima Virgem Maria e as Irmãs Escolares de Nossa Senhora, usaram resoluções de acionistas neste ano para estimular duas companhias empresas elétricas do Meio Oeste a publicarem uma avaliação de risco climático e para continuar dialogando com os investidores sobre as mudanças climáticas”.
Enquanto pressionam as corporações para mudarem suas políticas sobre os combustíveis fósseis, “as congregações e as irmãs estão tomando medidas para reduzir sua própria pegada ecológica”, disse. Como exemplo, ela indicou as Irmãs da Santa Cruz, que criaram um fundo de pegada ecológica para apoiar projetos de redução das emissões de carbono.
“As irmãs calculam suas próprias pegadas ecológicas produzidas pelas suas próprias viagens e doam uma quantia compensatória para o fundo”, explicou.
Os projetos que as irmãs financiaram “incluem a energia solar em escolas, conventos e pousadas em Bangladesh e na Índia, o plantio de mais de 1.800 árvores em Uganda e a iluminação eficiente em energia para uma faculdade católica nos Estados Unidos”.
Em outro exemplo, ela falou das Dominicanas de Adrian, no Michigan, que agora alimentam todas as necessidades elétricas de sua sede de quase 53 hectares com 100% de energia renovável.
“As mudanças climáticas”, disse a Ir. Wagner, “nos apresentam uma crise moral e uma questão moral. Cada um de nós deve se perguntar qual será a nossa resposta. A resposta das mais de 190 congregações de religiosos e religiosas que assinaram a declaração é clara: ‘Ainda estamos dentro!’”
O Pe. Hendrickson disse: “Estou muito orgulhoso de assinar a Declaração Católica como reitor de uma universidade católica”. Muitas faculdades e universidades, afirmou, estão fazendo progressos substanciais na redução de sua pegada ecológica e no aumento de programas de combate às mudanças climáticas tanto nos níveis individual quanto estrutural.
Ao contar como as instituições de saúde católicas estão trabalhando para reduzir sua pegada ecológica, Rachelle Reyes Wenger falou mais vigorosamente sobre as mudanças climáticas e a degradação ambiental como uma questão de saúde pública – e como uma questão de vida – que pesa desproporcionalmente sobre os mais jovens, os mais velhos e os mais pobres entre nós.
A Organização Mundial da Saúde, disse, prevê que, entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas causarão 250.000 mortes adicionais por ano devido à desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico causado por mudanças climáticas adicionais. “A urgência para agir”, afirmou, “não pode ser ignorada.”
Dom Pates falou do compromisso dos bispos dos Estados Unidos com a Laudato si’ e com o Catholic Climate Covenant. Ele pediu que o presidente Trump reconsiderasse a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris. Instituições e indivíduos podem fazer a diferença, afirmou, mas “os Estados Unidos, como um governo poderoso e com o alcance que têm, seriam muito mais eficazes”.
Entretanto, mesmo sem uma reversão do governo Trump, Dom Pates disse que os católicos “ainda podem fazer a diferença em dois níveis, o institucional e o pessoal”, e pediu que os católicos estadunidenses se envolvam em ambos os sentidos.
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Quase 600 grupos católicos assinam declaração sobre o clima - Instituto Humanitas Unisinos - IHU