23 Agosto 2023
De acordo com o último censo, existem menos de 20 mil habitantes em Arvajhėėr. Naquele pequeno centro habitado da Mongólia, 400 quilômetros ao sul da capital, os missionários e as missionárias começaram sua obra apostólica há apenas vinte anos. Antes disso, não havia vestígios da presença da Igreja Católica naquela região.
A reportagem é de Gianni Valente, publicada por Agenzia Fides, 21-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
No "novo começo" da missão de Arvajhėėr busca inspiração a quarta videorreportagem produzida para a Agenzia Fides por Teresa Tseng Kuang yi em vista da viagem do Papa Francisco à Mongólia (31 de agosto a 4 de setembro). As imagens, o material de arquivo e os testemunhos inéditos condensados no vídeo sugerem de maneira simples e surpreendente de que fontes de graça se alimenta a aventura missionária vivida na Mongólia nas últimas décadas.
Arvajhėėr, explica o cardeal Giorgio Marengo, missionário da Consolata e hoje prefeito apostólico de Ulaanbaatar, depois de ter sido pároco por muito tempo na pequena cidade mongol do centro-sulp "foi para mim realmente a missão na linha de frente", porque “uma coisa é a realidade da capital, outra é a província, o campo”. Os primeiros missionários e missionárias que chegaram a Arvajhėėr deixam para trás "aquele pouco de certezas" que haviam adquirido nos primeiros tempos de sua presença na Mongólia, para "abrirmo-nos novamente à novidade total". Ali é um recomeço.
Depois, o caminho se transformou em “um simples testemunho de vida com os mais humildes, com os mais pobres”. E assim “nasceu também o desejo de algumas pessoas de se aproximar da fé”.
No vídeo, os testemunhos de missionários e missionárias como o padre James Mate, a irmã Magdalene Maturi e a irmã Theodora Mbilinyi revelam quase involuntariamente os traços distintivos de toda autêntica obra apostólica: a concretude, a imanência à cotidianidade da vida dos povos, a humildade alegre daqueles que reconhecem que a missão de tocar e mudar os corações das pessoas não é mérito deles, mas obra de um Outro. “Nada é grande no que fazemos, apenas a amizade e as pequenas coisas que podemos fazer com eles”, simplifica Irmã Theodora, que imediatamente acrescenta que se sente “abençoada” porque as coisas que ela viu em Arvajhėėr não são apenas aquelas que “estudamos nos livros”, mas são “algo real e vivo”.
Fatos e encontros reais e vivos – isso transparece da videorreportagem de Arvajhėėr - podem acompanhar a vida dos missionários ao longo do tempo, configurando-a a Cristo. A dócil assimilação a Cristo é o segredo da fecundidade de toda autêntica aventura missionária. Não por voluntarismo em busca de visibilidade por meio de empreendimentos chamativos, mas pelo caminho de uma fidelidade grata e cotidiana. “Se pensarmos na vida de Nosso Senhor ao longo dos 33 anos que passou nesta terra”, diz o Cardeal Marengo na vídeorreportagem “os primeiros trinta anos foram no anonimato de Nazaré. Depois três anos de ministério e três dias de Paixão, Morte e Ressurreição”.
A vida dos missionários - ressalta o Prefeito de Ulaanbaatar - muitas vezes parece caminhar "ao longo de uma linha marcada", com o suceder-se de muitos dias "talvez não tão significativos, pelo menos assim parece", mas vividos na fidelidade da relação com Cristo. Tentando construir relações com os outros como Jesus fazia com seus amigos e discípulos. “E depois, dentro deste tecido de vida, o Senhor constrói todo o seu mistério de amor pelas pessoas a que nós somos enviados”. Não é preciso inventar estratégias missionárias e "ter grandes projetos teóricos", mas sim "abrirmo-nos ao que a realidade nos diz dia após dia". Assim, as pessoas podem perceber que "para além das nossas pobres vidas há uma mensagem de amor, de misericórdia que depois as toca e eventualmente as faz caminhar para a fé".
A gratidão testemunhada pelos batizados mongóis, aqueles que primeiro se moveram atraídos pela fé em Cristo, atesta como Cristo continua a exercer a sua preferência pelos pobres e humildes. Na videorreportagem o casal de idosos Perlima e Renani contam sobre a alegria de ir à missa e as orações com que pedem a Deus todos os dias para proteger suas vidas e também seus rebanhos. Confidenciam que encontraram a pequena comunidade católica da Mongólia numa época em que “a vida era muito difícil” com seus quatro filhos, não havia trabalho e “não tínhamos comida todos os dias”. Mas acrescentam que desde então, todas as noites, mesmo quando havia pouco para comer, “reconhecíamos que éramos ricos do amor de Cristo”.
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Mongólia. As estratégias dos homens, as surpresas de Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU