02 Julho 2025
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 01-07-2025.
Um oásis de paz, de calma, de encontro, de escuta... Desde a sua fundação em 1942 na Borgonha, França, pelo Irmão Roger, a Comunidade de Taizé tem sido vista e entendida como uma comunidade ecumênica capaz de oferecer um contraponto de interioridade em meio a tempos turbulentos como o pós-guerra e a Guerra Fria, um refúgio também para curar feridas e cultivar a fraternidade.
Até que ela também foi abalada pelo escândalo dos abusos, como o antigo prior e sucessor do fundador, o emblemático Irmão Alois, reconheceu com grande dor e vergonha, mas também com firmeza.
Hoje, a comunidade ecumênica olha para o futuro com esperança, mas também com autocrítica para o passado, e é por isso que o irmão Matthew, o novo prior desde 2023, destaca que eles começaram a repensar seu próprio manejo do poder e da autoridade, reconhecendo também que no passado nem sempre foram um modelo a ser seguido, especialmente em seu relacionamento com os jovens.
Em entrevista publicada na última edição do Herder-Correspondenz, o irmão Matthew, membro da Igreja Anglicana que faz parte de Taizé desde 1986, observa que a comunidade está cada vez mais se esforçando por uma cultura de escuta, serviço e liberdade mútua, uma mudança provocada pela revelação de casos de abuso, de acordo com a edição alemã do Vatican News.
Desde então, continua a mesma fonte, treinamentos regulares para irmãos e líderes de reuniões de jovens têm feito parte da rotina diária da comunidade. "Aprendemos que nosso papel também envolve autoridade e que devemos assumir a responsabilidade pela forma como a exercemos", disse ele.
"Como podemos usar essa autoridade para servir, ouvir e criar um espaço onde a liberdade de cada indivíduo seja respeitada?", ele pergunta na entrevista, que também destaca a trajetória sinodal do Papa Leão XIV, de acordo com o Vatican News.
Nesse sentido, acrescenta, o estilo sinodal do Papa Leão XIV tem um impacto que se estende para além da Igreja Católica. Os processos de tomada de decisão devem ser moldados pelo diálogo, enfatizou o prior: “Quando uma decisão precisa ser tomada, muitas vezes preciso apenas confirmar o que o grupo de trabalho propôs”, reconhece, afirmando que, em questões importantes, é aconselhado por quatro irmãos, dois escolhidos por ele mesmo e dois indicados pela comunidade, pois o objetivo é apoiar as decisões em conjunto.