20 Janeiro 2016
O Movimento Passe Livre (MPL) decidiu mirar, de uma só vez, no prefeito Fernando Haddad (PT) e no governador Geraldo Alckmin (PSDB). A quarta manifestação contra o reajuste da tarifa dos transportes, de 3,50 para 3,80 reais, acontece em São Paulo nesta terça-feira com concentração às 17h em Pinheiros. De lá, a marcha deve se dividir em duas, sendo que uma segue para a Prefeitura, e a outra, para o Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo estadual. O roteiro foi divulgado no final da manhã desta terça, na página do evento no Facebook.
A reportagem é de Gil Alessi e Marina Rossi, publicada por El País, 19-01-2016.
Além das duas manifestações nas regiões centrais da cidade, haverá mais dois protestos na periferia de São Paulo. Isso porque um dos maiores movimentos por moradia do Brasil, o dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), decidiu somar forças com o MPL na luta contra o aumento da tarifa e convocou dois protestos pela revogação do reajuste, que sairão do metrô Capão Redondo, zona sul de São Paulo, e do metrô Itaquera, na região leste, com concentração às 17h nos dois lugares. Pouco antes das 18h, o protesto as avenidas Rebouças e Faria Lima já estavam bloqueadas.
Desde o início do ano já ocorreram quatro protestos do Passe Livre pedindo a revogação do aumento - dois deles foram fortemente reprimidos pela Polícia Militar. No primeiro deles, no último dia 8, a PM disse que 3.000 pessoas estiveram presentes, enquanto que o MPL fala em 10.000; no último, que ocorreu no dia 15 em dois pontos da capital, o MPL afirmou que 11.000 estiveram presentes, enquanto que a PM não divulgou uma estimativa.
O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, vê com naturalidade a participação do movimento nos atos contra o reajuste. "É uma pauta que costumamos nos envolver com frequência, pois tem relação direta com os trabalhos de nossas bases", afirmou, lembrando que no ano passado e em 2013 os Sem Teto já haviam convocado manifestações contra a subida das tarifas. "Nós entendemos que fazer mobilizações no mesmo dia [que o MPL] é uma expressão clara de fortalecimento da luta", diz.
O trajeto a ser seguido pelas manifestações, que foi motivo de polêmica em atos anteriores, quando o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, exigiu que os movimentos divulgassem com antecedência a rota da marcha, deve provocar novo desentendimento entre os manifestantes e as autoridades. O MTST anunciou que só irá divulgar o itinerário do seu protesto no local.
Por meio de nota, a secretaria de Segurança Pública "lamentou", na noite desta segunda, "a ausência de comunicação prévia do trajeto pelo MPL". Afirmou ainda que o MTST realiza comunicações prévias dos seus atos, assim como a Força Sindical. Guilherme Boulos, porém, nega que essa seja, de fato, uma prática do movimento. "Não divulgamos o trajeto. Estranhei a nota do Governo do Estado de dizer que nós havíamos divulgado o trajeto", disse. "Nós somos frontalmente contrários à forma que o Governo tratou os atos do Movimento Passe Livre no centro. O Governo não precisa autorizar ou desautorizar trajeto [de uma manifestação]".
Em reunião com o Ministério Público na segunda-feira, integrantes do MPL afirmaram que divulgariam o trajeto do ato hoje, mas que "isso não significa que divulgaremos sempre", segundo Luize Tavares.
Na reunião na segunda, o MPL pediu que o MP interviesse na questão da tarifa, investigando se houve ou não abuso no reajuste. Já existe um inquérito civil instaurado pela Promotoria de Habitação e Urbanismo, para investigar a questão, mas o MP ainda não tem um prazo para que as investigações sejam retomadas.
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Passe Livre mira em Haddad e Alckmin em nova manifestação contra a tarifa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU