19 Junho 2023
A colonização no mundo ainda não acabou. “Esta era de neocolonização é ainda mais poderosa e penetrante”, disse o pastor Dr. Peter Chuchley, diretor do Comitê de Missão Mundial e Evangelismo do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) no seminário virtual “Fazendo do último o primeiro”, organizado em parceria com o Conselho Português de Igrejas, realizado nos dias 5 a 9 de junho.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Portugal foi a primeira nação que deu início à opressão colonial da Europa no mundo e o último a parar. “É impossível falar sobre libertação sem confrontar a religião e nossa violência em nome de Deus”, afirmou Nuna, uma ativista portuguesa.
Os participantes do seminário analisaram as crises interconectadas às raízes coloniais que se refletem na mudança climática, na desigualdade econômica e nas práticas supremacistas e xenófobas.
“Deus está entre os destroços e traumas de nossos sistemas, apresentando a alternativa de um mundo sustentado na justiça, oferecendo reconciliação forjada por meio do arrependimento e da mudança, uma unidade alcançada por meio do movimento de colocar os últimos em primeiro lugar”, afirmou o representante do CMI.
Cruchley enfatizou que “testemunhar para este mundo alternativo – colocar o último em primeiro lugar – molda o conceito que o CMI traz para a visão e o trabalho de descolonização”. Isso implica desmascarar os poderes coloniais persistentes na atualidade, erigir um programa para uma missiologia descolonizadora e envolver de forma mais ampla o CMI nesse processo.
A professora Angela Xavier, ativista e acadêmica católica romana, mencionou pesquisa recente a qual verificou que 40% da população portuguesa “admitiam livremente opiniões racistas”. Ela apontou a necessidade urgente de intervir na memória coletiva, cujo mito colonial esconde verdades que podem levar à liberação se forem enfrentadas.
Em mensagem, o Conselho Português de Igrejas reconhece que “a questão de descolonização continua a ser um tema difícil de abordar na sociedade portuguesa por causa das suas implicações na reconstrução de memórias e experiências herdadas do passado”.
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“Fazendo do último o primeiro” encara a necessidade de descolonização do mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU