32º domingo do tempo comum – Ano A – “Vigiai, pois não sabeis qual será o dia nem a hora” - Mt 25,13

(Foto: Pixabay)

Por: MpvM | 10 Novembro 2023

"Na narrativa do Evangelho (Mt 25,1-13), Jesus ilustra esta verdade usando as circunstâncias de uma festa de casamento, através da parábola das dez jovens, ou dez virgens como usam alguns relatos. No Antigo Testamento e também no tempo de Jesus quando se fazia um grande banquete, havia dois convites: um era feito com grande antecedência e outro, quando tudo já estava preparado. No livro de Ester temos muitos exemplos destes dois tipos de convite. O povo judeu recebeu o convite para o banquete, mas aqui no Novo testamento Jesus está presente e convida para as núpcias. Ele é o noivo que está para chegar. O banquete é sempre símbolo da comunhão da Aliança de Deus com a humanidade, de Cristo com a Igreja que somos nós. O Evangelho nos convida à vigilância, à espera do noivo que vem. Era costume entre os judeus que o noivo chegasse à noite na casa da noiva, onde assim as damas de honra cuidavam dela e quando se anunciasse a chegada do noivo estas corriam ao encontro para iluminarem o caminho até a casa e assim se iniciavam as comemorações".

A reflexão é de Salete Veronica Dal Mago, religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida – CIFA. Ela possui graduação em Teologia Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana – ESTEF, mestrado em teologia sistemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, com o tema: "Espaços da Revelação Divina, segundo Andrés Torres Queiruga". Ela possui também Mestrado em teologia sistemática pela Pontifica Universitas Antonianum Facultas Theologiae, com o tema do mestrado em Roma: Jesus Cristo e os Crucificados da história segundo Andrés Tores Queiruga. Nesta mesma Faculdade concluiu em 2023 o seu doutorado, cuja tese teve como tema "A simbologia esponsal na Teologia afetiva de Boaventura de Bagnoregio".

Leituras do dia

1ª leitura: Sb 6,12-16
Salmo: Sl 62(63),2.3-4.5-6.7-8 (R. 2b) ou mais breve 4,13-14
2ª leitura: 1Ts 4,13-18
Evangelho: Mt 25,1-13

Eis o texto.

A liturgia deste 32º domingo do tempo comum, nos convida a estarmos vigilantes, a estarmos em prontidão, pois não sabemos o momento em que o Senhor vai nos chamar. Estamos nos aproximando do fim do Ano Litúrgico, portanto, podemos perceber que as linguagens dos textos litúrgicos apresentam um caráter de expectativa, de prontidão para o que vai acontecer no fim dos tempos, sobre o qual Jesus nos orienta já no Evangelho: “não sabemos o dia nem a hora”. O importante é que estejamos preparados, com nossas lâmpadas acesas quando o esposo chegar. A liturgia faz memória de uma grande festa de casamento e com isso nos remete ao do Cântico dos Cânticos, “Ouvi, pois, chega meu amado saltando sobre os montes, pulando pelas colinas” (Ct 3, 8).

Nesta dinâmica de espera nos mantém vigilantes na sabedoria, como nos alerta a primeira leitura do Livro da Sabedoria, esperarmos com alegria e vigilância, aquele que pode nos dar vida, nos ressuscitar. Esta verdadeira sabedoria que é contemplada por aqueles que a amam e é encontrada por aqueles que a procuram. “Meditar sobre ela é a perfeição da prudência” (Sab. 6,15). O encontro da pessoa humana com a sabedoria, acontece no seu pensamento, na sua conduta, pois quando meditamos nela, já está acontecendo um encontro. Ou seja, esperar com alegria por este encontro, esta sabedoria que mantem nossa vida na expectativa do noivo que chega para a festa de casamento. Como é bom celebrar este encontro, como é bom, se o noivo nos encontra prontos, preparadas e preparados para festejar. Meditar em nossa mente e em nosso coração sobre esta sabedoria nos leva a perfeição da prudência. A leitura faz menção também do livro do Eclesiástico (4,17-19), onde a sabedoria desempenha a função de anjo do Senhor, de mediador e guia conforme o Êxodo (Ex, 23,23).

Nos prepara também para o caminho da perfeição e da vigilância a oração pós-comunhão deste domingo: “Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho: Inspirai-me sempre o que devo pensar, o que devo dizer, como o devo dizer; o que devo escrever, como devo agir, o que devo fazer para obter a vossa glória, o bem das almas e minha própria santificação”.

Na segunda leitura (1Ts 4,13-18), Paulo escreve à Comunidade dos Tessalonicenses, que passava por um momento de crise no qual pensavam que todos estariam vivos para a vinda gloriosa do Senhor Jesus no fim dos tempos. Paulo adverte: Cristo morreu e ressuscitou esta é nossa fé. É neste Cristo que nós acreditamos. Nos diz ainda a leitura: “E que Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Pois o Senhor mesmo, quando chegar a hora, à voz do arcanjo e ao som da trombeta, descerá dos céus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, em seguida nós que formos deixados com vida” (I Ts 4,14). E assim estaremos sempre com o Senhor. Paulo nos consola e convida a nos exortar uns aos outros com estas palavras: Estaremos sempre com o Senhor. O que importa, é estarmos preparados, não importa a hora que isso acontecer, o que importa é estarmos em Cristo. É agirmos sempre segundo o que ele nos pede no Evangelho: A vigilância.

Na narrativa do Evangelho (Mt 25,1-13), Jesus ilustra esta verdade usando as circunstâncias de uma festa de casamento, através da parábola das dez jovens, ou dez virgens como usam alguns relatos. No Antigo Testamento e também no tempo de Jesus quando se fazia um grande banquete, havia dois convites: um era feito com grande antecedência e outro, quando tudo já estava preparado. No livro de Ester temos muitos exemplos destes dois tipos de convite. O povo judeu recebeu o convite para o banquete, mas aqui no Novo testamento Jesus está presente e convida para as núpcias. Ele é o noivo que está para chegar. O banquete é sempre símbolo da comunhão da Aliança de Deus com a humanidade, de Cristo com a Igreja que somos nós. O Evangelho nos convida à vigilância, à espera do noivo que vem. Era costume entre os judeus que o noivo chegasse à noite na casa da noiva, onde assim as damas de honra cuidavam dela e quando se anunciasse a chegada do noivo estas corriam ao encontro para iluminarem o caminho até a casa e assim se iniciavam as comemorações.

No Evangelho as dez jovens são convidadas para uma festa de casamento. É bom lembrar que os casamentos demoravam dias, não tinham hora certa para acontecer. Jesus se serve deste contexto para nos convidar à vigilância. Cada uma e cada um de nós deve estar preparado, com o óleo para manter acesa a chama da fé e da esperança. Aqui não podemos depender do amor e da bondade dos outros. É necessário manter viva nossa fé vivida em comunidade, em uma relação de aliança e de amor com o esposo Jesus Cristo. A parábola é exclusiva do Evangelho de Mateus e é a terceira referência ao tema nupcial (9, 14-15; 22,1).

As moças da parábola são classificadas em prudentes, ou sensatas e insensatas, duas categorias contrapostas de sólida tradição em livros bíblicos, como Provérbios e Eclesiástico. São adjetivos de enorme peso, a ponto de as qualidades aparecerem personificadas como Sensatez e Senhora Insensatez (Pr 9). Na Parábola de Jesus, pela sensatez ou insensatez das jovens está em jogo o fim último da vida. As lâmpadas e o óleo que as alimenta são expressão da vigilância noturna (Is 51, 17; 52,1). Ao mesmo tempo, servem para nos advertir de que estar preparados e vigilantes é uma responsabilidade pessoal, não se pode confiar nos outros, mais do que tudo, esta noite, cheia de expectativa. Não é tempo para dormir e sim mantermo-nos acordados, abertos e abertas para a alegria do encontro. O esposo está para chegar. O dia da vinda do Senhor não há tempo para a tristeza ou o medo, mas sim, tempo de esperança, de alegria e fé.

Que possamos viver este tempo que encerra o ano litúrgico vigilantes e acordados para o noivo que vai chegar e quer proporcionar-nos a alegria de uma grande festa, pois o ressuscitado vive entre nós, esta é a razão de nossa esperança. É nisso que consiste a verdadeira Sabedoria, esperar com alegria por Aquele que nos pode salvar e dar a Vida. Ser sábio aqui é saber estar preparados com uma medida à mais de fé, significa esforçar-nos sempre para nos aproximar cada vez mais no seguimento do Mestre Jesus e assim possuirmos uma justa medida de fé, especialmente para os momentos de prova.

O Salmo deste domingo (Sl 62/63) nos faz meditar na espera vigilante e no desejo: “A minha alma tem sede de vós, e vos deseja, ó Senhor” (Sl 62). Supliquemos ao Senhor o Dom da Sabedoria a fim de que “Inteiramente disponíveis, no dediquemos ao vosso serviço” (Oração do Dia).

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