02 Agosto 2025
"Particularmente interessante é a conexão que Bettini estabelece entre a prática da antropologia do mundo antigo e as funções atuais da escola: 'Por meio do estudo de civilizações e línguas antigas', escreve ele, 'os alunos terão a oportunidade de experimentar uma gama de modos de vida e pensamento que, precisamente por serem diferentes, poderão fazê-los refletir comparativamente sobre o presente, suas características e seus problemas'", escreve Maurizio Schoepflin, escritor italiano, em artigo publicado por Avvenire, 30-07-2025.
Fundador do Centro Antropologia e Mondo Antico em 1986, o filólogo e escritor Maurizio Bettini, por muitos anos professor em várias universidades, entre as quais se destaca aquela de Siena, é uma das vozes mais renomadas e prestigiosas na pesquisa do mundo antigo.
Sua vasta competência é confirmada pelo recente e volumoso livro que editou para Il Mulino, intitulado L'antropologia del mondo antico (542 páginas). O livro, que inclui vinte e sete contribuições, também se apresenta como uma excelente ferramenta para enriquecer o debate sobre o valor e a utilidade dos estudos clássicos, um debate que continua a apaixonar e a animar discussões.
L'antropologia del mondo antico, livro de Maurizio Bettini
Nesse sentido, segundo Bettini, não há dúvida de que o conteúdo e os métodos do ensino atual de grego e latim demonstram um certo "desgaste". Isso não significa que esse ensino deva desaparecer, como alguns afirmam, mas é preciso que adquira uma nova cara, mais conforme às exigências do mundo contemporâneo. Bettini escreve a esse respeito:
"Somente se o grego e o latim forem novamente concebidos, como aconteceu na prática da antropologia do mundo antigo, não como o puro (e árido) aprendizado de línguas mortas, mas como veículos de cultura, nossas escolas secundárias clássicas poderão continuar a desempenhar sua importante função na educação dos jovens".
Estudar a antiguidade significa não apenas receber o que nos foi transmitido, mas sempre dirigir novos questionamentos aos próprios documentos, "porque textos e documentos, mesmo os mais conhecidos e usados, podem reservar grandes surpresas se interrogados com perguntas novas", como, entre outras, as seguintes, que o leitor encontrará ao longo das páginas do livro: "Existia o gênero na antiguidade? Como os antigos concebiam sua relação com os animais e a natureza? Que posição ocupavam as normas jurídicas na cultura romana? Como se dava o comércio entre povos que não falavam a mesma língua?" Para responder a essas perguntas, o antropólogo do mundo antigo não examina apenas escritos e eventos de particular relevância, "mas concentra sua atenção em elementos menores, aparentemente secundários, que, no entanto, levam à descoberta de modelos culturais significativos".
Praticar a antropologia da antiguidade significa confrontar o passado com o presente:
"Temas como perdão, memória, esquecimento, que se enquadram plenamente no âmbito da antropologia do mundo antigo, podem facilmente resultar em sintonia com problemas semelhantes postos pela reconciliação política nas sociedades contemporâneas".
Não se trata, como esclarece o curador, de uma "banal" obra de atualização, mas sim de tornar e manter viva a antiguidade, destacando aspectos distantes e próximos da cultura em que vivemos. Particularmente interessante é a conexão que Bettini estabelece entre a prática da antropologia do mundo antigo e as funções atuais da escola: "Por meio do estudo de civilizações e línguas antigas", escreve ele, "os alunos terão a oportunidade de experimentar uma gama de modos de vida e pensamento que, precisamente por serem diferentes, poderão fazê-los refletir comparativamente sobre o presente, suas características e seus problemas".