24 Abril 2024
Mesmo que as emissões de CO2 sejam drasticamente reduzidas a partir de hoje, a economia mundial já sofrerá uma redução de renda de 19% até 2050, devido às mudanças climáticas.
A reportagem é publicada por EcoDebate, 19-04-2024.
Estudo recente, publicado na revista Nature, destaca uma realidade preocupante: mesmo com reduções drásticas nas emissões de CO2 a partir de hoje, a economia global enfrentará uma diminuição significativa de renda, estimada em 19% até 2050, devido aos efeitos das mudanças climáticas.
Esta projeção alarmante, baseada em uma análise abrangente de dados empíricos de mais de 1.600 regiões ao longo de quatro décadas, foi realizada por cientistas do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático (PIK).
A pesquisa aponta para danos anuais globais que podem alcançar a cifra astronômica de 38 trilhões de dólares, com uma variação possível entre 19 a 59 trilhões de dólares, refletindo principalmente o aumento das temperaturas e alterações nos padrões de precipitação e temperatura. A inclusão de outros fenômenos extremos, como tempestades e incêndios florestais, poderia elevar ainda mais esses custos.
Historicamente, as projeções de danos econômicos causados pelas mudanças climáticas focavam nos impactos nacionais das temperaturas médias anuais em longo prazo. No entanto, este estudo inovador incorpora os mais recentes achados empíricos sobre os efeitos climáticos no crescimento econômico, considerando dados detalhados de regiões subnacionais e se concentrando em um horizonte temporal mais próximo, até 2050. Isso permite uma projeção mais precisa dos danos econômicos em níveis subnacionais, relacionados a temperatura e precipitação, ao longo do tempo e do espaço.
Os pesquisadores utilizaram uma combinação de modelos empíricos com simulações climáticas avançadas (CMIP-6) e levaram em conta como os impactos climáticos persistentes afetaram a economia no passado.
O estudo destaca a considerável desigualdade dos impactos climáticos: encontramos danos em quase todos os lugares, mas os países nos trópicos sofrerão mais porque já estão mais quentes. Por conseguinte, serão os aumentos de temperatura mais prejudiciais. Prevê-se que os países menos responsáveis pelas mudanças climáticas sofram uma perda de renda 60% maior do que os países de renda mais alta e 40% maior do que os países com maior emissão. Estes países, menos responsáveis, são os que têm menos recursos para se adaptar aos impactos climáticos.
Este estudo é um chamado urgente para a ação, sublinhando a necessidade de medidas de mitigação eficazes para limitar o aquecimento global e minimizar os prejuízos econômicos iminentes.
Referência
Kotz, M., Levermann, A. & Wenz, L. The economic commitment of climate change. Nature 628, p. 551–557, 2024. DOI disponível aqui.
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Mudanças climáticas e economia: estudo revela impacto global de US$ 38 Trilhões - Instituto Humanitas Unisinos - IHU