Novo BRICS e a implosão da ordem internacional

Tema será debatido no último encontro do “Ciclo de Estudos (Des)globalização e a configuração geopolítica global”, promovido pelo IHU, na terça, dia 28-11-2023

Líderes de Brasil, China, África do Sul, Índia e Rússia posam para foto oficial na Cúpula do BRICS Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por: João Vitor Santos | 24 Novembro 2023

Há alguns meses, no fim de agosto, a ampliação do BRICS, fórum internacional que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, causou grande alvoroço. Mas o que significa a inclusão de Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos ao grupo? Segundo reportagem publicada pelo IHU à época, para a China significa muito, pois sagrou este grupo como uma referência a todo sul global, contrapondo o G7, que tem os EUA como referência. Recentemente, o próprio Xi Jinping, em encontro com Joe Biden, amenizou o clima dando a entender que o mundo tem espaço para todos.

 

São sinais de um mundo em que a ordem internacional está em movimento. José Luís Fiori, em entrevista publicada pelo IHU, vai mais longe e, a partir da nova configuração do BRICS, fala em implosão da ordem internacional. “A incorporação dos seis novos membros do BRICS significa uma verdadeira ‘explosão sistêmica’ da ordem internacional construída e controlada pelos europeus e seus descendentes diretos há pelos menos três séculos”, afirma o professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Apesar disso, ele observa que “seus efeitos e consequências mais importantes não serão imediatos, e irão se manifestando na forma de ondas sucessivas, e cada vez mais fortes. Exatamente porque o BRICS não é uma organização militar do tipo OTAN, nem é uma organização econômica do tipo União Europeia”.

Vijay Prashad, diretor do Tricontinental: Institute for Social Research e editor chefe da LeftWord Books, chefe de redação do Globetrotter, o BRICS é ainda mais contundente. Para ele, este fórum está diante de seu maior desafio. “Como a cooperação e a transferência de tecnologia podem apoiar a reindustrialização de países como o Brasil e a África do Sul, especialmente em setores estratégicos como biotecnologia, tecnologia da informação, inteligência artificial e energias renováveis, ao mesmo tempo que combatem a pobreza e a desigualdade e atendem a outras demandas básicas dos povos do Sul?”, observa em artigo publicado pelo IHU.

Mas será mesmo que estamos diante de uma nova ordem global? Ou será que tanto China quanto EUA estão mais preocupados com suas “soberanias veladas em seus grupos”? O tema volta à discussão nesta terça-feira, 28-11-2023, no IHU, dentro do Ciclo de Estudos (Des)globalização e a configuração geopolítica global. Neste último encontro do Ciclo, que tem como título “Novo BRICS e a implosão da ordem internacional – análises, perspectivas e desafios”, Elen de Paula Bueno, da Universidade de São Paulo – USP, e José Luis Fiori, da UFRJ, debaterão o tema.

 

Saiba mais sobre Elen de Paula Bueno

Professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP. Leciona no curso de pós-graduação na direção internacional da EBRADI, onde ministra disciplinas sobre instituições financeiras internacionais, especialmente o Banco Mundial, FMI, BID e Novo Banco de Desenvolvimento. É pesquisadora e membro do Grupo Fundador de Estudos sobre o BRICS da Faculdade de Administração da USP (GEBRICS/USP) e teve experiência no Banco Mundial, na OEA e nas Nações Unidas.

Elen Bueno (Foto: EBRADI/USP)

 

Saiba mais sobre José Luis da Costa Fiori

Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Estudou Filosofia na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica do Chile, licenciou-se em Sociologia no Instituto de Sociologia da Universidade do Chile, fez mestrado em Economia na ESCOLATINA, do Instituto de Economia da Universidade do Chile e doutorou-se em Ciências Políticas, no Instituto de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP. É pós-doutor em economia política internacional pela Faculdade de Economia da Universidade de Cambridge, Inglaterra.

 

José Luis Fiori (Foto: Fundação Perseu Abramo)

Foi professor assistente de Ciência Política na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. É professor titular de Economia Política Internacional do Instituto de Economia, e do Núcleo de Estudos Internacionais da UFRJ, e professor titular de Medicina Social do Instituto de Medicina Social da UERJ.  É conselheiro da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, consultor ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, consultor do Ministério das Relações Exteriores, consultor ad hoc do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, consultor ad hoc do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, consultor ad hoc Editora Brasiliense e membro da Associação Nacional de Pós-graduação em Ciências Sociais.

Entre seus livros mais recentes, destacamos: A síndrome de Babel e a disputa do poder global (Vozes, 2020), A guerra, a energia e o novo mapa do poder mundial (Org.) (Vozes Academica/INEEP, 2023) e Sobre a paz (Org.) (Vozes, 2021).

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