20 Fevereiro 2017
O pedido é urgente e visa a ter, o mais rápido possível, os “presbíteros de comunidade”, termo preferido a “presbíteros diocesanos”, ou seja, “pessoas humana e cristãmente maduras”, como as define o grande eclesiólogo beneditino Ghislain Lafont, às quais é reconhecido o carisma para presidir a assembleia eucarística.
A reportagem é de Francesco Strazzari, publicada no sítio Settimana News, 18-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Quem mexeu mais uma vez as águas foi o bispo emérito de Jales, Dom Demétrio Valentini, que, na homilia no Santuário Nacional de Aparecida, no dia 14 de fevereiro, convidou a Igreja do Brasil a refletir sobre a questão dos católicos que não podem ter acesso à Eucaristia com frequência por falta de padres [assista ao vídeo abaixo].
Dom Demétrio falava no dia da comemoração dos 25 anos da Associação Nacional dos Presbíteros do Brasil. “Sem Eucaristia, não existe comunidade cristã. Isso foi afirmado solenemente aqui nesta basílica pelo Papa Bento XVI, na abertura da 5ª Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe. Sem Eucaristia, não existe comunidade cristã. Falta agora, então, conferir que consequências práticas tiramos dessa verdade tão importante afirmada pelo papa. E aí entra em cheio de novo a questão presbiteral”, afirmou corajosamente Dom Demétrio.
Ele acrescentou, dentre outras coisas: “O Papa Francisco, com sua coragem e, ao mesmo tempo, prudência, pediu que a CNBB apresentasse um projeto. Já seria uma motivação a ser assumida com presteza e dedicação. Pessoalmente, me permito aqui colocar minha posição, bem consciente de que pouco peso ela poderá ter. A vida ensina a relativizar as aspirações pessoais e a situá-las na dimensão mais ampla da história. Não importa se não conseguimos ver realizados todos os nossos sonhos, ainda mais agora que, como bispo emérito, não mando mais nada. Mas não mando dizer. Tomo a liberdade de pedir à CNBB que agilize a discussão do problema, para que a questão de contarmos com presbíteros de comunidade possa ir se definindo nos seus detalhes, para que possamos providenciar e implementar a disposição do Papa Francisco de dar andamento a esta providência, para que nesse assunto que envolve profundamente a vida da Igreja o papa não se veja, talvez, obstaculizado pela resistência eclesial interna, mas conte com o claro apoio da CNBB e em especial dos presbíteros do Brasil, representados hoje aqui pela Associação Nacional dos Presbíteros do Brasil”, afirmou.
Em favor dos presbíteros de comunidade, no dia 20 de outubro de 2016, haviam se expressado 18 bispos provenientes do Brasil, México, Chile e Argentina, reunidos em Embu das Artes, perto de São Paulo, para refletir sobre temas relacionados com a sua missão episcopal. Em uma “moção” assinada, pediam que as várias Conferências Episcopais abordassem “com urgência” o projeto de ordenar homens casados, para que possam exercer o ministério presbiteral nas suas comunidades.
“A questão – escrevem – já está há muito tempo sobre a mesa, e chegou a hora de passar para a ação. Tomamos a liberdade de sugerir que cada Conferência Episcopal coloque esse tema adequadamente a caminho, de modo que se chegue o mais cedo possível àqueles amplos consensos que a iniciativa requer.”
Os bispos signatários enviaram a “moção” ao cardeal Rubén Salazar Gomez, arcebispo de Bogotá e presidente do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), para que seja examinada “com afeto”. E, obviamente, com urgência.
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"Presbíteros de comunidade" casados: quando? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU