18 Julho 2025
Como consequência do fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), várias toneladas de ajuda alimentar financiada pelos EUA para crianças desnutridas no Paquistão e no Afeganistão expiraram em armazéns em Dubai. As mercadorias não foram redistribuídas e agora serão destruídas. Nos últimos meses, a imprensa americana alertou sobre a situação, mas sem sucesso.
A reportagem é publicada por RFI, 17-07-2025.
Michael Rigas, chefe de administração e pessoal do Departamento de Estado, foi questionado sobre esse assunto perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado. Pressionado pelo democrata Tim Kaine, ele reconheceu que essa ajuda alimentar seria de fato destruída.
“Sabendo há meses que esses alimentos têm data de validade, por que o Departamento de Estado decidiu queimá-los em vez de distribuí-los a crianças famintas?”, criticou o senador. “Não tenho uma resposta satisfatória para essa pergunta, estou tão angustiado quanto você”, respondeu Michael Rigas.
O senador Kaine disse que havia levantado a questão com o secretário de Estado Marco Rubio já em março e lamentou o fato de que nada havia sido feito, com o governo “preferindo manter o depósito fechado, deixar os alimentos expirarem e depois queimá-los”, acusou.
Michael Rigas finalmente reconheceu que isso era uma consequência direta do fechamento da USAID. Diante dos senadores, ele prometeu investigar a polêmica.
De acordo com a revista The Atlantic, os Estados Unidos compraram pacotes de biscoitos no final do governo de Joe Biden por cerca de US$ 800 mil. Por fim, os americanos gastarão mais US$ 130 mil para destruí-los. No total, serão 500 toneladas de alimentos estagnados em Dubai, antes destinados a alimentar 27 mil crianças com desnutrição aguda no Afeganistão e no Paquistão.
Depois de mais de seis décadas, a USAID deixou de existir oficialmente em 1º de julho como parte dos enormes cortes orçamentários buscados pelo governo Trump, que considerou que a USAID não estava atendendo aos interesses dos Estados Unidos. A agência foi incorporada ao Departamento de Estado. O seu fechamento repentino causou uma crise nos círculos de distribuição de ajuda humanitária.
Apesar de uma maioria republicana de 53 dos 100 assentos, a votação foi vencida por apenas 51 votos a favor e 48 contra.
As senadoras republicanas Susan Collins (Maine) e Lisa Murkowski (Alasca) votaram contra, enquanto seu colega do Kentucky, Mitch McConnell, que havia se oposto ao projeto de lei como elas na quarta-feira anterior, votou a favor desta vez.
A votação ficou empatada por 50-50 na quarta-feira, durante a análise preliminar das emendas, e foi o vice-presidente JD Vance quem teve a última palavra, conforme exigido pela Constituição, para levar o texto à votação final nesta quinta-feira.
O projeto de lei diz respeito a quase US$ 8 bilhões que foram destinados à agência de ajuda ao desenvolvimento USAID, com o restante a ser alocado principalmente para a mídia pública NPR e PBS.