25 Outubro 2024
Os frades menores conventuais há 250 anos ouvindo confissões na Basílica Vaticana - entre eles, o brasileiro Frei Fernando Maria - foram recebidos por Francisco em audiência nesta quinta-feira (24/10). O Papa aprofundou os aspectos da "humildade, escuta e misericórdia" para ser um bom confessor e exortou: "Mas, por favor, não faças de psiquiatra; quanto menos falares, melhor: escuta, consola e perdoa. Tu estás ali para perdoar".
A reportagem é de Andressa Collet, publicada por Vatican Media, 24-10-2024.
O Papa Francisco recebeu os penitenciários do Vaticano na manhã desta quinta-feira (24/10) exortando, antes de tudo, para que não procurem ser "psiquiatras", mas confessores misericordiosos que "escuta, consola e perdoa": "perdoar sempre, tudo e sem perguntar muita coisa", insistiu ele. Em discurso, o Pontífice também agradeceu pelo "serviço, pela vossa assiduidade e paciência, pela vossa fidelidade" atraídas pela beleza e história do lugar, mas também em busca de Deus e para confiar as suas intenções ao Senhor, que chegam de longe, enfrentam viagens, despesas e longas filas. A presença dos confessores nesse contexto "é importante", acrescentou Francisco.
Uma presença que é centenária. Ao saudar o reitor do Colégio dos Penitenciários Vaticanos, Pe. Vincenzo Cosatti, o Papa também cumprimentou todos os confessores, entre eles, o brasileiro Frei Fernando Maria, por ocasião do aniversário de 250 anos da presença dos Frades Menores Conventuais a serviço do Sacramento da Reconciliação na Basílica Vaticana (1774-2024). Uma missão, junto a milhares de fiéis e peregrinos, que permite "encontrar o Senhor da misericórdia"; um ministério para ser exercido através da "humildade, escuta e misericórdia", aprofundou o Pontífice em discurso.
Ao abordar o primeiro aspecto, o da humildade, Francisco recordou que "o tesouro da graça" pertence a Deus e, por isso, para ser um bom confessor, "sejamos 'os primeiros penitentes em busca de perdão'". Ao aprofundar a escuta, o Papa falou da importância de não apenas ouvir o que as pessoas falam, mas acolher as suas palavras "como dom de Deus para a própria conversão":
“Ouvir, não tanto perguntar. Não faças de psiquiatra, por favor: ouvir, ouvir sempre, com mansidão. E quando vires que há um penitente que começa a ter alguma dificuldade, porque tem vergonha, diz: 'Compreendi'; não compreendi nada, mas compreendi. Deus compreendeu e isso é que é importante. Foi um grande Cardeal penitenciário que mo ensinou: 'Compreendi'; o Senhor compreendeu. Mas, por favor, não faças de psiquiatra; quanto menos falares, melhor: escuta, consola e perdoa. Tu estás ali para perdoar!”
E, finalmente, o terceiro aspecto, o da misericórdia, disse o Papa, ao acrescentar que o confessor, além de ser misericordioso, deve estar próximo e ter compaixão - sem ser um psiquiatra - insistiu o Pontífice, ao sair do texto escrito e contar sobre sua experiência com um confessor em Buenos Aires. Ele tem 96 anos e continua exercendo o ministério: "eu ia até ele. Ele perdoa tudo! [risos]. Certa vez, ele veio me dizer que tinha medo de perdoar demais. 'E o que o senhor faz?', eu disse a ele. 'Eu vou diante do Senhor: Senhor, me perdoa? Desculpe, perdoei demais! Mas tenha cuidado, foi o Senhor quem me deu um mau exemplo!'.
“Perdoar sempre, tudo e sem questionar muitas coisas. E se eu não entender? Deus entende, você segue em frente! Que eles sintam misericórdia”.
Ao finalizar o discurso, o Papa contou aos penitenciários do Vaticano que o seu confessor faleceu há alguns meses, por isso:"agora, vou confessar-me a vós, em São Pedro. Fazei bem!", brincou o Pontífice. Após novamente agradecer pelo serviço "no coração da Igreja", exortou todos a continuarem o ministério assim: "na humildade – eu sou pior que tu –; na escuta e não tanto nas perguntas; e na misericórdia. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. E sempre que for ter convosco, perdoai-me, compreende-se…".
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Papa aos confessores da Basílica de São Pedro: perdoar sempre sem ser psiquiatras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU