30 Setembro 2025
Investigação do Greenpeace identificou a compra pela JBS de gado criado ilegalmente na Terra Indígena (TI) Pequizal do Naruvôtu, localizada na Amazônia matogrossense. A carne foi destinada ao mercado interno e também exportada para a União Europeia, a Ásia e as Américas.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 29-09-2025.
Segundo a organização, a situação é um exemplo da chamada “lavagem de gado”: o boi foi criado em área irregular – impactada pelo desmatamento via grilagem – mas depois enviado para outra fazenda, sem ilegalidades, antes de ser vendido à JBS, detalhou O Globo.
A fazenda em questão, a Três Coqueiros II, foi responsável por movimentar 1.238 bois para outra propriedade, a fazenda Itapirana, localizada a 2 km de distância, entre janeiro de 2018 e janeiro de 2025. Essa fazenda vendia depois o gado para frigoríficos da JBS.
Três Coqueiros II é de propriedade de Mauro Fernando Schaedler, cujas fazendas espalhadas na Amazônia somam mais de R$ 3,1 milhões em multas ambientais. Ela está parcialmente situada na TI Pequizal do Naruvôtu, homologada pela FUNAI em 2016.
O avanço predatório de pecuaristas segue após quase uma década: em maio deste ano, após contestação na Justiça, o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou a validade da demarcação.
“Sem o controle de todos os fornecedores, diretos e indiretos, a carne com irregularidade acaba ‘contaminando’ toda a cadeia de produção. Ela é vendida para supermercados e consumidores misturada àquela produzida de forma regular”, afirmou o Greenpeace.
Em resposta, a JBS disse que o Greenpeace “falhou em demonstrar o trânsito do gado da fazenda Três Coqueiros para as suas fábricas”, mas que, diante das informações, bloqueou preventivamente a Fazenda Itapirana e solicitou esclarecimento ao produtor.
InfoMoney, Money Times, Revista Amazônia, Gigante 163 e Intercept também falaram sobre a compra de gado ilegal praticada pela JBS.
Em tempo
Depois da intervenção do ministro Luiz Marinho no processo que pode incluir a JBS na lista suja do trabalho escravo, os coordenadores estaduais de Combate ao Trabalho em Condições Análogas à Escravidão do Ministério do Trabalho e Emprego entregaram seus cargos no governo. Segundo os coordenadores, a ação do ministro representa uma interferência política indevida e ilegal. Repórter Brasil e g1 deram mais detalhes.
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