04 Mai 2017
“Sou contrário à eutanásia, acho que seria preciso encontrar outra palavra, mas a autodeterminação do paciente é um princípio irrenunciável.” Vito Mancuso, teólogo de renome internacional, recebe com satisfação a decisão dos procuradores de Milão de exigir o arquivamento de Marco Cappato [tesoureiro da Associação Luca Coscioni que havia auxiliado e acompanhado o suicídio assistido do DJ Fabo]: “Uma decisão sábia. Sinto satisfação e alívio.”
A reportagem é de Giampiero Calapà, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 03-05-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Teria sido injusto processar Cappato?
Teria sido injusto e paradoxal. Esse é um passo na direção da plena justiça, como o L’Osservatore Romano lembra: a cada um o que é seu.
Portanto, você seria favorável à legalização da eutanásia na Itália?
Eu deveria refletir um pouco mais a respeito: cessando os tratamentos, a morte chega sem dor com uma sedação profunda. Eu não seria entusiasta de uma solução que implicasse a injeção de medicamentos letais. Eu gostaria de um fim natural que ajudasse o paciente a não sofrer.
Você avaliou positivamente a aprovação parlamentar da lei sobre o testamento biológico?
Sim, acho que, quanto menos usarmos o termo “eutanásia”, melhor. Devemos fazer as contas também com uma dimensão irracional da mente que, com essa palavra, evoca um mal.
E então?
Seria preciso encontrar outra palavra que ainda permita a livre autodeterminação do paciente. Garantir ao paciente, justamente, a possibilidade de cessar os tratamentos. Acredito que um Estado laico deve garantir a cada um a condução da última página da própria vida.
Para você, então, é melhor que a forma como morreram o DJ Fabo e Davide Trentini na Suíça não seja uma possibilidade na Itália?
Pode-se estar de acordo ou não com o fato de pôr fim à vida desse modo. Mas, repito, é justo ter a possibilidade de se autodeterminar. A morte não se contrapõe à vida: é instinto de sobrevivência não se deixar sobrecarregar e poder decidir quando interromper os sofrimentos.
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"Não à morte por injeção letal. A vontade do paciente deve ser respeitada." Entrevista com Vito Mancuso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU