“Ela não teve chance de chegar no hospital”: jovem Avá-Guarani é assassinada em território alvo de ataques no Paraná

Foto: Mídia Ninja | Flickr CC

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24 Fevereiro 2025

Jessicléia Martins, de apenas 17 anos, foi morta dentro de sua casa na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá; território tem sido alvo de sucessivos ataques

A reportagem é publicada por Cimi, 21-02-2025.

No início da noite de ontem (20), Jessicléia Martins, uma jovem do povo Avá-Guarani, de apenas 17 anos, foi assassinada a facadas dentro de seu território, no tekoha Yvy Okaju, localizado dentro da Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, no município de Guaíra, no oeste do Paraná́.

Segundo relatos, o suspeito do feminicídio, um homem não indígena de 67 anos, teria invadido sua casa e a agredido a facadas. O homem tentou fugir, mas foi preso.

Testemunhas afirmam que Jessicléia vinha, há alguns meses, sendo assediada pelo suspeito, que se dizia amigo da família. A jovem, no entanto, negava-se a manter qualquer tipo de relacionamento afetivo com ele, o que teria motivado o crime.

“Ele estava parado na frente da casa dela há uns 20 minutos observando e desceu do carro quando ela estava sozinha com uma faca na mão”, conta uma das testemunhas que não será identificada nesta matéria por motivos de segurança.

A comunidade solicitou atendimento à vítima, que após cerca de 30 minutos foi assistida pelo Samu. Jessicléia, no entanto, não resistiu e morreu.

“Ela não teve chance de chegar no hospital. Ela só teve a chance de dar dois gritos de socorro, um pedido para ele parar de esfaqueá-la. Ela tentou se defender. A mão dela estava totalmente destruída, porque provavelmente ela pegou a faca, mas ele puxou da mão dela e destruiu parte da mão. Ela foi covardemente assassinada dentro de sua própria casa”, relatou a testemunha.

Localizado dentro da TI Tekoha Guasu Guavirá, o tekoha Yvy Okaju, onde vivia Jessicléia, tem sido alvo de constantes ataques de fazendeiros locais. O último ocorreu no dia 31 de dezembro do ano passado.

A situação de conflito na região, gerada pela falta de providência do Estado no processo de demarcação do território, tem exposto a comunidade indígena às mais diversas formas de violência. “O racismo, associado à misoginia e ao machismo, compõem o cotidiano dessas comunidades onde a lógica é eliminar o outro através do abuso, do assédio, da exploração sexual e da morte mais cruel”, afirmaram os missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul que acompanham os conflitos na região.

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