Por: André | 02 Março 2016
Ernesto Calvo, como cientista político, analisou a rede do caso Nisman, a informação sobre as crises de Michelle Bachelet e Dilma Rousseff e as últimas eleições presidenciais na Argentina. Nesta entrevista, derruba alguns mitos sobre essa rede social e mostra como nela reina a polarização política.
O Twitter intensifica e mobiliza. Reflete, embora também exacerbe, a atual polarização política que se vive na Argentina em nível político e sócio-cultural. Um fosso que tem seu correlato – e é promovido – nas coberturas dos meios massivos de comunicação. Este comportamento da rede Twitter é analisado por Ernesto Calvo, cientista político argentino e professor na Universidade de Maryland, em seu recente livro Anatomia Política do Twitter na Argentina, tuitando #Nisman (Capital Intelectual).
A entrevista é de Natalia Aruguete e publicada por Página/12, 29-02-2016. A tradução é de André Langer.
Eis a entrevista.
É possível jogar por terra o mito da democratização do fluxo da informação promovido pelas redes sociais, fundamentalmente no caso do Twitter?
O motivo pelo qual é tão difícil sustentar a ideia da democratização do Twitter é que, enquanto a maioria das pessoas pensa que os diálogos que se produzem neste tipo de redes sociais estão em permanente mudança e que sempre há novas redes com novos atores que entram e outros que saem, vemos que o grupo que está em diálogo é muito estável e permanente. O que fazemos é simplesmente permitir que os diálogos na rede ativem zonas; certos diálogos e certas palavras chaves ativam determinadas zonas da rede, mas como esta também é muito estável é mais conectada por aqueles atores que têm um peso maior.
Como essa estabilidade consegue consolidar-se em uma rede definida como uma “entidade hierárquica dominada por poucos atores”, segundo afirma em seu livro Anatomia Política do Twitter na Argentina?
Nas redes sociais, os amigos de meus amigos têm mais amigos que eu. Em todas as redes que são hierárquicas, há certos indivíduos que são muito ativos. Por isso, todos os demais estão conectados a esses indivíduos. Dado que estes indivíduos estão sempre conectados, essa rede se mantém muito estável. As comunicações que se produzem são permanentemente ricocheteadas por esses atores e ali se concentra a informação.
Como é possível medir essa hierarquia no Twitter?
O nível de concentração da rede é observado ao se medir em que medida os amigos que eu tenho têm mais amigos sciolistas (Daniel Scioli) que os amigos sciolistas que eu tenho. Ao mesmo tempo, os amigos macristas (Mauricio Macri) têm mais amigos macristas que eu, porque todo o tempo a rede está subindo os atores políticos que estão mais conectados, que são, além disso, atores socialmente de peso.
Ou seja, a rede, em vez de torná-los mais importantes, reproduz um peso social que já têm.
Claro. Nessa rede que dá voz às pessoas que já são importantes começam a aparecer alguns atores de ocasião, como blogueiros ou gente que logo fica montada sobre essas redes e que são retuitados e que, portanto, começam a crescer como se fossem meios próprios, como se fosse um diário ou uma rádio. São atores que começam a ascender, mas uma vez que ascendem, as conexões que eles geram também são estáveis. Ao crescer, a rede vai incorporando pessoas que começam a repetir determinadas áreas de informação e ficam situadas na rede perto de outras pessoas, de maneira que volta a se estabilizar. No começo, a rede do Twitter mudava mais rapidamente; a rede que eu via há um ano, quando irrompeu o caso #Nisman, era muito parecida com a que vejo hoje.
Em que medida a rede #Nisman, que você estudou, evidencia a polarização político-social que existe na Argentina?
Nisman permitiu que esta rede, que já estava formada e era bastante ativa, chegasse à maturidade. A explosão de informações que houve ali consolidou vínculos, polarizou e estabilizou antes que começasse a televisão. Por um lado, a rede mostrava muito bem a polarização que estava se estruturando em nível midiático. Por outro lado, era como a fogueira das vaidades: um caso que exemplificava como se operava no Twitter e que tipo de atores começava a ganhar relevância.
Uma das conclusões a que chega no livro é que, no final das contas, todas as redes são #Nisman.
Quando se vê a rede do caso #Nisman e se vai vendo todas as redes durante o processo eleitoral, até o final da campanha, os atores e suas posições permanecem muito estáveis. Produzem-se algumas mudanças, como o caso de @elkaiser63, que passou a estar mais próximo do governo e se deslocou para o lado da oposição.
Por quê?
Porque sempre está rodando na periferia da rede política e vai tomando diferentes posições. Ao contrário de alguns atores que estavam em um campo ou outro, há certos blogueiros que cortam transversalmente e que ativam partes de toda a rede.
Esses casos são os que no livro você define como “operadores”?
Não, os operadores seriam os trolls. São atores que, em vez de tentar ser mais importantes, populares e transmitir conteúdos, produzem reações políticas, galvanizam a política, transmitem informações falsas, expulsam determinados atores de uma parte da rede... “põem fogo” na rede.
Estes operadores estão conectados com atores políticos?
Alguns sim, outros não. No caso da rede de Nisman havia alguns atores, como o “falso procurador Nisman”, uma identidade falsa criada em alguma interseção entre a direita venezuelana e a direita argentina, que tinha objetivos de intervenção política bastante claros. Muito desse setor estamos vendo no caso da Dilma, no Brasil.
O que observaram, concretamente, no caso da Presidenta Dilma Rousseff?
No caso da Dilma, há uma parte da direita venezuelana que detectamos no caso da Bachelet e na Argentina. Há um grupo de operadores profissionais que está operando regionalmente e isso pode ser observado. Também há muitos que são locais, onde a rede cresce rapidamente e os discursos se propagam bem.
Estes operadores, identidades falsas, têm impacto, mas estão fora do núcleo duro da rede opositora do caso Nisman, onde se tem contas como Liliata Carrió, como os jornais La Nación e Clarín, atores políticos que tem peso em nível local.
Essas falsas identidades que conectam vários países têm intervenções que são chamativas. Subidamente, algumas coisas se propagam, alguns tuítes, mas não diria que podem estar todo o tempo dentro e participar. Costumam entrar ocasionalmente; não são seguidos por muita gente, mas de repente se tornam importantes e gente de dentro os retuita.
A função destes atores é colocar fogo na rede?
A função é polarizar, galvanizar e construir operações que são intervenções políticas. No caso da Dilma há muitas diferenças, estamos medindo as hashtags para ver como se propagam.
Em que se traduzem essas diferenças?
São diferentes grupos que estão procurando promover essas hashtags e vê-se que se propagam de modo diferente; os que vêm de fora não conseguem crescer muito. Notamos isso também aqui; quando ocorreram as enchentes houve uma crítica muito forte ao sciolismo. Na realidade, a crítica no Twitter se manteve no circuito vinculado com a oposição, não conseguiu passar para o outro lado. Este tipo de operação que trata de galvanizar as redes, como no caso da falsa identidade de Nisman, não duram muito tempo, não conseguem penetrar, salvo se alguém de dentro da rede, que venha da zona mais central, o tome por sua conta e aí sim se dissemina.
Em termos políticos, que papel joga a blindagem destas comunidades que não são permeáveis?
Como a informação não circula de uma parte da rede para a outra, mobilizam os atores, mas não convencem...
Não produzem conversões nas opiniões, digamos.
Exatamente. Não produzem conversões, porque não vão a outro grupo. Então o que fazem é intensificar e mobilizar a própria rede. As pessoas dizem: “é uma câmara de eco”, porque a mensagem que eu jogo na rede é uma mensagem muito similar àquela que volta.
O interessante é que as pessoas pensam que é uma câmara de eco porque retorna uma mensagem, mas na realidade lhe vêm 20 razões pelas quais você tem razão, não uma.
Não é que é uma câmara de eco que repete exatamente o que eu postei; repete com diferentes argumentações porque você tem razão, motivo pelo qual valida de muitas formas aquele que tem muitas informações que demonstram que você está certo.
Isso faz com que essa pessoa se torne mais intensa em sua percepção de ameaça e mais disposto a se mobilizar. Então o efeito mobilizador das redes é muito maior que o do conhecimento.
Diante desta função de consolidação de ideias prévias, você acredita que a rede possui maior capacidade de mobilização do que a informação que circula nos meios massivos?
Sim. Não tanto pelo modo como a informação seja distribuída, mas pelo modo como atinge o grupo. Os meios massivos, em geral, não podem produzir o mesmo tipo de resposta afetiva. As mensagens não são uma comunicação denotada, sem segundas mensagens, mas uma tentativa de contatar efetivamente.
As mensagens que conseguem ser exitosas no Twitter são aquelas que produzem respostas irônicas, indignação, humor, ira, e permite a um tuíte propagar-se rapidamente.
É raro que uma nota do La Nación, do Clarín, do Página/12, de qualquer jornal, produza esse tipo de efeito. Rudy & Paz propõe esse tipo de conteúdo. Algumas piadas políticas têm a capacidade de produzir este tipo de reação afetiva, que forma comunidades.
No espaço do Twitter não há argumentos dedutivos que convencem pela solidez que têm ao se expressar. Em geral o fazem porque têm capital emotivo que lhes permite reproduzir-se. Os meios tradicionais não podem conseguir isso.
Que tipo de relação você observa entre a informação que circula nos meios tradicionais e as redes sociais? Mais precisamente, o fato de que em uma conta do Twitter se cite informações de um meio massivo significa necessariamente que se assuma um efeito de agenda por parte deste meio massivo?
O Twitter permite distinguir se determinado conteúdo está sendo retuitado ou modificado, isto é, se é acrescentado como uma mensagem interna a outra. O que se retuita, em geral, não é modificado. Por outro lado, mesmo quando se tem uma fração de retuítes irônicos, como as redes são estáveis, o grosso da transmissão é dado pelo retuiteo de informações de pares com as quais se concorda.
Em algum sentido, importa menos a informação transmitida do que as redes estáveis que a transmitem. Sempre se vê as mesmas pessoas e por isso as redes são estáveis, senão estaria mudando cada vez que alguém transmite uma informação e fosse opositor de um modo irônico. De repente poderia parecer como se houvesse outra rede, mas as redes sempre se parecem consigo mesmas.
Novamente, como se dá a relação entre a informação que circula nos meios massivos e aquela que é transmitida na rede?
Há muita identidade.
Identidade, em que sentido?
Identidade no sentido de que se transmite informação consistente com aquela oferecida pelos meios tradicionais. O que está ocorrendo agora – em Nisman já vimos isso, mas cada vez mais isso fica claro – é que os meios tradicionais estão deixando de usar o Twitter e as redes sociais como uma forma simples de postar suas notícias e estão gerando eventos de redes sociais.
Poderia dar um exemplo?
Um dos tuítes mais retuitados foi o do La Nación, naquele que se mostra que enquanto todos os jornais estão transmitindo a morte de Nisman um canal de TV pública está passando um programa de culinária. Esse tuíte é irônico e é feito como um evento de Twitter. Muitos meios de comunicação estão integrando suas plataformas internet, seus jornalistas, e estão começando a produzir a data não para um jornal, mas diretamente como ferramentas comunicacionais integradas.
As sondagens no Twitter respondem a este tipo de comportamento? Que função elas cumprem?
Agora esse dispositivo no Twitter foi mudado. Uma das opções é que se pode agregar imagens, localização e sondagem. Mas há uma diferença com o que havia antes, e então não está enviesado desde a origem.
Em que consistia este viés?
Antes, uma sondagem dizia: “se a resposta for ‘sim’, retuíte-a; se a resposta for ‘não’, coloque ‘fav’/‘gosto’”. Então, a informação se propagava pelo retuíte. Agora há as opções relativas a uma sondagem, mas o resultado não é diferente. Vimos isso no debate presidencial (entre Mauricio Macri e Daniel Scioli). No debate, já haviam colocado em ação a nova modalidade de sondagem, mas as sondagens que os diferentes meios de comunicação faziam estavam muito enviesadas, porque se comunicavam pelas mesmas redes.
Que elementos do debate lhe pareceram demonstrativos?
Infobae, Clarín e La Nación, todos colocaram seus próprios tuítes. Quem ganhou? Em vez de colocar: “se você gostou retuíte e se não gostou coloque ‘fav’”, você tinha as duas opções, o que era simétrico e não devia gerar viés para um ou outro. Mas a porcentagem que dizia que Macri ou Scioli ganhou estava totalmente distorcida pelos internautas que estavam comunicados com as contas dos jornais.
Então?
No Infobae, 90% das pessoas diziam que Macri ganhou, de maneira que o viés não se produz mecanicamente como antes, quando se podia fazer RT e isso se propagava, enquanto que FAV não se propagava, mas uma vez que se elimina isso de todas as formas produz-se um efeito da comunicação. As pessoas que recebem a sondagem são muito diferentes.
Agora que o Twitter adaptou isso para evitar que seja usado como uma falsa sondagem, de qualquer maneira o efeito mais importante é o efeito depositário, quem acede a essa sondagem.
O Twitter mostra a democracia direta como ideal quando o que há são comunidades massivas, então é muito difícil atingir essa tal democratização porque é difícil escutar todas as vozes, essas vozes automaticamente começam a ser hierarquizadas e se produzem aristocracias nas redes sociais como também na competição democrática.
Se partimos da hipótese de que na Argentina há uma polarização política, no poder político, nos meios de comunicação e na população, em que medida essa identidade que você encontra entre as agendas tradicionais e as redes sociais responde a um efeito de agenda generalizada ou a uma percepção seletiva das sondagens dos usuários que dialogam com os meios de comunicação tradicionais?
Sim, absolutamente. As pessoas não seguem aleatoriamente o La Nación, Clarín ou o Página/12. Por esta razão, o problema da dissonância cognitiva aparece imediatamente quando se fica conectado à internet (Nota da redação: Os indivíduos tentam reduzir o excesso de dissonância produzido pela justaposição de informação contraditória, descartando as mensagens que questionam seus valores e orientando-se para aquelas que reforçam conhecimentos existentes).
Pode-se aceitar uma, duas ou três mensagens de que se discorda, mas na quarta mensagem já se descarta. Nas comunidades ficam situados os jornais que já têm reputação e cujas mensagens são consistentes com o público, motivo pelo qual há elementos de efeito de agenda diante da capacidade seletiva de articular esses meios.
Esse comportamento se dá na Argentina ou atinge outros lugares?
Em outros lugares ocorre o mesmo. A diferença é que, em alguns lugares, há determinados meios de comunicação que estão polarizados. Os Estados Unidos são um lugar onde os meios de comunicação são muito polarizados, mas há alguns – como o New York Times – que tendem a aparecer no meio, porque suas mensagens circulam para mais comunidades. A reputação importa, a mensagem seletiva tem uma parte na qual há uma afinidade conceitual, ideológica, mas depois há outra que é um efeito reputacional, onde a informação que vem de determinados atores é muito confiável. O efeito reputacional é muito alto e esses atores ficam no meio das redes polarizadas.
Por quê?
Porque é informação confiável que é enviada por todas as comunidades, sempre e quando não produza inconsistência com os meios de comunicação que estão em cada um dos centros. Há países em que os meios de comunicação não estão polarizados e então ficam todos “cravados” no meio da rede. O que observamos nas eleições da Argentina, às vésperas do segundo turno, é que certos meios de comunicação, como o La Nación, se situaram do lado da oposição, e outros, como o Página/12, estavam mais perto do governo anterior. Mas há também certos jornalistas situados onde se veria o “fosso”, na parte do centro-abaixo.
O que acontece com esses jornalistas?
Acontece que, embora sejam mais assiduamente retuitados por um grupo do que por outro, não são absorvidos por uma comunidade dado que a outra comunidade ainda está retuitando parte da informação que eles produzem. Esse é um efeito da reputação. Quando um jornal fica muito colado a uma das redes, também está dizendo que sua reputação na outra comunidade está no chão.
No começo da entrevista, você disse que com o Twitter manifestou-se uma polarização que já existia nos meios de comunicação. Acredita que a polarização dos meios de comunicação de massa é causadora da polarização na rede ou correm de maneira independente?
O Twitter torna tudo mais extremo. Se uma rede que tem um só modo, por exemplo, #NiUnaMenos, tudo aponta hierarquicamente para o centro e fica um grupo muito mais unido do que realmente é e menos polarizado do que se veria de outro modo. Como meus amigos têm mais amigos do que eu, vai subindo pela rede para o centro da rede do #NiUnaMenos e a polarização diminui.
Em outros casos, quando há dois pólos – por exemplo, nos meios de comunicação –, Clarín e La Nación, por um lado, e o Página/12, de outro, os amigos dos meus amigos se aproximam de cada um dos grupos, então vai se acumulando e polarizando mais intensamente. Se há uma polarização tênue entre os meios de comunicação, no Twitter vai se exacerbar.
Em seu livro menciona casos de outros países, como a rede #Ferguson. O que descobriu nesse estudo?
O caso Ferguson tinha uma rede muito dominante de ativistas onde se conectava a maior parte das pessoas e um pequeno grupo muito recalcitrante ligado à polícia. No caso Dilma, há cinco redes que estamos vendo bastante bem definidas, os meios que nela se distribuem estão mais perto da oposição e vão empurrando as redes para esses diferentes modos. No caso Nisman, a direção que havia nos meios de comunicação se exacerba no Twitter, porque vai subindo hierarquicamente para um dos centros de cada uma dessas redes. Em uma carga afetiva, o Twitter consolida as comunidades.
A polarização midiática e das redes é um fenômeno local ou pode ser observado em toda a região?
Em alguns lugares, sim. No Brasil, definitivamente sim, assim como na Argentina. No Chile, um pouco. Vimos algo parecido na época da crise do gabinete de Bachelet, quando os meios de comunicação contribuíram para a polarização e o grupo que apoiava, ligado ao socialismo, era menor embora muito ativo e empurrou as comunidades. Neste momento, há uma comunidade muito recalcitrante da direita que estamos vendo no Brasil, no Chile e na Argentina. Ali, a direita venezuelana é muito ativa.
Como consegue observar essa atividade da direita venezuelana?
Diante da propagação de vários tuítes do caso #Nisman, se alguém segue o hashtag do Irã nota que a comunidade da Venezuela aparece bem definida – já que foi a que usou o hasthtag Irã – e se evidencia exatamente onde entra no debate sobre Nisman. Em outros lugares não se observa o mesmo.
Em quais?
No México, com Ayotzinapa. A rede não ficou polarizada. Era uma rede muito levemente opositora a (Enrique) Peña Nieto, onde o setor mais ligado ao governo não conseguiu criar uma contrarrede e competir. Diante disso, tentou turvar a rede, acrescentando muitas informações para sujá-la. Há alguns anos, as pessoas se perguntavam como controlar a rede, limitando a participação da rede ou vendo se havia formas de intervir na internet para diminuir a circulação.
Tanto no caso de Ayotzinapa como da crise gerada pela nomeação de sua sobrinha, Peña Nieto tentou acrescentar informações triviais com o hashtag de Ayotzinapa e de sua sobrinha e saturar o Twitter com esse tipo de informação, para que as pessoas que faziam as buscas acabassem em informações triviais. Se alguém solicita os tuítes dessa rede a partir do terceiro ou quarto mês, encontra-se com informações triviais, irrelevantes, que dizem: “música, música, música, #Ayotzinapa”.
Que êxitos teve essa saturação?
Muito pouco, porque como não está conectado à rede, se alguém faz uma busca geral pode levantar isso, mas as comunidades recebem as informações de suas comunidades, e estas não retuitavam estes hashtags. Sujaram a rede, mas no lugar onde sujaram não havia ninguém.
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“É difícil sustentar a ideia da democratização do Twitter”. Entrevista com Ernesto Calvo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU