22 Julho 2025
"O resiliente não é uma figura ideal que não perde a calma nem sente tensão e fadiga, dúvidas e quedas de tom, desânimos e até mesmo episódios depressivos, mas é aquele que não perde a perspectiva de vida, é capaz de se levantar após o erro, não vê tudo escuro, nem se contenta com ajustes parciais e pouco incisivos, mas justamente porque solicitado pelo que parece colocar em crise seu mundo de valores se empenha em buscar um novo modo de vivê-lo e compartilhá-lo, ou de rever alguns aspectos", escreve Amedeo Cencini, padre canossiano, psicólogo e psicoterapeuta italiano, em artigo publicado por Settimana News, 21-01-2025.
Fatos recentes de certa gravidade (por exemplo, o suicídio do padre de 35 anos da diocese de Novara) induzem a uma série de perguntas e reflexões.
Nós nos movemos, e estamos cientes disso, em um terreno que já é finamente familiar, sobre o qual abundam análises e pesquisas, inclusive valiosas, [1] mas sempre com a impressão de estarmos diante de algo que ainda nos escapa, de uma síntese muito cedo contradita, de conclusões que depois não se sustentam diante de mais um episódio desconcertante.
Aceitamos que seja assim, e não abandonamos o campo de investigação, porque não só "de re nostra agitur", mas porque este tipo de análise vai além dos limites de uma categoria específica, e nos faz entrar em um horizonte investigativo mais amplo: a Igreja com seu paradoxo de santidade e miséria, suas crises e esperanças, seu complicado diálogo com o mundo com um resultado flutuante (ora no centro, ora insignificante)...
Investigar o padre significa entender um pouco mais tudo isso. E não devemos nos sentir ofendidos ou humilhados – nós da categoria – se o padre, neste cenário geral, parece um pouco como o elo fraco. Não sei se ele realmente o é, mas sei com certeza que por muito tempo – se é que o foi – representou (pelo menos para muitos) exatamente o contrário, o ponto forte do sistema-Igreja, ou a mediação normal e cotidiana, de baixo para cima, mas sempre indispensável, do diálogo Igreja-mundo, com todos os equívocos do caso. Se assim fosse, por um lado, a crise de hoje é inevitável, por outro, é quase abençoada (com todo o respeito, para além dos méritos, pelo sofrimento de tantos, tantos padres!).
Delimitamos então o raio de investigação. Gostaríamos de entender principalmente se e o quanto o padre de hoje (não apenas o jovem) é capaz de suportar a tensão do seu papel, aquela tensão que está ligada à tarefa que lhe é confiada (às vezes talvez de forma imprudente), que notoriamente não é simples nem fácil, aliás, talvez nem seja clara quanto ao que implica, em tempos em que a própria Igreja se interroga (muito) sobre o sentido da sua missão, mas não decide com coragem o que mudar.
Com essa expressão, entendemos a capacidade de viver mesmo em situações de tensão, determinada por fatores externos, de alguma forma objetiva, mas em que inevitavelmente também pesam aqueles internos e subjetivos. Aqui, procurarei refletir principalmente sobre estes últimos, sabendo bem que é necessária uma séria investigação também sobre os primeiros, sobre o sistema-Igreja que frequentemente parece enviar o padre ao acaso (para depois chorar sua crise).
Do que é "feita" a capacidade de suporte? Parece-me poder/dever considerar dois níveis de análise.
Nesse nível, a resistência é chamada por um termo que se tornou familiar nestes tempos: a resiliência. Que indica, em essência, a força de não ceder, de não se deixar condicionar demais por eventos negativos e traumáticos, inesperados e que pegam de surpresa, mas de opor resistência. Implica aquela força de ânimo que vem – por sua vez – de uma autoestima positiva e estável, que permite não sucumbir à realidade ou, pelo menos, dela se distanciar, de enfrentar também uma certa solidão, encontrando em si motivos e convicções que permitem permanecer de pé, mesmo sem um certo consenso social e, sobretudo, sem questionar a própria identidade. A resiliência de que falamos é habilidade, algo que se aprende e para o qual é preciso ser formado, não um traço de personalidade, quase um dom inato.
Em um grau mínimo, a resiliência cria a capacidade de suportar, ou aquela paciência que permite não sucumbir, mas que frequentemente priva do gosto de viver e de viver a própria vocação, especialmente quando a paciência é passiva e não estimula nenhuma verdadeira resposta ou escolha pessoal. Então, ela se resolve em sujeição/resignação mais ou menos sofrida/deprimida (ainda que até mesmo "oferecida" a Deus, como uma certa espiritualidade um tanto ambígua se limitava a recomendar). Como se não houvesse nada a fazer.
A paciência é, por outro lado, ativa se o indivíduo enfrenta a situação e sua sensação tentando reagir de alguma forma, pelo menos continuando a fazer o chamado "próprio dever", ou às vezes contentando-se apenas com o "mínimo", e procurando o máximo possível conciliar as expectativas das pessoas e as exigências dos superiores (em concreto, correndo o dia todo – especialmente aos domingos – para tapar todos os buracos, e não deixar nada por fazer, mas para se encontrar no fim com a respiração ofegante e um sutil senso de frustração).
É claro que, neste caso e a longo prazo, é o sistema que "não aguenta", antes mesmo do don.
Em um nível mais alto, resiliência não é apenas paciência/resistência, mas capacidade de responder de modo criativo e construtivo às dificuldades e criticidades encontradas. O que muda, em relação a quem é apenas paciente, é a relação com a realidade, juntamente com um senso mais forte e confiante do eu. A realidade, de fato, não lhe parece mais inimiga e hostil, mas – mesmo em sua criticidade e em força dela – torna-se provocação para rever sua própria estrutura de vida, para mudar algo em si e em seu estilo ministerial menos funcional, para pensar/inventar um mais capaz de responder a essa criticidade sem faltar aos seus ideais e convicções. Aliás, e este é o outro elemento decisivo, são justamente estes últimos – os próprios valores – que sustentam o processo, juntamente com o desejo de testemunhá-los e torná-los críveis.
De fato, então, o resiliente não é uma figura ideal que não perde a calma nem sente tensão e fadiga, dúvidas e quedas de tom, desânimos e até mesmo episódios depressivos, mas é aquele que não perde a perspectiva de vida, é capaz de se levantar após o erro, não vê tudo escuro, nem se contenta com ajustes parciais e pouco incisivos, mas justamente porque solicitado pelo que parece colocar em crise seu mundo de valores se empenha em buscar um novo modo de vivê-lo e compartilhá-lo, ou de rever alguns aspectos.
Sua fidelidade não é apenas resistir a todo custo, mas a vontade de colocar um (= o mundo de hoje com suas mudanças) em diálogo com o outro (= suas escolhas ideais de vida). E é sempre uma operação criativa, que põe em movimento a liberdade e, se não consegue eliminar depressões e desilusões, permite, no mínimo, enfrentar com eficácia as contrariedades e dar novo fôlego à própria existência.
Obviamente, no caso do padre, assim como de qualquer crente, não há apenas um dinamismo psicológico em ação, mas também – e de modo profundamente significativo – um nível teológico-espiritual. Os dois níveis estão destinados a interagir entre si, um influenciando o grau de maturidade do outro e, juntos, a maturidade geral do indivíduo. Vale a pena distinguir para entender bem onde e como intervir, mas também para não se carregar de perigosos sentimentos de culpa.
A maturidade teológica de que aqui falamos não está ligada apenas à teologia como estudo, mas àquela imagem/ideia de Deus que temos no coração e na mente e que carregamos conosco talvez desde sempre, e em que acreditamos.
É evidente que tudo o que foi dito até agora sobre a resistência do sacerdote em situações críticas também está ligado a essa imagem. Nada evidente, porém, é que essa imagem do divino tenha sido submetida ao longo da vida do padre a um processo de conversão, purificação, evangelização, como no caminho crente de todos.
Ser capaz de resiliência é enormemente facilitado por uma ideia muito precisa do Padre-Deus, em quem não apenas se deve acreditar, mas também confiar. Mas qual é, muitas vezes nesses casos, o problema do padre? Que sua fé é pobre em esperança! É fé intelectual, como adesão da mente a um pacote de verdades nunca questionadas, mas que não gera um olhar esperançoso suficiente, e corre o risco de nunca se tornar confiança.
Uma fé assim é um aborto de fé, é fé artificial ou falsa, como uma fake faith, não é fé verdadeira. A qual supõe uma relação, um tu, um rosto, a percepção de um olhar sobre si, e a sensação cada vez mais certa de que você pode confiar nesse tu! A fé, no final, é um consentimento da mente, enquanto a confiança é uma experiência relacional; por si só, fé e confiança não são sinônimos, assim como não é garantida a passagem do consenso intelectual à experiência de poder confiar.
A virtude teológica da esperança está inteiramente nessa passagem, e a própria esperança se torna assim uma espécie de exame ou verificação da fé autêntica, aquela que gera esperança, abandono, confiança, rendição...
É claro, e o reafirmamos, que o problema da resistência do padre diante das críticas de hoje é muito sério e implica uma análise complexa em vários níveis, mas o da fé e de sua qualidade está, sem dúvida alguma, no centro deles.
Hoje, paradoxalmente, o padre precisa mais de esperança do que de fé, ou de uma fé que se torne confiança. E que lhe dê a força de enfrentar cada situação com a certeza do "non confundar in aeternum"!
E chegamos à passagem que talvez sintetize o que foi dito até agora. Uma passagem que indica um caminho que deveria começar no tempo da primeira formação, e que indica como o problema sobre o qual estamos refletindo só pode ser resolvido a partir de longe, a partir de uma reconsideração dos objetivos da formação inicial, e certamente não com medidas imediatas de tipo moralista e de vago sabor espiritual (e uma sequência de sentimentos de culpa que pioram a depressão).
Por exemplo, trata-se de não se contentar mais em formar o futuro sacerdote para a docilitas, como forma obediencial de uma vida que renunciou à autogestão e se submete à vontade de uma categoria particular de pessoas chamadas "superiores", como mediadores e intérpretes da vontade de Deus sobre a pessoa.
Para passar à docibilitas, ou seja, à capacidade de discernir em cada situação da vida, em cada circunstância e estação dela, em cada contexto e relação uma mediação preciosa, ainda que misteriosa, da presença e da vontade do Eterno, para se deixar formar por ela.
A docilitas, por mais humildemente virtuosa que seja, é passiva e parcial como ponto de referência; a docibilitas torna, em vez disso, ativos e empreendedores, indica o sujeito que aprendeu a aprender, livre para se deixar ajudar em suas dificuldades como para se deixar provocar pela vida, pelos outros, pelas crises, por seus fracassos... por toda a vida, porque a própria existência, em cada um de seus fragmentos, é a grande mediação através da qual o Pai forma em nós o coração do Filho pela fantasia do Espírito Santo. E é, portanto, muito, muito mais até mesmo do que a simples resiliência ou apenas a fé.
Não basta resistir a todo custo, mas trata-se de ter aprendido e de continuar a aprender a esperar!