07 Dezembro 2016
No amplo cenário das mudanças climáticas, o setor de transporte é um dos que mais preocupa e exige mudanças rápidas. Em 2010, foi responsável pela emissão de 7,0 GtCO2 no mundo. Recente estudo apresentado na COP22, em Marrakech, elaborado pela Coppe/UFRJ, em parceria com a Shell, analisa alternativas sustentáveis para o transporte rodoviário, usando como parâmetro os projetos de mobilidade adotados no campus Cidade Universitária, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa tem como objetivo orientar as medidas que governos podem tomar para reduzir as emissões.
A reportagem é publicada por EcoDebate, 06-12-2016.
– As cidades universitárias representam, muitas vezes, uma amostra fidedigna de uma cidade real e servem como um laboratório para testar possíveis formas de minimizar os impactos promovidos pelo transporte -, analisa Suzana Kahn, coordenadora da equipe do laboratório urbano de mobilidade da UFRJ, responsável pelo estudo, destacando que o campus possui uma área de 5,2 milhões de metros quadrados, por onde circulam mais de 100 mil pessoas por dia.
Somente em 2015, os mais de 25 mil veículos que passaram diariamente pelo campus foram responsáveis pela emissão de 2.384 milhões de KgCO2 por mês. Como forma de reduzir esses impactos, a UFRJ vem testando os benefícios do aplicativo de carona solidária Caronaê, usado por alunos do campus, além de analisar o impacto no meio ambiente de outras formas de carona na universidade. Entre os meses de abril e junho deste ano, compartilhar o carro evitou mais de 123 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera e impediu que 38 mil novas viagens até o campus fossem realizadas. Em países da Europa que adotam o compartilhamento de automóveis, a redução de emissões chega a 54%.
De acordo com Suzana Kahn, os dados obtidos somente na universidade comprovam que é necessário debater formas de criar ações para tornar a mobilidade urbana mais sustentável.
– As opções para a redução de emissão de carbono na mobilidade compreendem alternativas tecnológicas, de gestão e de comportamento. Como exemplo das opções tecnológicas, temos veículos elétricos, de gestão, temos a questão de incremento de transporte público e, de comportamento, a preferência por transporte coletivo e deslocamentos não motorizados. Os desafios mais complexos estão associados à mudança de comportamento, uma vez que envolvem questões culturais, mas, no entanto, são os que apresentam maior benefício em longo prazo.
Com a perspectiva de crescimento da frota de automóveis para os próximos anos e a dependência dos combustíveis fósseis, os automóveis híbridos e elétricos despontam como alternativa para redução de emissões. Veículos elétricos despejam 55% menos dióxido de carbono do que os movidos a gasolina. Em um cenário de ruptura para tornar a mobilidade urbana menos poluente, o estudo estima a drástica redução de emissões até 2050, caso o Brasil siga uma tendência mundial de eletromobilidade. No entanto, impasses como a pesada carga tributária que incide em veículos desse tipo, falta de rede de carregadores para os automóveis, sobrecarga na matriz energética, entre outros pontos, podem dificultar a introdução e a ampla permanência no país
– Não basta que se eletrifique o setor de transporte, mas que a geração de energia elétrica tenha bases renováveis. Vale ressaltar que o sucesso do uso em larga escala da energia renovável está intimamente ligado com o desenvolvimento de soluções para a armazenagem desta energia.
Segundo Suzana Kahn, no cenário da UFRJ, a utilização de carros elétricos poderia reduzir as emissões de CO2 em até 75% até a metade do século e em 68% em relação ao que foi emitido pela Cidade Universitária durante o ano passado.
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Estudo inédito da Coppe/UFRJ aponta para a necessidade de alternativas sustentáveis de transporte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU