04 Abril 2017
Filme narra a construção da usina hidrelétrica de Jirau entre 2011 e 2014 | Foto: Reprodução
O jornalista Caio Cavechini é o convidado de uma palestra na 7ª Semana do Jornalista da universidade ESPM, em Porto Alegre, nesta terça-feira (4). Ele falará sobre o documentário “Jaci – Sete Pecados de uma Obra Amazônica”, que trata da construção de Jirau, uma das maiores hidrelétricas do Brasil, erguida em meio à Floresta Amazônica no Rio Madeira, em Rondônia.
A informação é de Luís Eduardo Gomes, publicada por Sul21, 03-04-2017.
Entre 2011 e 2014, Cavechini acompanhou a vida de trabalhadores e de moradores da vila de Jaci-Paraná (RO), atingida pela construção da obra – viu sua população quadruplicar durante a construção -, e coletou depoimentos de autoridades e especialistas para traçar um retrato de seus impactos sociais, ambientais e trabalhistas. Iniciada em 2009, no segundo mandato de Lula, gerou uma série de embates dentro do próprio governo durante a fase anterior de licenciamento ambiental.
Jirau está na origem das divergências entre as então ministras de Lula, Marina Silva e Dilma Rousseff. No auge, mais de 25 mil operários trabalharam diretamente na obra, que custou R$ 19 bilhões, consumiu mais de dois milhões de metros cúbicos de concreto para barrar o rio Madeira e só foi inaugurada oficialmente em dezembro passado, apesar de ter começado a gerar energia em 2013.
Cavechini conta que a ideia para o documentário surgiu quando viajou a Jaci, em 2011, para cobrir um grande protesto de trabalhadores da usina para o Profissão Repórter. Ele conta que, quando chegou lá, percebeu que o assunto precisaria ser “melhor explicado” e que os próprios trabalhadores tinham muitas imagens gravadas em celular. Ao final, mais de 30 tipos de câmeras diferentes foram utilizados durante a gravação, incluindo as filmagens dos operários.
Cavechini dividiu os temas em “pecados”, que são os sete capítulos do documentário que narra diversas facetas da construção de Jirau. Ele conta que a ideia para adotar essa divisão surgiu da frase que abre o trailer (ver abaixo): “Jaci é a cidade do pecado”. Além das partes que falam sobre o impacto ambiental e acidentes de trabalho, uma rotina durante a obra e muitos deles fatais, o documentário também traz capítulos que falam sobre o cotidiano das pessoas de Jaci e o que elas pensam sobre a obra, inicialmente, defendida por movimentar o comércio, incluindo o de cabarés.
“Quando começa uma obra desse tamanho, a população e os comerciantes sempre querem que aconteça, porque vai gerar movimento. Mas essas comunidades foram tão transformadas que, depois que a obra terminou, eles próprios, principalmente os comerciantes, já estavam percebendo que o dano foi maior que os benefícios”, diz o diretor do documentário.
Ao voltar a Jaci para a exibição do filme, lançado em 2015, Cavechini diz que se percebia que a obra tinha afetado o lençol freático e condenado o abastecimento de água da região.
O documentário foi produzido de forma independente pela ONG Repórter Brasil, com a qual Cavechini colabora.
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Documentário sobre construção de hidrelétrica na Amazônia é tema de debate em Porto Alegre - Instituto Humanitas Unisinos - IHU