22 Novembro 2016
Em seu primeiro pronunciamento à nação desde o discurso da vitória, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o país abandonará o acordo de livre comércio Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) em seu primeiro dia de governo.
A informação é publicada por BBC Brasil, 22-11-2016.
Em um vídeo divulgado na internet, ele detalha os planos para seus 100 primeiros dias na Casa Branca, entre os quais está investigar "todos os abusos dos programas de vistos", que "afetariam negativamente os trabalhadores americanos".
Não houve menção, contudo, ao fim do Obamacare (lei federal que obriga a todo habitante dos Estados Unidos ter um seguro-saúde que cumpra critérios mínimos) e à construção do muro na fronteira com o México. As medidas haviam sido prometidas pelo republicano durante a campanha.
Trump disse que acabará com as restrições à produção de energia suja --como a queima de combustíveis não renováveis como carvão-- em nome da criação de empregos.
A criação de empregos, aliás, foi o principal foco do anúncio -- e a principal justificativa para abandonar o acordo comercial com países da Ásia e Américas no Pacífico.
"(O TPP) é um potencial desastre para nosso país", disse Trump. "Em seu lugar, nós vamos negociar acordos bilaterais justos, que tragam de volta empregos e indústrias de volta para a América", acrescentou.
O TPP foi firmado em fevereiro deste ano por 12 países que, juntos, representam 40% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, mas ainda precisa ser ratificado.
Abandonar o acordo, considerado uma das principais conquistas da política comercial da gestão de Barack Obama, foi uma das promessas de campanha de Trump.
Além dos Estados Unidos, 11 países formam o TPP. Três deles são latino-americanos: México, Peru e Chile. Japão, Malásia, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Cingapura, Brunei e Vietnã completam a lista.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, foi um dos primeiros a reagir ao anúncio de Trump dizendo que, sem os Estados Unidos, o acordo não "tem sentido".
Já o premiê da Nova Zelândia, John Key, optou por um tom mais duro.
"Os Estados Unidos não são uma ilha. Não podem dizer que não vão negociar com o resto do mundo e em algum momento terão de levar isso em consideração", afirmou.
Para entrar em vigor, o acordo tem de ser ratificado em fevereiro de 2018 por pelo menos seis países que, juntos, respondem por 85% do PIB do grupo.
Alguns sindicatos americanos criticam o TPP dizendo que o acordo poderia afetar negativamente a mão de obra local, gerando desemprego.
O objetivo do TPP é fortalecer os laços econômicos entre os países-membros e incentivar o crescimento, com a redução de tarifas comerciais, por exemplo.
Também há medidas para reforçar legislações ambientais e trabalhistas, direitos autorais, patentes e outras proteções legais.
Críticos dizem, no entanto, que o acordo foi negociado em segredo e favorece grandes corporações. Durante a cúpula Ásia-Pacífico, realizada durante o último fim de semana em Lima, no Peru, líderes mundiais afirmaram que continuariam a buscar acordos de livre-comércio, apesar da resistência de Trump.
O republicano também anunciou as seguintes medidas:
Suspender restrições à produção de energia não-limpa (queima de carvão, por exemplo) que "eliminam postos de trabalho" e criar empregos bem remunerados.
Solicitar ao Departamento de Defesa que "desenvolva um plano para proteger a infraestrutura vital dos Estados Unidos de ciberataques e todas as outras formas de ataques".
Determinar a investigação de "todos os abusos dos programas de vistos" que afetam negativamente os trabalhadores americanos.
Proibir os funcionários do governo de se tornarem lobistas depois de deixar seus cargos, por um período de cinco anos (para lobbies em favor de governos estrangeiros, o veto será "para toda a vida").
"Esses são alguns dos passos que daremos para reformar Washington e reconstruir a nossa classe média", disse Trump.
A posse do republicano está marcada para o dia 20 de janeiro de 2017.
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Polêmicas sobre comércio e clima: as 6 medidas que Trump anunciou para seus 100 primeiros dias de governo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU