Tarcísio: Caiu a máscara de “presidenciável moderado”? Artigo Luis Nassif

Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP

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09 Setembro 2025

"Em 7 de setembro, governador de SP abraçou o bolsonarismo. Talvez queira consolidar sua base, que inclui militares, antipetistas e grandes empresários. Mas ao fazê-lo abre espaço para Lula ampliar frente de apoio com o “centro” democrático e órfãos da terceira via" escreve Luis Nassif, jornalista, em artigo publicado por Jornal GGN e reproduzida por Outras Mídias, 08-09-2025.

Eis o artigo.

Em seu discurso na Avenida Paulista, Tarcísio de Freitas deixou claro que não pretende mais manter a imagem de moderação. Com críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal e uma defesa enfática da candidatura de Jair Bolsonaro, o governador sinalizou sua adesão ao campo mais radical da direita.

Nem os mais próximos parecem convencidos da sinceridade dessa defesa. Mas o que importa não é a convicção pessoal — e sim o significado estratégico do gesto.

A nova configuração de alianças

O arco de apoio de Tarcísio é composto por quatro pilares principais:

Bolsonaristas, atraídos pelo discurso de confronto.

Grupos de PMs e militares, seduzidos pela promessa de cargos e prestígio.

Mercado financeiro, interessado nas oportunidades de privatização e desmonte do Estado.

Antipetistas em geral, que veem em Tarcísio uma alternativa viável à esquerda.

O grupo “nem-nem” — nem Lula, nem Bolsonaro — parece ter sido descartado. Tarcísio aposta na radicalização como forma de consolidar sua base.

Coesão sem compromisso democrático

As estratégias para manter esse grupo unido são claras:

O radicalismo político alimenta os bolsonaristas.

A promessa de cargos públicos atrai os militares.

O mercado é seduzido pelas perspectivas de grandes negociatas — como já demonstrado na controversa privatização da Sabesp.

Com esses movimentos, Tarcísio se aproxima de figuras como Eduardo Bolsonaro e se afasta de qualquer compromisso com valores democráticos.

Lula reorganiza sua frente

A guinada de Tarcísio abre espaço para que Lula amplie sua frente de apoio, atraindo o centro democrático e os órfãos da terceira via. O presidente voltou a se movimentar com intensidade: retomou os almoços com parlamentares.

Enquanto Fernando Haddad consolida o discurso da progressividade tributária, Geraldo Alckmin atua junto aos setores industriais, e a palavra soberania voltou a ecoar com força no discurso governista.

Cenário em aberto

O tabuleiro político está em movimento. A radicalização de Tarcísio pode consolidar sua base, mas também abre espaço para uma frente democrática mais ampla. Resta acompanhar os próximos lances — inclusive os de Donald Trump, cuja influência sobre a extrema-direita global continua a reverberar no Brasil.

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