07 Fevereiro 2025
"Este é o destino do crente: ele sabe que é pecador, mas ao mesmo tempo sabe que é aceito, compreendido e amado incondicionalmente por aquele Deus revelado em Jesus", escreve José Antonio Pagola, teólogo espanhol, em artigo publicado por Religión Digital, 03-02-2025.
A culpa em si não é algo inventado pelas religiões. Constitui uma das experiências humanas mais antigas e universais. Antes que o sentimento religioso venha à tona, é possível perceber no ser humano aquela sensação de "ter falhado" em alguma coisa. O problema não é a experiência da culpa, mas como lidar com ela.
Existe uma maneira saudável de viver com a culpa. A pessoa assume a responsabilidade por suas ações, lamenta o dano que possa ter causado e se esforça para melhorar seu comportamento no futuro. Experimentada dessa forma, a experiência da culpa faz parte do crescimento da pessoa em direção à maturidade.
Mas também há maneiras pouco saudáveis de sentir essa culpa. A pessoa se fecha em sua indignidade, alimenta sentimentos infantis de mancha e sujeira, destrói sua autoestima e se anula. O indivíduo se atormenta, se humilha, luta consigo mesmo, mas ao final de todos os seus esforços não se liberta nem cresce como pessoa.
O que é próprio do cristão é viver a sua experiência de culpa diante de um Deus que é amor e somente amor. O crente reconhece que foi infiel a esse amor. Isso dá à sua culpa peso e seriedade absolutos. Mas, ao mesmo tempo, liberta-o de afundar, porque sabe que, mesmo sendo pecador, é acolhido por Deus: nele pode sempre encontrar a misericórdia que salva de toda indignidade e fracasso.
Segundo a história, Pedro, dominado por sua indignidade, joga-se aos pés de Jesus, dizendo: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador". A resposta de Jesus não poderia ter sido outra senão: “Não tenha medo”, não tenha medo de ser pecador e de estar comigo. Este é o destino do crente: ele sabe que é pecador, mas ao mesmo tempo sabe que é aceito, compreendido e amado incondicionalmente por aquele Deus revelado em Jesus.