24 Mai 2018
Durante o 17 de maio, Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal alemão Gerhard Müller, declarou que a homofobia "simplesmente não existe" e que é "uma invenção, um instrumento do domínio totalitário sobre as mentes dos outros."
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada por National Catholic Reporter, 22-05-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
"O movimento homossexual não tem argumentos científicos, então construiu uma ideologia que quer dominar, buscando construir sua própria realidade. É o regime marxista, segundo a qual não é realidade que constrói o pensamento, acredita-se que o pensamento constrói a realidade", disse Müller.
"Quem não aceita este pensamento é considerado doente", disse o cardeal de 70 anos de idade.
"Na União Soviética os cristãos foram postos em manicômios, que são os meios de regimes totalitários como o nacional-socialismo e o comunismo," disse o antigo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. "Hoje na Coreia do Norte, o mesmo destino espera por alguém que não aceita o pensamento dominante."
Os comentários de Müller surgiram em uma conversa com Costanza Miriano, blogueiro italiano.
Müller serviu como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé a partir de 2012, até junho de 2017, quando foi substituído pelo arcebispo espanhol, agora cardeal, Luis Ladaria, que pertence à Companhia de Jesus, assim como o Papa Francisco.
Apesar de Müller nunca ter abertamente rompido com Francisco, sua ambivalência em relação algumas atitudes do Pontífice foi sempre clara. Como por exemplo, em relação a cautelosa abertura de Francisco à comunhão para os católicos divorciados e civilmente recasados em Amoris Laetitia.
Na entrevista, Miriano perguntou a Müller sua reação aos bispos que promovem vigílias de oração ou outros eventos em torno do Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
"Hoje em dia, alguns bispos não têm a coragem de falar a verdade e se permitem ser intimidados”, disse. "Não entendem que a homofobia é uma farsa que serve para ameaçar as pessoas."
"As pessoas estão sendo amedrontadas por um psico-terrorismo que se aproveita da sua ignorância", disse o cardeal.
Müller reconheceu que os cristãos são chamados a amar todas as pessoas, incluindo aqueles com a atração pelo mesmo sexo, mas acrescentou, "tem que ser claro que amar alguém não significa obediência a ideologia de gênero.”
"A realidade é, existe apenas homem e mulher", disse ele. "O resto é uma interpretação."
Inevitavelmente, Müller alude a reputação de Francisco por ser aberto e aceitar pessoas gays. Tal posicionamento foi exposto no famoso comentário de 2013: "quem sou eu para julgar?"
"O Papa disse a mesma coisa que está no catecismo: cada pessoa merece respeito, porque ele ou ela é feita à imagem de Deus, e não podemos usar uma pessoa por alguma razão”, concordou o cardeal.
"Mas ao mesmo tempo, Francisco também falou de um 'lobby gay' e infelizmente isso é verdade”. Müller citou o caso do padre Krzysztof Charamsa, teólogo polonês, antigo oficial da Congregação para a Doutrina da Fé que "saiu do armário" em outubro de 2015, às vésperas do recém-criado Sínodo da Família.
"Ele nunca pediu ajuda ou acompanhamento", disse Müller de Charamsa.
Na entrevista, Müller também abordou rumores sobre uma possível "revisita" da Humanae Vitae, a encíclica lançado em 1968 pelo Papa Paulo VI, que reafirmou a tradicional proibição da Igreja sobre controle artificial de natalidade.
"Eu comparo quem quer revisitar Humanae Vitae a fim de agradar as massas com aqueles que fizeram compromissos durante os regimes totalitários" afirmou.
"Você não pode fazer compromissos com lobos, nem para salvar algumas ovelhas", disse Müller. "É uma ilusão pensar que você pode salvar algumas ovelhas, quando na verdade você vai perder todo o rebanho."
"Não é a lógica de Jesus", acrescentou. "A fim de não perder nem uma única ovelha, ele se sacrificou, e não as ovelhas."
Müller sugeriu que aqueles que querem desqualificar a Humanae Vitae começam por citar os casos mais difíceis para poder jogar com as emoções.
"O truque de teólogos e bispos que atacam a doutrina é jogar com as emoções”, disse. "Por exemplo, eles começam a falar de um pai com quatro filhos que perdeu seu emprego e uma mãe que está doente... e acabam discutindo movidos por uma onda de emoção baseada num único caso."
"Isso não é uma forma séria de encarar a questão", concluiu.
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Ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé chama homofobia de 'farsa' e 'psico-terrorismo' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU