30 Janeiro 2018
O documento do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo moderno foi a culminação de esforços do concílio "para descer das alturas geladas da abstração e responder à vida humana como ela realmente é vivida", disse o padre jesuíta John O'Malley, um grande historiador.
A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por Crux, 25-01-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
E, ao olhar para a vida de pessoas reais, o documento Gaudium et Spes deu um "lugar de honra" a reflexões sobre o matrimônio e a vida familiar, segundo O'Malley, em 25 de janeiro, ao tomar posse da cátedra de "Gaudium et Spes" no Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, em Roma.
Juntamente à cátedra Karol Wojtyla do Instituto, que promove a investigação filosófica, teológica e poética de São João Paulo II, a cátedra sobre "Gaudium et Spes" vai patrocinar cursos e promover pesquisas sobre novos desafios da família, bem como formas eficazes de a Igreja dar respostas pastorais, disse o Monsenhor Gilfredo Marengo, que coordena a nova cátedra.
O que se chama de "Teologia do corpo" de São João Paulo II e a exortação apostólica do Papa Francisco sobre a família, Amoris Laetitia, decorrem ambos do esforço de Gaudium et Spes em honrar o matrimônio e a vida familiar, sendo ao mesmo tempo realista sobre as mudanças modernas no posicionamento sobre o amor e a sexualidade, disse o Marengo.
Em uma mensagem aos participantes da posse, Francisco disse: "não podemos esquecer o quão caro Gaudium et Spes era para o seu fundador, São João Paulo II. Ele foi um dos protagonistas da sua elaboração e muito do seu magistério tinha suas raízes justamente neste documento".
A Igreja, disse o Papa, deve "criar locais de encontro e diálogo - incluindo aqueles com um elevado perfil intelectual" - isso vai mostrar o quanto continua levando a sério o compromisso expresso em Gaudium et Spes de compartilhar "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias" do homem e da mulher modernos.
Em 2017, Francisco refundou o Instituto João Paulo II pedindo que sua oferta acadêmica fosse reforçada e ampliada e fosse mais analítico a respeito da situação atual das famílias e na preparação de trabalhadores da Igreja para responder pastoralmente.
Em entrevista a repórteres em 24 de janeiro, O'Malley disse que embora o Concílio Vaticano II defenda o ensinamento da Igreja e a tradição, também mudou a abordagem da Igreja ao definir o matrimônio como "uma íntima partilha de vida e de amor" no Gaudium et Spes.
Foi um tom diferente, afirmou, do tom do Código de Direito Canônico de 1917, que estava em vigor no momento do Concílio. O código dizia: "o fim último do matrimônio é a procriação e educação dos filhos. O fim secundário é a mútua assistência e o remédio da concupiscência" ou de uma inclinação para o pecado.
A nova cátedra do Instituto João Paulo II, disse O'Malley, deve compartilhar a visão cristã do matrimônio e da família com "o mundo como ele é, como ele existe hoje, com todas as suas alegrias e problemas. Mas também responder a todas as perguntas atuais sobre sexualidade, o corpo humano - é uma situação nova."
Ao contrário de concílios anteriores, que "geralmente formulavam até mesmo seus decretos doutrinais em cânones, ou seja, leis", segundo O'Malley, todo o Concílio Vaticano II procurou reconhecer os benefícios que o mundo moderno trouxe para a Igreja e oferecer a ele abordagens mais saudáveis para seus problemas, apelando à consciência e às aspirações das pessoas.
A abordagem diferente, disse o jesuíta aos jornalistas, é a razão pela qual algumas pessoas tiveram dificuldade em interpretar os documentos do Concílio Vaticano II; não se pode avaliá-los como se contivessem sobretudo leis, prescrições e condenações de certas crenças e práticas, como os documentos dos concílios anteriores.
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Nova cátedra no Instituto João Paulo II deve se concentrar nas realidades da vida familiar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU