Por: André | 11 Julho 2016
"Celebramos 200 anos de caminho de uma Pátria que, em seus desejos e ânsias de irmandade, projeta-se para além dos limites do país: para a Pátria Grande, aquela sonhada por San Martín e Bolívar. Esta realidade nos une em uma família de horizontes amplos e lealdade de irmãos. Por essa Pátria Grande rezamos também hoje em nossa celebração: que o Senhor a cuide, a faça forte, mais fraterna e a defenda de todo tipo de colonização", afirma o Papa Francisco em carta à Argentina por ocasião da celebração do Bicentenário da Independência, hoje, nove de julho.
A carta é publicada por Conferencia Episcopal Argentina, 08-07-2016. A tradução é de André Langer.
Eis a íntegra da carta do Papa Francisco:
Conferência Episcopal da Argentina
Cidade do Vaticano, 8 de julho de 2016.
S. E.R Mons. José María Arancedo
Presidente da Conferência Episcopal Argentina
Buenos Aires
Querido irmão:
Às vésperas da celebração do Bicentenário da Independência, quero fazer chegar a você, aos irmãos bispos, às autoridades nacionais e a todo o povo argentino uma cordial saudação. Desejo que esta celebração nos faça mais fortes no caminho empreendido por nossos pais já há 200 anos. Com tais augúrios expresso a todos os argentinos minha proximidade e a segurança da minha oração.
De maneira especial, quero estar próximo daqueles que sofrem: dos doentes, dos que vivem na indigência, dos presos, dos que se sentem sós, dos que não têm trabalho e passam todo tipo de necessidade, dos que são ou foram vítimas do tráfico, do comércio humano e da exploração de pessoas, dos menores vítimas de abusos e de tantos jovens que sofrem o flagelo da droga. Todos eles carregam o duro peso de situações, muitas vezes, limites. São os filhos mais chagados da Pátria.
Sim, filhos da Pátria. Na escola nos ensinavam a falar da Mãe Pátria, a amar a Mãe Pátria. Aqui precisamente se enraíza o sentido patriótico da pertença: no amor à Mãe Pátria. Nós, argentinos, usamos uma expressão, atrevida e pitoresca ao mesmo tempo, quando nos referimos a pessoas inescrupulosas: "este é capaz até de vender a mãe"; mas sabemos e sentimos profundamente no coração que Mãe não se vende, não se pode vender... e tampouco a Mãe Pátria.
Celebramos 200 anos de caminho de uma Pátria que, em seus desejos e ânsias de irmandade, projeta-se para além dos limites do país: para a Pátria Grande, aquela sonhada por San Martín e Bolívar. Esta realidade nos une em uma família de horizontes amplos e lealdade de irmãos. Por essa Pátria Grande rezamos também hoje em nossa celebração: que o Senhor a cuide, a faça forte, mais fraterna e a defenda de todo tipo de colonização.
Com estes 200 anos de respaldo, pede-se a nós continuar caminhando, olhar para frente. Para isso, penso – de maneira especial – nos idosos e nos jovens e sinto a necessidade de pedir a eles ajuda para continuar andando nosso destino.
Peço aos idosos, aos “memoriosos” da história, que, sobrepondo-se a esta “cultura do descarte” que mundialmente nos é imposta, se animem a sonhar. Temos necessidade dos seus sonhos, fonte de inspiração.
Aos jovens peço que não aposentem sua existência no quietismo burocrático para o qual foram escanteados por tantas propostas carentes de esperança e de heroísmo.
Estou convencido de que a nossa Pátria necessita fazer viva a profecia de Joel (Cf. Jl 4, 1). Somente se nossos avós se animarem a sonhar e os nossos jovens a profetizar coisas grandes, a Pátria poderá ser livre. Necessitamos de avós sonhadores que empurrem e de jovens que – inspirados nesses mesmos sonhos – corram com a criatividade da profecia.
Querido irmão, peço a Deus, nosso Pai e Senhor, que abençoe a nossa Pátria, abençoe a todos nós; e à Virgem de Luján que, como mãe, cuide de todos nós em nosso caminho. E, por favor, não se esqueça de rezar por mim.
Fraternalmente,
Francisco
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"A Pátria nunca pode ser vendida", afirma Papa Francisco por ocasião do Bicentenário da Independência da Argentina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU