21 Julho 2017
Segundo fontes da chancelaria argentina, o Presidente argentino foi convidado pelo Chile a estar presente no país, durante a visita papal, programada para janeiro de 2018. Para Macri, apresenta-se como uma oportunidade de receber algum gesto positivo por parte do Pontífice, que continua sem vir à Argentina.
A reportagem é publicada por Urgente 24, 19-07-2017. A tradução é do Cepat.
Versões da chancelaria argentina indicam que o presidente Mauricio Macri foi convidado pelo Chile a viajar ao país por ocasião da visita do Papa Francisco, em janeiro de 2018, segundo soube Urgente 24. Em junho, foi confirmada a próxima viagem do Pontífice pela região, que incluirá o Peru, além do Chile. A grande ausente foi mais uma vez a Argentina, que já tinha ficado de fora dos itinerários quando Francisco visitou o Brasil, em 2013, Bolívia, Equador e Paraguai, em 2015, e quando visitar a Colômbia, em setembro deste ano.
Em junho, após o anúncio da viagem, Infobae escreveu que o Governo havia recebido com surpresa e certo mal-estar a decisão de Francisco em excluir a Argentina mais uma vez. É que, segundo o portal, quando em março a (agora ex) chanceler Susana Malcorra visitou o Vaticano, supostamente, havia saído com o compromisso do Papa em vir a Argentina em 2018. “No Governo, veem com receio a decisão de viajar três vezes à América Latina, desde o início de seu pontificado, e não vir à Argentina. Inclusive, um funcionário recordou que João Paulo II foi sete vezes a sua Polônia natal”. Mas, Infobae destacou um fato chave: “O mal-estar e surpresa no Governo tem uma explicação racional: sabem que caso não venha, no próximo ano, em 2019, que é um ano eleitoral, tampouco Francisco virá, e assim Macri encerrará o seu mandato sem uma visita papal”.
O historiador italiano Loris Zanatta escreveu na revista Criterio: “Bergoglio é peronista? Absolutamente, sim. Mas, não tanto porque o aderiu em sua juventude. É muito mais no sentido de que o peronismo é o movimento que determinou o triunfo da Argentina católica frente à liberal, que salvou os valores cristãos do povo frente ao cosmopolitismo das elites. Portanto, para Bergoglio o peronismo encarna a saudável conjugação entre povo e nação, em defesa de uma ordem temporal baseada nos valores cristãos e imune aos liberais”. Deste ponto de vista, compreende-se a razão pela qual o Papa não deu sinais de apoio ao Presidente, que tem outra tendência política distinta do peronismo. “Custa ao Papa aceitar que os argentinos elegeram outro Governo”, disse Zanatta, em entrevista a Infobae, no ano passado.
Como foi a relação entre o Governo de Macri e o Papa? Segundo Carlos Malamud, do portal 14ymedio, “desde que os dois compatriotas ocupam seus atuais cargos, o vínculo não está tendo precisamente fluidez. Não houve nenhuma ligação de felicitação e nenhuma carta carinhosa de um argentino a outro, após a eleição presidencial. No único encontro oficial no Vaticano, de 22 minutos de duração, a cara de circunstância de Bergoglio era a medida da expressão frente a um espantado Macri. Foi tal o clima vivido nessa reunião protocolar, que muitos não oscilaram em qualificá-la no menor de fria”, escreveu em maio do ano passado.
“Esta falta de sintonia contrasta com os contatos mais estreitos e constantes de Bergoglio com a ex-presidente Cristina Fernández, que não perdia a oportunidade de peregrinar a Roma ou a qualquer outro lugar do mundo, como Havana, onde viajou Francisco. E embora após o Conclave que o elegeu papa, tanto Fernández como todo o núcleo duro kirchnerista insistiram em suas acusações de cumplicidade com a ditadura militar, rapidamente, houve uma correção, em seguida, convertida em afabilidade”, explicou Malamud. Será necessário aguardar janeiro de 2018 para avaliar se, finalmente, Macri obtém o sinal positivo que tanto espera de Francisco.
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Chile convidou Macri para a visita do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU