20 Março 2025
Centenas de milhares de barris vazados de oleoduto rompido após um deslizamento já contaminaram pelo menos cinco rios, incluindo o Esmeraldas, que deságua no Pacífico.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 19-03-2025.
Pelo menos 500 mil pessoas, número equivalente à população de Florianópolis, já foram afetadas por um vazamento de petróleo na província litorânea de Esmeraldas, no noroeste do Equador. O principal problema é o abastecimento de água que foi interrompido, já que o óleo contaminou vários rios da região.
O petróleo jorrou do oleoduto SOTE, de quase 500 km, da petroleira estatal Petroecuador. O duto, capaz de transportar 360 mil barris diários, escoa óleo produzido no campo de Lago Agrio, na província de Sucumbios, na Amazônia equatoriana, até o litoral e rompeu após um deslizamento de terra. Ainda não se sabe quanto petróleo vazou, mas o prefeito Vicko Villacís, da capital homônima da província, calcula um derrame de 200 mil barris.
O petróleo fluiu por meio de afluentes até o rio Esmeraldas, manchando as águas do Pacífico e comunidades ribeirinhas como o balneário de Atacames. Pelo menos cinco rios da região foram atingidos pelo óleo cru. E na capital da província, a 100 km de onde ocorreu o vazamento, há 213 mil pessoas afetadas pela contaminação, informam Folha, O Globo, Correio Braziliense, Brasil de Fato e Carta Capital.
Cerca de 2.000 famílias moram em comunidades ribeirinhas e vivem essencialmente da pesca. Além do impacto humano, há o estrago ambiental. O biólogo marinho Eduardo Rebolledo, da Universidade Católica, indicou que “não há [mais] formas de vida” nos rios Caple e Viche, nos quais “flui uma mistura de petróleo com água”, relatou. O óleo ameaça o Refúgio de Vida Silvestre do Estuário do Rio Esmeraldas, que abriga mais de 250 espécies.
O governo do Equador declarou emergência ambiental na província. Enquanto isso, a Petroecuador usa navios-tanque para recuperar o petróleo derramado no bairro de El Vergel, na cidade de Quinindé, onde seu prefeito, Ronald Moreno, reportou que 4.500 famílias, cerca de 15 mil pessoas, foram atingidas pelo vazamento.
Embora o vazamento tenha ocorrido numa província litorânea, o acidente reforça o imenso perigo da exploração de combustíveis fósseis na Amazônia para as pessoas, a biodiversidade e o clima. O Equador tem um histórico de vazamentos de petróleo em plena Floresta Amazônica, com a contaminação de rios que afetou a vida de comunidades indígenas e ribeirinhas.Essa ameaça fez a população do Equador aprovar, em agosto de 2023, o fim da exploração de combustíveis fósseis no Parque Nacional Yasuní, no coração da Amazônia equatoriana, numa decisão histórica. O governo do país tinha até outubro de 2024 para desmobilizar as instalações petrolíferas em Yasuní, mas em janeiro deste ano, segundo a Amazon Watch, tanto o governo quanto a Petroecuador continuavam protelando o encerramento das atividades.