19 Dezembro 2024
O Ministério Público (MP) do departamento boliviano de Tarija informou na última segunda-feira (16), que emitiu ordem de prisão preventiva de seis meses ao ex-presidente Evo Morales, acusado de tráfico humano e pedofilia.
A reportagem é de Edu Montesanti.
Já havia sido emitida ordem de prisão a Morales em 16 de outubro, anulada posteriormente. “Hoje, foi apresentada à autoridade jurisdicional [de Tarija] a acusação formal por tráfico de pessoas com circunstâncias agravantes [pedofilia]. Nesse sentido, aguardaremos a audiência sobre as medidas cautelares fixadas pelo juiz. Está sendo solicitada a medida excepcional de prisão preventiva em regime aberto pelo prazo de seis meses”, declarou o procurador-geral do Estado, Roger Mariaca dia 16.
A promotora de Justiça de Tarija, Sandra Gutiérrez, afirmou que também foram apresentadas acusações e solicitada a prisão preventiva de Idelsa P. S, mãe da suposta vítima C.S.V.P, então menor de idade quem em 2016 teria sido engravidada por Morales quanto tinha 15 anos, enquanto seu pai já havia sido preso e enviado para a prisão em outubro.
A suposta relação sentimental entre Morales e a então menor teria tido início em 2015. Seus pais são acusados pela Justiça por ter utilizado a filha menor em troca de benefícios, pessoais e políticos.
Gutiérrez acrescentou foi ativada ainda alerta migratório contra Evo Morales e a mãe da suposta vítima, para impedi-los de deixar o país. Intimados a depor no MP tarijenho em 10 de outubro, Morales e Idelsa não compareceram.
Na realidade, segundo Gutiérrez já havia mandado de prisão ativos contra ambos antes da divulgação do dia 16. “Não tornei público antes, porque os relatórios apresentados pela Polícia através das suas diferentes unidades, indicavam que havia ameaças de diferentes tipos. Não queria ser cúmplice disso, pois respeitamos a vida e é isso que a Constituição Política do Estado estabelece. É por isso que não tornamos público o mandado de prisão contra Evo Morales e a senhora Idelsa Pozo”, disse a promotora.
Relatórios da Polícia Nacional e da Inteligência bolivianas indicam que não foi possível localizar o ex-presidente com o fim de prendê-lo no município de Villa Tunari nem em Lauca Ñ (Cochabamba), devido aos riscos técnicos e operacionais causados pela falta de segurança e pela resistência organizada dos seguidores de Morales nas respectivas zonas.
Em outro boletim de ocorrência enviado pela Polícia de Cochabamba à Promotoria Departamental de Tarija, é mencionado que a execução da prisão de Morales foi impossível já que este não foi encontrado no endereço declarado. O que significa que o ex-presidente encontra-se, atualmente, foragido da Justiça de seu país.
Gutiérrez disse que, neste tempo todo de investigação iniciada em 26 de setembro deste ano, têm sido colhidas vastas provas que condenam o ex-presidente boliviano. Isto já havia sido declarado pelo ministro de Governo, Eduardo del Castillo no mês passado.
Embora a maior parte destas supostas provas estejam ainda mantidas em segredo de justiça, uma das que seriam essas provas segundo o MP, indicariam, segundo revelado em 30 de outubro, que a então menor de idade teria viajado de avião nacional e internacionalmente pelo menos 79 vezes entre 2015 e 2019 o que, de acordo com a acusação, está totalmente fora de contexto dada as origens humildes da família de C.S.V.P.
Hoje com 26 anos, C.S.V.P. encontra-se desaparecida com a filha E.S.N.V. de 8 anos logo que o caso tornou-se público. No dia 16 de outubro, circularam imagens registradas por câmeras públicas de segurança de Tarija que mostram suposta tentativa de sequestro de C. S. V. P. e de sua filha por uma Hillux branca. Considera-se que C.S.V.P. esteja foragida a fim de não depor.
Desafiado pelo governo a negar as acusações, Morales limita-se a dizer que é vítima de perseguição política. Na única abordagem mais direta relacionada a este caso, em entrevista coletiva perguntado por um jornalista boliviano se teria tido uma filha com a então menor de idade C.S.V.P., o ex-presidente não foi nada direto, mas um tanto sugestivo na resposta: “como já disse Lucho [presidente Luis Arce], com a família não se mete”.