06 Julho 2023
Os “corredores secos e furacões”, duas manifestações resultantes da mudança climática, mais a pandemia da covid-19 e a desigualdade econômica forçaram milhares de pessoas a deixar a América Central nos últimos anos, informou Rene Arturo Flores Medina, da Rede Franciscana para Migrantes, no Fórum Inter-Religioso de Genebra, realizado no dia 28 de junho.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O Fórum remeteu declaração à 53ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, que estará reunido em Genebra de 19 de junho a 14 de julho, pedindo que as comunidades afetadas pelas mudanças climáticas tenham “participação significativa e efetiva” nas tomadas de decisões. Também reivindicou que as abordagens se centrem nas pessoas, baseadas em direitos humanos, sensíveis ao gênero, e holísticas para políticas sobre mobilidade humana no contexto da aceleração da emergência climática.
De 2020 a 2021, mais de 50 milhões de pessoas tiveram que se deslocar por causa de eventos climáticos, enfrentando os riscos envolvendo o tráfico de gente, além de discriminações com base em raça e gênero, registrou o relator especial sobe promoção e proteção dos direitos humano, Ian Fry, em documento enviado à sessão do Conselho da ONU. Fry frisou que os eventos de mudança climática “podem privar as pessoas de seu direito à alimentação, água, saneamento, moradia, saúde, educação e, para alguns, o direito à vida”.
Mais de 50 mil pessoas perderam a vida durante migrações entre 2014 e 2022. Fry pediu “um protocolo opcional sob a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados para tratar do deslocamento e proteção legal para pessoas em todo o mundo afetadas pela crise climática”.
A assessora de jovens do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a metodista Iemaima Vaai, destacou que mulheres e crianças são quem carregam o peso dos impactos causados pelos deslocamentos induzidos pelo clima. O secretário geral da Conferência de Igrejas do Pacífico, pastor James Bhagwan, afirmou no Fórum Inter-Religioso que mitigar o trauma da realocação forçada e garantir a dignidade no processo de migração são questões fundamentais para a região.
“O impacto da mudança climática está sendo experimentado agora”, levando muitos ilhéus do Pacífico a migrarem para a Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, para trabalhar. É importante, defendeu, que os processos legais protejam e apoiem migrantes. “Esses protocolos são importantes para a dignidade dos migrantes”, afirmou Bhagwan.
O encontro paralelo à 53ª sessão dos Direitos Humanos da ONU foi organizado pelo Fórum Inter-Religioso de Genebra sobre Mudanças Climáticas, Meio Ambiente e Direitos Humanos, composto pela ACT Alliance, Brahma Kumaris, World Spiritual University, Dominicans for Justice and Peace, Franciscans International, Federação Luterana Mundial e Conselho Mundial de Igrejas.
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Comunidade afetadas por mudanças climáticas precisam ser protegidas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU