28 Outubro 2025
O processo sinodal foi um trabalho longo, mas enriquecedor "acima de todas as expectativas". Não tem dúvidas sobre a importância de sua experiência Ludovica Montesanto, 34 anos, da Diocese de Treviso, membro do Comitê Nacional do Caminho Sinodal da Igreja Italiana e do movimento de jovens economistas fundado pelo Papa Francisco, A Economia de Francisco. Foi uma oportunidade de "amadurecimento espiritual e crescimento nas relações", explica ela.
A entrevista é de Agnese Palmucci, publicada por Avvenire, 26-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis a entrevista.
Como foi vivenciar, como jovem, o Caminho Sinodal?
Somos poucos no Comitê, nós jovens, apenas uma dezena com menos de 35 anos. No entanto, muitos nos disseram que nossa contribuição foi significativa e realmente tentamos ser os mais incisivos possíveis. Devo dizer também que nos sentimos muito apoiados pelos mais velhos. Como jovens, sempre tentamos enfatizar a importância da proximidade, incentivando todos a deixar de lado qualquer resposta já pronta.
Em quais questões vocês mais se concentraram?
Como dizia, tentamos nos concentrar principalmente no estilo de uma Igreja que não deve sempre ter todas as respostas, mas se coloca à escuta daqueles que pretende encontrar. É um estilo diferente que coloca a pessoa de volta no centro, pelo que ela realmente é. Portanto, todas as instâncias em relação a jovens, mulheres, pessoas LGBTQ+ e aqueles que vivem em situações relacionais diferentes do sacramento do matrimônio foram muito importantes para nós. Também insistimos em dar voz às pessoas que foram vítimas de abusos de vário tipo. Também tentamos incentivar a reflexão sobre a linguagem que se usa na anunciação do Evangelho e nas liturgias, pedindo que seja cada vez mais inclusiva.
Também estão sendo apresentados pedidos em relação ao papel das mulheres. Como jovem mulher e leiga, o que espera para a Igreja nessa questão tão atual?
Então, outra questão importante para nós como jovens é certamente aquela das mulheres na Igreja. Na minha opinião, se realmente se procedesse seriamente na valorização do papel da mulher, já tão presente e ativa no serviço, já seria um bom ponto de partida. O problema é que somos muito ativas, mas depois não estamos presentes nos lugares onde as decisões são tomadas. Todas estamos cientes que se trata de um trabalho longo, de conhecimento e de aprofundamento, e que há uma grande necessidade de formação. Mas este é o tempo das mudanças firmes e decisivas.
Um elemento interessante é a solicitação de uma maior atenção para a faixa dos jovens adultos.
Esse também é uma demanda que partiu da gente. Percebemos que muitas vezes nós, jovens adultos, entre 25 e 35 anos, não somos esquecidos pela Igreja, mas, na verdade, faltam propostas de formação que incluam uma faixa etária específica como a nossa. Esse é justamente o momento da vida em que as pessoas muitas vezes fazem as suas escolhas definitivas, e nos deparamos com a falta de ferramentas, propostas concretas e programas de acompanhamento. Ao mesmo tempo, porém, também quisemos enfatizar o fato de que a formação deve ser concebida como contínua ao longo da vida e deve ser integrada e integral, de modo a contemplar a pessoa na sua totalidade. Portanto, há necessidade de trajetórias de formação que envolvam a espiritualidade, a liturgia e os sacramentos, sem esquecer o âmbito relacional, afetivo, cultural e social.
Leia mais
- O Caminho Sinodal não é mais um caminho especial. Entrevista com Peter Kohlgraf
- O caminho sinodal é fundamental para a formação sacerdotal e religiosa, segundo o cardeal Gianfranco Ghirlanda
- O caminho da sinodalidade. Um estilo de viver e atuar na Igreja. Artigo de Enzo Bianchi
- Caminho sinodal: a Igreja em escuta e seus canteiros de obras
- Caminho Sinodal em nível paroquial
- O caminho da sinodalidade. Um estilo de viver e atuar na Igreja. Artigo de Enzo Bianchi
- “Com os jovens rumo a uma sinodalidade missionária. Síntese de uma experiência eclesial”
- Não apenas sinodalidade. Artigo de Giancarla Codrignani
- O que é sinodalidade? Artigo de Massimo Faggioli
- A sinodalidade, modo de ser Igreja no século XXI. Manaus e a Assembleia Sinodal