Tornado devastador no Paraná antecede a COP30 no Brasil, sobre os desafios da crise climática

Foto: Jonathan Campos/AEN | Agência Brasil

Mais Lidos

  • “O capitalismo do século XXI é incapaz de atender às necessidades sociais da maioria da população mundial”. Entrevista com Michael Roberts

    LER MAIS
  • Zohran Mamdani está reescrevendo as regras políticas em torno do apoio a Israel. Artigo de Kenneth Roth

    LER MAIS
  • Guiné-Bissau junta-se aos países do "cinturão de golpes militares" do Sahel e da África Ocidental

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

10 Novembro 2025

O tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, no sul do Brasil, é destaque na imprensa internacional deste sábado (8). Os bombeiros ainda mantêm as operações de busca e resgate nas áreas afetadas. Diversos jornais franceses relataram o fenômeno natural, com ventos de até 250 quilômetros por hora, que deixaram pelo menos seis mortos e mais de 400 feridos.

A reportagem é de Maria Paula Carvalho, publicada por RFI, 08-11-2025.

O Le Monde relata que o tornado que atingiu a região na sexta-feira (7) destruiu 80% da infraestrutura da cidade de 14.000 habitantes, localizada a 300 quilômetros das famosas Cataratas do Iguaçu. O vento virou carros e destruiu casas.

Em um comunicado, o governo do Paraná informou um balanço inicial de 432 pessoas feridas, nove em estado grave. Várias precisaram passar por cirurgias. Duas pessoas estão desaparecidas.

Equipes de resgate vasculham os escombros em busca de sobreviventes ou corpos. Um abrigo foi montado em uma cidade vizinha. O tornado foi acompanhado por uma tempestade, ventos violentos e granizo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma mensagem no X, expressou seu “profundo sentimento a todas as famílias que perderam seus entes queridos no tornado” e prestou “solidariedade a todos os afetados".

Alerta elevado no país da COP30

O Rio de Janeiro e São Paulo também elevaram seu nível de alerta devido a fortes ventos e chuvas. As autoridades pediram para a população evitar viagens.

“Estamos trabalhando em planos de ajuda humanitária, envio de equipamentos e apoio à reconstrução”, anunciou o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, em sua conta no Instagram.

O jornal Le Figaro cita o alerta do Instituto Nacional de Meteorologia para o “perigo de tempestade” em todo o Paraná, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina e com o Uruguai.

O site da RFI, em francês, descreve imagens exibidas na televisão brasileira neste sábado, que mostram “cenas apocalípticas: carros capotados, telhados arrancados e casas completamente destruídas”.

A reportagem destaca que “desde o início do mês, diversas cidades do Paraná têm sofrido com chuvas torrenciais, tempestades, ventos fortes e granizo”. O texto explica que “segundo cientistas, as mudanças climáticas causadas por atividades humanas estão tornando esses eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e destrutivos”.

O site FranceInfo ressalta que este desastre ocorre no momento em que o Brasil vai sediar a COP30, a Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, que começa oficialmente na segunda-feira (8) em Belém, na região Norte, no outro extremo do país.

Na cúpula de líderes realizada quinta e sexta (6 e 7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a “COP da verdade”, com decisões baseadas nos conhecimentos científicos sobre o aumento da temperatura global – causado, principalmente, pela produção e pelo consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão.

O Brasil defendeu o cumprimento do objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até o fim deste século, meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, assinado há 10 anos.

Ministra defende ouvir povos indígenas

Em uma entrevista à AFP publicada neste sábado, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, disse esperar que os povos indígenas consigam desempenhar papéis de destaque na COP30, em Belém. Ela afirma que, sem eles, "não há futuro para a humanidade".

Maior país da América Latina, o Brasil tem 1,7 milhão de indígenas, distribuídos em 391 etnias que falam 295 línguas, em uma população total de mais de 200 milhões de habitantes.

Especialistas concordam que os povos originários têm um papel importante na preservação das florestas tropicais que, por sua vez, têm impacto direto no aquecimento global.

“Comprovadamente, a presença indígena, seja em território demarcado ou não, é garantia de água limpa, de biodiversidade protegida, de alimentação sem veneno, de floresta em pé”, afirmou Guajajara.

Na largada da Cúpula do Clima, indígenas protestaram contra a pouca participação das comunidades locais amazônicas nos eventos oficiais da COP30. “A COP está acontecendo na Amazônia, mas a gente está do lado de fora do centro das negociações”, disse à RFI Walter Kumaruara, liderança do Baixo Tapajós.

Leia mais