03 Junho 2025
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 02-06-2025.
A fé é antes de tudo uma resposta a um olhar de amor, e o maior erro que podemos cometer como cristãos é, nas palavras de Santo Agostinho, 'fingir que a graça de Cristo consiste em seu exemplo e não no dom de sua pessoa'.
O Papa Leão XIV alertou, em mensagem enviada aos participantes do Seminário "Evangelizar com as Famílias de Hoje e de Amanhã: Desafios Eclesiológicos e Pastorais", organizado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, como "quantas vezes, em um passado talvez não muito distante, esquecemos esta verdade e apresentamos a vida cristã principalmente como um conjunto de preceitos a serem respeitados, substituindo a experiência maravilhosa do encontro com Jesus, Deus que se doa a nós, por uma religião moralista, pesada, pouco atraente e, de certo modo, inatingível na concretude da vida cotidiana."
Em sua mensagem, Prevost admite que "o nosso é um tempo caracterizado por uma crescente busca pela espiritualidade, manifestada sobretudo entre os jovens, que anseiam por relacionamentos autênticos e mentores de vida". Justamente por isso, acrescentou, "é importante que a comunidade cristã saiba olhar para o futuro, tornando-se guardiã, diante dos desafios do mundo, do anseio de fé que reside no coração de cada um".
Um esforço "particularmente urgente" nestes dias, em que é necessário "dar uma atenção especial àquelas famílias que, por vários motivos, estão espiritualmente mais distantes: aquelas que não se sentem envolvidas, aquelas que se declaram indiferentes, ou aquelas que se sentem excluídas dos caminhos comuns, mas que, no entanto, gostariam de fazer parte de alguma forma de uma comunidade na qual crescer e com a qual caminhar".
"Quantos hoje ignoram o convite ao encontro com Deus!", lamentou o Papa, denunciando como, "infelizmente, diante dessa necessidade, uma 'privatização' cada vez maior da fé muitas vezes impede esses irmãos e irmãs de conhecer a riqueza e os dons da Igreja, lugar de graça, fraternidade e amor". Isso leva, acrescentou, a que "muitos acabem confiando em falsos apoios que, por não suportarem o peso de suas necessidades mais profundas, os fazem deslizar para baixo, distanciando-se de Deus e transformando-os em náufragos em um mar de tentações mundanas".
"Entre eles estão pais e mães, crianças, jovens e adolescentes, às vezes alienados por modelos ilusórios de vida, onde não há espaço para a fé, para cuja difusão contribui muito o uso distorcido de meios de comunicação em si mesmos potencialmente bons - como as redes sociais - mas nocivos quando se tornam veículos de mensagens enganosas", observou o Papa, que enfatizou o "desejo de ir 'pescar' esta humanidade, para salvá-la das águas do mal e da morte através do encontro com Cristo". Uma realidade que, na opinião de Prevost, deve estar presente nas comunidades que "apoiam" estas realidades ao encontrar na fé "uma resposta a um olhar de amor".
Assim, o Papa encorajou "em primeiro lugar os bispos, sucessores dos apóstolos e pastores do rebanho de Cristo, a lançarem as redes ao mar, tornando-se 'pescadores de famílias'", missão que ofereceu "também aos leigos", que "são chamados a se envolver nesta missão, tornando-se, junto com os ministros ordenados, 'pescadores' de casais, jovens, crianças, mulheres e homens de todas as idades e condições, para que todos possam encontrar Aquele que sozinho pode salvar".
“Cada um de nós, de fato, no Batismo, é constituído sacerdote, rei e profeta para os irmãos, e se torna ‘pedra viva’ para a construção do edifício de Deus ‘na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades’”, destacou o Papa, convidando todos os fiéis a “unirem-se aos esforços com que toda a Igreja vai ao encontro dessas famílias que, sozinhas, não mais se estendem; a entender como caminhar com elas e como ajudá-las a encontrar a fé, tornando-se, por sua vez, ‘pescadores’ de outras famílias”.
"Não se desanimem diante das situações difíceis que encontrarão", concluiu Prevost, enfatizando a necessidade de "promover um encontro com a ternura de Deus, que valoriza e ama a história de cada pessoa". "Não se trata de dar respostas precipitadas a perguntas exigentes, mas sim de se aproximar das pessoas, ouvi-las e tentar entender com elas como enfrentar as dificuldades, estando também dispostos a se abrir, quando necessário, a novos critérios de avaliação e diferentes formas de agir, porque cada geração é diferente da anterior e apresenta seus próprios desafios, sonhos e questionamentos", concluiu.