16 Junho 2025
"Muitas pessoas nem conseguem imaginar como seria uma igreja", diz o teólogo Tobias Aldinger. Ele faz parte de um movimento ecumênico que visa incentivar as pessoas a experimentar novas formas de fé. Ele explica o que está por trás disso em uma entrevista ao katholisch.de.
A entrevista é de Christoph Brüwer, publicada por Katholisch, 12-06-2025.
"Na grande transformação de nossas igrejas, o espírito empreendedor representa um novo começo", afirma o site do movimento chamado 'Espírito Empreendedor'. Diversas dioceses e igrejas protestantes regionais em Baden-Württemberg apoiam o projeto. Tobias Aldinger explica que o objetivo da iniciativa e por que pioneiros são necessários na igreja.
Aldinger, juntamente com outras dioceses e igrejas protestantes regionais do sudoeste, o senhor lançou o projeto "Espírito Empreendedor". O que o senhor pretende alcançar com ele?
"Gründergeist" é uma iniciativa para pessoas que querem impulsionar a igreja e fortalecer novas formas de fé cristã. Nosso objetivo é empoderar pessoas, conectá-las e simplesmente construir uma rede de aliados que digam: "Estamos levando a igreja para o futuro".
Qual é o objetivo?
O objetivo é que a população local inicie expressões e formas de comunidade novas, vibrantes e originais dentro de seus contextos eclesiásticos. Isso sempre envolve a questão de como a igreja pode se adaptar à realidade da vida das pessoas hoje. Já temos muitas formas testadas e aprovadas como igreja. Mas também é necessário iniciar coisas novas e considerar o que as pessoas precisam hoje para viver sua fé.
Como isso se parece em termos concretos?
A ideia de fortalecer essas formas de comunidade vem do "Movimento Fresh-X" anglicano. A ideia é olhar para um contexto específico e ver como o Evangelho se torna vivo ali. Sejam jovens ou idosos, fãs de heavy metal ou techno: existem tantos cenários e segmentos diferentes da sociedade em que as pessoas que se consideram cristãs se movem. Muitas vezes, elas percebem que não se encaixam perfeitamente em sua comunidade católica tradicional e, então, procuram um lugar onde possam viver sua fé cristã. Queremos conectar essas pessoas, fortalecê-las e incentivá-las a perseguir seus anseios.
Tradições e estruturas familiares são a grande força da Igreja Católica. Por que há necessidade de projetos que rompam com essas estruturas?
A grande força do catolicismo é sua constante atualização e "modernização" — foi assim que o Concílio Vaticano II (1962-1965) o descreveu com o termo "aggiornamento". Essa conquista da inculturação é o que mantém viva uma organização com 2 mil anos de existência. Portanto, requer a coexistência de tradição e inovação, uma conexão entre os tesouros da fé e as questões e desafios da vida atual. E para alcançar isso, é preciso também experimentar. Todos os grandes movimentos eclesiais e os Padres e Madres da Igreja fizeram isso.
Como esses projetos e iniciativas são recebidos na base? Muitas pessoas não dizem: "Estamos sobrecarregados com o que já estamos fazendo?"
Esse é um ponto importante: muitas vezes não faltam ideias, e às vezes nem mesmo dinheiro, mas principalmente tempo. Muitos dos envolvidos, tanto em cargos de tempo integral quanto voluntários, estão no limite, esgotando-se na busca por uma vida cristã vibrante. O grande desafio para a liderança está em criar a liberdade em termos de pessoal e tempo para que novas formas possam ser experimentadas. Também requer a coragem de deixar as coisas acontecerem. Quando isso dá certo, no entanto, percebo que as pessoas que conseguem concretizar suas ideias e visões ganham nova energia e dizem: É exaustivo, mas finalmente redescobri o que é ser uma igreja.
O que acontece se percebermos que a nova oferta inovadora não funciona como imaginávamos?
Se você notar que não há energia nele e que ele não está desenvolvendo vida, então você o abandona. Essa é precisamente a ideia por trás desses espaços de teste. Pesquisas sobre inovação têm mostrado que essa mentalidade e esses ciclos rápidos são necessários, nos quais as coisas são testadas e depois abandonadas. Isso é especialmente importante em tempos como os de hoje, quando muitos fatores não são mais tão fixos quanto eram há 50 anos.
Que tipo de pessoas estão envolvidas como inovadoras? O que elas têm em comum?
Conheço muitas pessoas que anseiam por uma vida cristã vibrante e buscam encorajamento. Elas não querem ser rebaixadas ou arrastadas para baixo; em vez disso, têm uma mentalidade de "posso fazer" e querem assumir responsabilidades. Algumas também estão insatisfeitas. Este é um estado maravilhosamente produtivo que possibilita mudanças. Elas não buscam culpados pela situação do mundo e da igreja em algum lugar distante, mas sim se perguntam: Que pequena contribuição posso dar? E aqueles que se fazem essa pergunta estão na trilha do Espírito Santo.
Os vídeos que você publicou como parte do seu projeto geralmente focam em igrejas ou projetos com um foco muito específico. Até que ponto isso pode ser considerado um exemplo de uma paróquia "normal"?
Nosso objetivo é tornar visível uma grande diversidade e abrangência. Muitas pessoas muitas vezes não têm ideia de como uma igreja poderia ser. Nem toda paróquia precisa introduzir uma igreja heavy metal ou oferecer algo para novas comunidades. Especialmente em áreas pastorais maiores, existe a oportunidade de analisar um ambiente regional mais amplo para determinar quais prioridades se deseja estabelecer – em sintonia com as pessoas que vivem lá. Dessa forma, podem surgir congregações pessoais específicas que apelam a um estilo e estética específicos. Portanto, nossa iniciativa também é de natureza ecumênica, porque todos seguimos os passos de Jesus Cristo na mesma direção – mesmo que as formas de expressão sejam diferentes.
Você menciona espaços pastorais: na sua Arquidiocese de Friburgo, 36 grandes paróquias serão criadas até 2026. Qual a influência da inovação nessas formas paroquiais? Essas paróquias precisam ser inovadoras automaticamente — ou isso simplesmente não é possível devido ao seu tamanho?
Iniciativas estratégicas estão sendo definidas atualmente em nível arquidiocesano. Uma iniciativa, por exemplo, é pensar mais em termos de um portfólio abrangente de funções dos funcionários, em vez de tarefas individuais. O papel de "pioneiro" também deve ser considerado conscientemente. Esse papel ainda precisa ser mais desenvolvido e os funcionários precisam ser qualificados para ele. Desde 2016, existe também um fundo diocesano de inovação para promover novos formatos e projetos em cuidado pastoral e ministério pastoral. Além disso, algumas paróquias incluíram deliberadamente a inovação como tema em seu acordo de fundação para a nova paróquia. As medidas para a implementação da estratégia diocesana, publicadas em maio, também mencionam aspectos de inovação, como "medidas de qualificação para inovação pastoral e implantação paroquial". Para tanto, recomenda-se que as paróquias tenham pelo menos uma pessoa em cada equipe pastoral especializada em inovação pastoral e implantação paroquial.
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