Síria. "Em Mar Musa está sendo retomada a vida monástica de oração e trabalho", afirma Irmão Jihad

Deir Mar Musa | Foto: Bernard Gagnon, Wikipédia

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14 Abril 2018

"Durante quase dois anos, lentamente, a vida está voltando à antiga estrutura. Atualmente residem na estrutura três monges da comunidade e dois religiosos convidados", escrevem Monges de Mar Musa, em artigo publicado por Agencia Fides, 12-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

"Em Mar Musa a situação é tranquila e também no Vale dos cristãos, onde eu nasci e cresci, não há tensões. Naturalmente, a situação geral do país ainda é precária". O irmão Jihad Youssef é um monge de Mar Musa, a comunidade monástica católica de rito siríaco, re-fundada pelo padre jesuíta Paolo Dall'Oglio (sequestrado em 2013 e de quem se desconhece o destino), localizada perto da cidade de al-Nabk, cerca de 80 quilômetros ao norte de Damasco.

Ao compartilhar com a Agência Fides suas impressões depois da Páscoa, o monge afirma: "Ainda há combates em algumas zonas. Nessas áreas os embates são acirrados. As vítimas são muitas, a maioria delas civis inocentes. A situação é dramática. Mas mesmo nas áreas pacificadas ou que nunca foram afetadas pelos combates, a situação social não é satisfatória". Não existem empregos, os preços são muito elevados. As famílias têm dificuldades para sobreviver. "Muitas famílias estão em dificuldades", continua o irmão Jihad. "Diante de uma situação de incerteza, muitos planejam emigrar para o exterior: Europa, América do Norte, Austrália. É compreensível, embora acredite que muitos estejam sendo enganados por falsas representações do Ocidente. Emigrar não é fácil e, mesmo que a pessoa consiga deixar o país, a vida no exterior não é simples".

Nos últimos anos o mosteiro de Mar Musa não foi tocado pelos combates. As atividades, no entanto, diminuíram até cessar, embora os monges jamais tenham saído de lá. Durante quase dois anos, lentamente, a vida está voltando à antiga estrutura. Atualmente residem na estrutura três monges da comunidade e dois religiosos convidados. "Os fluxos de visitantes não voltaram aos níveis anteriores à guerra - continua - mas, especialmente na sexta-feira (dia de celebração para os muçulmanos), muitas pessoas, a maior parte de fé islâmica, vêm visitar o mosteiro. Grandes e pequenos grupos vêm para rezar, meditar, fazer uma pausa em um lugar que inspira a reflexão e a contemplação".

Os monges e as freiras, por sua vez, retomaram as atividades tradicionais. Eles rezam e se dedicam a trabalhos manuais: agricultura, pecuária, manutenção da estrutura. "Os monges - conclui o irmão Jihad - têm ótimas relações tanto com a comunidade cristã da vizinha Nebek, tanto com pessoas comuns Eles trabalham juntos em alguns projetos. Entre estes, há a colaboração com o hospital local para contribuir a equipá-lo com equipamentos médico-sanitários mais moderno; há também um trabalho de caráter humanitário de apoio aos pobres, especialmente os cristãos de Nebek, e os desterrados de Qaryatayn". "Nossa área está calma agora. Mas o futuro precisa todo ser construído. Sabemos como era a Síria antes da guerra. Nós não sabemos como vai ser depois", conclui o irmão Jihad.

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