17 Julho 2025
Aparentemente dando como certo o aval do Ibama para a Petrobras explorar petróleo na Foz do Amazonas, senadores querem saber planos da petroleira.
A informação é publicada por ClimaInfo, 16-07-2025.
Com os olhos na Câmara pela expectativa de votação do PL da Devastação (2.159/2021), senadores que defendem explorar combustíveis fósseis na Margem Equatorial se reuniram para traçar as ações do grupo. Uma das propostas envolve os planos da Petrobras de exploração da Foz do Amazonas.
A Frente Parlamentar em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil aprovou na 3ª feira (15/7) um plano de trabalho para discutir temas relacionados à atividade petrolífera que almejam implantar na região. O grupo reúne parlamentares tão díspares ideologicamente como os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Marcos Rogério (PL-RO). Tudo para explorar petróleo no Brasil “até a última gota”. A crise climática que espere.
Segundo o Valor, a primeira audiência pública prevista pela frente tem como foco os próximos passos da Petrobras no bloco FZA-M-59, na Foz. Como a petroleira não tem licença, dá a entender que os senadores dão como certo o aval do Ibama para explorar a área. Ainda que dependa da Avaliação Pré-Operacional (APO), simulado de vazamento que só deverá acontecer em agosto.
A frente tem como principais objetivos promover audiências públicas com representantes do setor privado, órgãos reguladores, especialistas, investidores e comunidades locais. Além das discussões em Brasília, o eclético grupo de senadores também prevê diligências externas e audiências públicas no Pará e no Amapá em parceria com federações das indústrias locais.
Seria interessante os parlamentares aproveitarem tais encontros para debater também os impactos no clima e na vida da população dos combustíveis fósseis que tanto querem explorar em uma região de altíssima sensibilidade ambiental. Levantamento do ClimaInfo mostra que as emissões potenciais do petróleo e do gás projetados para a Margem Equatorial ultrapassam 13,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e), superando as emissões nacionais dos últimos cinco anos somados, lembra o Pará Terra Boa.
Os ministérios públicos Federal e do estado do Rio de Janeiro concluíram um acordo de reparação de danos ambientais causado por um vazamento de petróleo em operação da Transpetro, subsidiária da Petrobras para transporte de petróleo e combustíveis, em 2015, na Baía da Ilha Grande (RJ). A Transpetro pagou R$ 24,47 milhões para o Fundo da Mata Atlântica. Os recursos serão destinados obrigatoriamente à baía de Ilha Grande e não podem custear pessoal. A empresa precisará também comprar duas embarcações para doar ao Corpo de Bombeiros e ao SAMU de Angra dos Reis, informa a Folha.
A urgência em frear as mudanças climáticas e evitar pontos de não retorno justifica o fim da exploração de combustíveis fósseis. Porém, é necessário também atacar outra frente: o consumo. Assim, a transição energética deve ser entendida como transformação da demanda por energia, não só como restrição da oferta, destacam Ricardo Baitelo e Nicole Dejarmes, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). “Isso inclui fortalecer o sistema elétrico – transmissão, armazenamento e geração – com eletrificação dos usos finais e biocombustíveis. São alternativas concretas à dependência de novos leilões de óleo e gás”, explicam no Estadão.