22 Mai 2024
Numa entrevista à rede de televisão americana CBS, o Papa Francisco excluiu a possibilidade de mulheres diáconas com ordens sagradas.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 21-05-2024.
“E estou curiosa, para uma menina que cresce como católica hoje, ela algum dia terá a oportunidade de ser diácona e participar como membro do clero na Igreja?” A pergunta, feita pela jornalista americana Norah O'Donnell, recebeu uma resposta rápida e inequívoca do Papa Francisco: “Não”. O papa descartou qualquer diaconato feminino na entrevista transmitida em 20 de maio pela CBS News.
Ao fazê-lo, Francisco rejeitou qualquer possibilidade de as mulheres se tornarem membros do clero. “Se forem diáconos com ordens sagradas, não”, elaborou o papa. E acrescentou: “Mas as mulheres sempre tiveram, eu diria, a função de diaconisas sem serem diáconas, certo? As mulheres prestam um grande serviço como mulheres, não como ministras, como ministras neste sentido, dentro das ordens sagradas”.
Com esta declaração, Francisco parecia fechar a porta à participação das mulheres no diaconado como ministras ordenadas. No entanto, ele parece ver isso como um papel separado do clero.
A Igreja Católica tem três ordens sagradas exclusivamente masculinas: o episcopado para os bispos, o presbitério para os sacerdotes e o diaconado para os diáconos. Durante anos, o debate tem sido sobre o acesso das mulheres ao diaconado permanente, que atualmente está aberto apenas aos homens sob condições estritas: os homens solteiros podem ser admitidos a partir dos 25 anos e os homens casados a partir dos 35 anos, sendo necessário o consentimento da esposa neste último caso.
Desde o início do seu pontificado, o papa estabeleceu duas comissões de trabalho sobre o tema, sob a orientação do Dicastério para a Doutrina da Fé. Suas conclusões nunca foram tornadas públicas. No entanto, o tema suscitou intenso debate durante a assembleia sinodal de Outubro passado.
Além disso, foi iniciada uma reflexão sobre o papel das mulheres, liderada pelo Conselho dos Cardeais, o conselho de nove membros do Papa que auxilia no governo da Igreja. “No Conselho [de cardeais], a maioria dos membros reconhece a urgência de refletir sobre a questão do diaconado feminino, para ver se esta possibilidade deve ser aberta às mulheres, e de que forma”, disse a Irmã Salesiana Linda Pocher, responsável pela coordenação este trabalho, explicado a La Croix em fevereiro.
Na mesma entrevista, o papa também foi questionado sobre a bênção dos casais do mesmo sexo, que foi aberta no dia 18 de dezembro pelo documento Fiducia Supplicans. “O que permiti foi não abençoar a união”, esclareceu o papa, distinguindo entre uma bênção e um sacramento. Embora o documento do Vaticano se refira a “casais” em relações entre pessoas do mesmo sexo, não utiliza explicitamente a palavra “união”. "Para abençoar cada pessoa, por que não? A bênção é para todos. Algumas pessoas ficaram escandalizadas com isso. Mas por quê? Todos! Todos!"
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Papa Francisco descarta diaconato feminino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU