"Não aos rígidos de vida dupla na Igreja"

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08 Mai 2017

Os cristãos “que se mostram belos e honestos”, mas depois, às escondidas, ”fazem coisas feias”. Aqueles que têm uma “vida dupla”. Aqueles que “usam a rigidez para encobrir fraquezas, pecados” e para se afirmar sobre os outros. A todos esses, o Papa Francisco disse e repetiu um peremptório “não”. A ocasião foi a missa da manhã dessa sexta-feira, 5 de maio, na Casa Santa Marta.

A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada no sítio Vatican Insider, 05-05-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Conforme relatado pela Rádio Vaticano, o pontífice denunciou que hoje, também na Igreja, há pessoas que utilizam a rigidez para encobrir os próprios pecados. Refletindo sobre a primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, o bispo de Roma se deteve sobre a figura de São Paulo, que, de rígido e firme perseguidor, tornou-se manso e paciente anunciador do Evangelho.

A primeira vez “que aparece o nome de Saulo – observa o Papa Bergoglio – é no apedrejamento de Estevão”: é um “rapaz, rígido e idealista” e “convicto” da rigidez da Lei. No entanto, Francisco aponta: ele é rígido, mas “honesto”. Em vez disso, Cristo “condena os rígidos que não eram honestos”.

Esses são os “rígidos da vida dupla: mostram-se belos, honestos, mas quando ninguém os vê, fazem coisas feias”. Não como “esse rapaz”, que “era honesto: acreditava naquilo. Eu penso, quando digo isso, em tantos jovens que caíram na tentação da rigidez, hoje, na Igreja. Alguns são honestos, são bons, devemos rezar para que o Senhor os ajude a crescer no caminho da mansidão”.

Depois, outros “usam a rigidez – continuou o papa na sua amarga reflexão – para encobrir fraquezas, pecados, transtornos de personalidade e usam a rigidez” para se afirmar sobre os outros.

O que aconteceu com São Paulo é que ele não pode tolerar aquela que para ele – que cresceu na rigidez – é uma heresia. Assim, ele começa a perseguir os cristãos. Pelo menos, “ele deixava as crianças vivas – comenta o papa com desolação –; hoje, nem mesmo isso”.

Saulo se dirigia a Damasco para levar como prisioneiros os fiéis em Cristo, para levá-los para Jerusalém. Mas, no caminho, ocorreu o encontro “com outro homem que fala com uma linguagem de mansidão: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’”. É Jesus quem lhe fala.

Eis que o rapaz, “o rapaz rígido que se tornou um homem rígido – mas honesto! – fez-se criança e se deixou conduzir para onde o Senhor o chamou”. É a demonstração da “força da mansidão do Senhor”. Saulo se torna Paulo e anunciará Deus até o fim da sua vida, sofrendo por Ele: “E, assim, esse homem prega aos outros a partir da própria experiência, de um lado para o outro: perseguido, com tantos problemas, também na Igreja, ele teve que sofrer o fato de os próprios cristãos brigarem entre si”.

Mas “ele, que havia perseguido o Senhor com o zelo da Lei, dirá aos cristãos: ‘Com o mesmo com que vocês se afastaram do Senhor, pecaram, com a mente, com o corpo, com tudo, com os mesmos membros, agora, sejam perfeitos, deem glória a Deus”.

Pode-se notar “o diálogo entre a suficiência, a rigidez e a mansidão”, observou o papa: “O diálogo entre um homem honesto e Jesus que lhe fala com doçura”.

Para alguns, a existência de São Paulo “é um fracasso”, assim como a de Jesus: ao contrário, “esse é o caminho do cristão: ir em frente pelos rastros que Jesus deixou, rastros da pregação, rastros do sofrimento, o rastro da Cruz, o rastro da ressurreição”.

Por fim, uma invocação: “Peçamos a Saulo, hoje, especialmente, pelos rígidos que existem na Igreja; pelos rígidos honesto como ele, que têm zelo, mas erram. E pelos rígidos hipócritas, aqueles da vida dupla, aqueles aos quais Jesus dizia: ‘Façam o que eles dizem, mas não aquilo que eles fazem’. Rezemos pelos rígidos hoje”.

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