Por: MpvM | 23 Fevereiro 2024
"A Transfiguração de Jesus é um convite a contemplá-lo por dentro, conhecer os seus sentimentos, os seus desejos, o seu projeto de vida e de missão. "
A reflexão é de Wêdja Domingos de Melo. Ela é Mestra em Ciências da Religião, pela Universidade Católica de Pernambuco - Unicap e possui especialização em acompanhamento espiritual pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE, Belo Horizonte/MG. Atualmente é membro do Grupo de Pesquisa: Tradições e Experiências Religiosas, Cultura e Sociedade e do Grupo de Espiritualidade Inaciana, ambos da Unicape. Atua no acomapnhamento espirtual e na comunicação da Rede Servir.
Leituras do Dia
1ª Leitura - Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Salmo - Sl 115(116B),10.15.16-17.18-19 (R. Sl 114,9)
2ª Leitura - Rm 8,31b-34
Evangelho - Mc 9,2-10
A liturgia da Palavra do 2º domingo da quaresma nos convida a refletir sobre a Transfiguração de Jesus.
A Transfiguração é um sinal ou expressão da oração de Jesus. O objetivo principal dessa perícope é preparar os apóstolos para o evento de sua Paixão e Morte, por isso mostrou-se “glorioso”.
A Transfiguração de Jesus é um convite a contemplá-lo por dentro, conhecer os seus sentimentos, os seus desejos, o seu projeto de vida e de missão. Bem como, entrar em contato com a transparência do nosso ser, deixando emergir o que de melhor existe em nossa interioridade e ter serenidade para expressar também as nossas vulnerabilidades.
Nessa liturgia somos convocados a sermos pessoas transfiguradas, enxergando de maneira mais profunda a realidade que nos circunda e capazes de captar o que de mais belo existe no interior do outro. E, com isso, vivenciarmos relações mais saudáveis e maduras, sendo capazes de vibrar diante da vida e sermos fonte de inspiração.
O coração humano anseia por Deus. Por isso, Ele toma a iniciativa de vir ao nosso encontro a fim de nos tornar plenos e de nos conceder a graça da consolação. Assim deve ter sido a experiência dos três apóstolos que presenciaram e testemunharam a Transfiguração de Jesus, cuja narrativa está nos Evangelhos Sinóticos.
Destacamos alguns pontos dessa perícope:
Seis dias depois... o número seis pode sugerir incompletude. Depois de seis, vem o número “sete”: plenitude. É assim que Jesus se revela, com toda a sua plenitude divina e humana, a fim de que também nós nos humanizemos e atuemos no mundo com renovado ardor e abertura à mudança, à reinvenção de nós mesmos, ao crescimento, que nos auxilia a sermos presença que promove vida nova, sobretudo naqueles que perderam a esperança ou se acomodaram em situações que escravizam. Isso é ser pessoa transfigurada, como foi o Cristo.
Levou consigo Pedro, Tiago e João: nos momentos mais decisivos de sua vida, Jesus se acompanha desses seus amigos (Ressurreição da filha de Jairo; Transfiguração; no Getsêmani). Jesus desejou e buscou a intimidade, a amizade.
Subiu o Monte: o monte, na mentalidade judaica era vista como lugar de encontro com Deus. No Monte Tabor Jesus se transfigura. O cultivo de uma espiritualidade é imprescindível e um dos meios é a oração, que nos proporciona escutar a voz do Senhor, encontrar resposta às nossas perguntas fundamentais e irmos ao encontro dos nossos semelhantes, em atitude de abertura, acolhimento e escuta.
Suas roupas ficaram tão brancas: na Encarnação Jesus se reveste da pele humana e assume a nossa natureza. É o Deus conosco, em nós, por meio de nós. Jesus foi desenvolvendo empatia pelo ser humano, vai se tornando um homem de discernimento e faz opção pelos excluídos, vulneráveis e rejeitados pela sociedade. Essa radicalidade e fidelidade ao seu projeto de vida e missão desencadeou a sua perseguição, paixão e morte por parte dos líderes religiosos.
Enfim, Transfigurado, Jesus antecipa o Mistério da sua Ressurreição, oferecendo-nos o seu ofício de consolador, resgatando a confiança de seus Apóstolos e curando-os da frustração, decepção e desmotivação. Bem como, reacendendo em seus corações a fé e os impulsionando para o anúncio do Reino.
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2º domingo da quaresma – Ano B – A Transfiguração de Jesus: caminho para a interioridade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU