21 Mai 2018
Apenas três semanas antes da polícia australiana confirmar sua acusação por supostos crimes de abusos sexuais de menores, o cardeal George Pell jantou, em um restaurante cinco estrelas, com o chefe da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, Scott Pruitt, para promover na opinião pública a negação da mudança climática. Tanto Pell como Pruitt negaram repetidamente que as emissões de dióxido de carbono do consumo de combustíveis fósseis prejudicam o meio ambiente e aumentam o aquecimento global.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 19-05-2018. A tradução é de André Langer.
Como revelou no Twitter o jornalista do New York Times Eric Lipton, a EPA começou a organizar uma reunião entre Pell e Pruitt em maio de 2017, apesar de saber que o cardeal estava sob investigação por suposta pedofilia desde fevereiro de 2016. Documentos obtidos pelo New York Times mostram que a EPA pretendia que o cardeal concedesse a Pruitt e membros de sua equipe uma visita privada ao Palácio Apostólico.
Mas, no final das contas, houve apenas um jantar com ele na noite de 9 de junho no exclusivo restaurante romano La Terrazza, onde o cardápio custa 200 euros por pessoa, além de aperitivos e vinhos. A participação de Pell no jantar só veio à tona por causa de um correio eletrônico de um assistente de Pruitt, uma vez que as agendas oficiais da EPA não mencionam a ida do cardeal ao referido encontro.
Este correio eletrônico chave para saber da participação de Pell no jantar também revela que o cardeal falou com Pruitt sobre um artigo do Wall Street Journal que propunha “questionar o ‘consenso’ [de que a mudança climática existe e é causada pela atividade humana] e melhorar o entendimento público através de um processo aberto e acusatório”.
Como recorda o The Guardian, o cardeal australiano fez a conferência anual de 2011 do grupo negacionista Global Warming Policy Foundation, na qual afirmou que “as plantas adorariam” se houvesse mais dióxido de carbono na atmosfera.
Atualmente, Pell está afastado de seu cargo como “ministro das Finanças” do Vaticano por seus julgamentos de pedofilia em sua Austrália natal, nos quais sempre manteve a sua inocência de todos os crimes que lhe são imputados.
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A ‘última ceia’ em Roma de Pell com negacionistas da mudança climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU