24 Outubro 2023
Um Sínodo que vem sendo preparado há dois anos em diferentes níveis, desde as paróquias até os continentes. É assim que o cardeal Pedro Barreto vê o atual processo sinodal, como disse em uma coletiva de imprensa no dia 21 de outubro. O presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), insistiu que "não estamos inventando nada, estamos reunindo o que o Espírito Santo diz às igrejas".
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O arcebispo de Huancayo destacou que os bispos, responsáveis por um território, "também são corresponsáveis com o Papa Francisco para toda a Igreja universal", por isso estão em "um Sínodo dos Bispos onde há irmãs, leigos e sacerdotes que estão participando ativamente das 35 mesas deste Sínodo, com a novidade de um método que é a conversa no Espírito".
Para o cardeal peruano, "não se trata apenas de reunir a experiência que estamos vivendo, mas também estamos vivendo de uma forma pequena o que é a Igreja universal, a diversidade de raças, culturas, diversidade de idiomas, mas unidos no mesmo Espírito". Em suas palavras, ele enfatizou que "esse Espírito, de certa forma, tem como fonte a Santíssima Trindade, três pessoas distintas, mas unidas naquele vínculo indissolúvel de amor que é Deus". A partir daí, afirmou que "Deus é comunhão, Deus é missão e Deus é participação", o que o leva a ver essa experiência do Sínodo como algo que "nos abre a um horizonte impressionante de diversidade na unidade que Deus nos dá".
Reconhecendo a existência de tensões nas comunidades de discernimento, ele enfatizou que "há, de fato, algo que nos une a todos e nos entusiasma nesse caminho sinodal em que o Espírito Santo está nos guiando". A partir daí, ele insistiu que "depois de 52 anos como padre e 23 anos como bispo, estou vendo como a Igreja, em meio às dificuldades que está enfrentando, tanto interna quanto externamente, está se abrindo e avançando para servir somente a Cristo e à humanidade".
O cardeal contou sobre o que está acontecendo na Amazônia, onde "estamos acompanhando todo um processo sinodal desde 2013", lembrando que "em 2014 foi criada a Rede Eclesial Pan-Amazônica, uma rede que reuniu os líderes dos povos originários e todo o trabalho que vem sendo feito desde o início da evangelização nesse bioma". O cardeal, que já foi vice-presidente e presidente da REPAM, falou da surpresa causada pelo fato de o Papa Francisco ter convocado o Sínodo para a Amazônia, com o tema "Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral".
Barreto destacou que uma das consequências desse Sínodo foi a criação da CEAMA, lembrando a assembleia realizada em agosto passado em Manaus com representantes dos povos originários, padres, irmãs e bispos, que ele vê como "uma experiência bem-sucedida com a criação da primeira conferência eclesial, que incluiu todos os batizados, absolutamente todos eles", pedindo que essa experiência seja levada adiante e lembrando a realização da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe em novembro de 2021, que enriqueceu o atual processo sinodal e o Instrumentum Laboris.
O cardeal peruano disse que "a Amazônia, especialmente os povos originários, está caminhando junto com cada um de nós". Em suas palavras, ele lembrou a experiência de Belinda Jima, do povo originário Awajún Wampis, que em uma mensagem ao Papa disse: "Papa Francisco, você está cumprindo o mandato de Jesus, você aceitou os mais pobres dos pobres e é por isso que os povos originários estão lutando com você para espalhar esta mensagem de paz, justiça e solidariedade".
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Cardeal Barreto: “Não estamos inventando nada, estamos reunindo o que o Espírito Santo deu às igrejas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU