20 Março 2025
“Deveria ser um dia para comemorar”, diz Tom Homan, czar das fronteiras, respondendo às críticas sobre a deportação de 261 imigrantes - venezuelanos e salvadorenhos - no sábado em três aviões que decolaram do Texas e seguiram para a América Central.
A reportagem é de Alberto Simoni, publicada por La Stampa, 18-03-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Portanto, não há marcha a ré por parte do governo; pelo contrário, os esforços para a repatriação de ilegais e criminosos serão “redobrados”, explica Karoline Leavitt, porta-voz de Trump.
Tudo, confirma, foi feito dentro das regras. As pessoas deportadas são criminosos e membros da gangue Tren de Aragua, um grupo venezuelano nascido em 2014, com ramificações e atividades bem conhecidas em muitos estados da União.
“São estupradores, sequestradores, assassinos, predadores sexuais que praticam a violência por esporte”.
“O presidente agiu pela segurança nacional”, explica Leavitt, lembrando que os estadunidenses também elegeram Trump por causa do plano das deportações em massa.
E elas estão ocorrendo. Acompanhadas da publicação de vídeos dos detidos, algemados e com as cabeças raspadas, sendo empurrados para os aviões.
A quem pergunta se há necessidade de recorrer a essas imagens, Leavitt responde: “ Que (os criminosos) não venham, e sigam as regras se não quiserem acabar nesses vídeos”.
O Tren de Aragua é rotulado como uma “organização terrorista estrangeira”. Foi incluído junto com a MS-13 (gangue de Los Angeles com origem em El Salvador) na ordem executiva que Trump assinou em 20 de janeiro contra os cartéis de drogas mexicanos, transformados em “grupos terroristas”.
Em julho passado, o governo Biden já havia posto o holofote sobre as atividades criminosas do TdA, designando-o como uma “organização criminosa transnacional” e destacando seu papel crescente nos EUA a ponto de representar “uma ameaça às comunidades nos Estados Unidos”. O Tesouro impôs sanções, confiscando propriedades e bens.
Durante o fim de semana, foram realizadas batidas e prisões e, no sábado - com base no Alien Enemies Act, uma lei de guerra de 1798 que foi aplicada apenas três vezes em mais de 220 anos - três aviões decolaram da base de Harlingen, no Texas, no espaço de 131 minutos, rumo à América Central.
Após a etapa em Honduras, as aeronaves chegaram ao seu destino final, San Salvador.
A bordo dos três aviões havia 261 pessoas, 137 das quais foram deportadas com base no Alien Enemies Act, outras no final do processo e outras recorrendo ao Título 8 do Regulamento sobre a Imigração.
Além dos membros do TdA, havia 23 membros da rede MS-13, incluindo dois líderes. Eles serão detidos na prisão máxima antiterrorismo de El Salvador, Cocet.
Por sua custódia, os EUA pagarão ao governo do presidente Nayib Bukele 6 milhões de dólares. Foi assim que Leavitt explicou a transação: “Esse dinheiro representa um centavo comparado ao que custaria manter esses terroristas em uma prisão estadunidense de segurança máxima, sem mencionar as vidas humanas salvas”.
No domingo, o presidente Bukele disse - sem citar números - que o preço “é pequeno para os EUA, mas alto para nós”.
Um grupo de ativistas de direitos humanos pediu ao juiz Boasberg que interviesse novamente contra o governo para verificar se a lei foi violada ao ignorar uma ordem de um tribunal.
A CNN reconstruiu a sequência de eventos no sábado.
Dois aviões partiram às 5h26 e às 5h45, mais de uma hora antes de o juiz ordenar que os voos retornassem.
Sua ordem é verbal, o que significa que ele a comunicou aos advogados do Departamento de Justiça.
A ordem escrita, por outro lado, e publicada no site é das 7h26, mas não há referência explícita aos voos.
Às 7h36, o primeiro avião aterrissa em Honduras e, pouco depois, o segundo. Um terceiro decola do Texas 11 minutos após a publicação da ordem por escrito.
A Casa Branca reitera que agiu dentro da lei e faz uma diferença substancial entre a ordem oral e escrita.
“Nossa equipe jurídica”, diz Leavitt, “responderá e prevalecerá”.
O que o governo não forneceu é uma lista dos deportados. De acordo com Leavitt, são “todos terroristas”, mas os nomes e o motivo pelo qual foram detidos são conhecidos apenas pelo Departamento da Homeland Security. Questão de privacidade.
“A inteligência e os agentes no campo podem finalmente fazer seu trabalho”, explicou a porta-voz de Trump, fazendo alusão à forma como foram identificados os membros da gangue.